TEXTO TÉCNICO PARA INTERPRETAÇÃO 5 – Língua e alfabetização
A passagem da língua falada para a língua escrita é uma tarefa bastante complicada. Se para nós que dominamos as regras da língua escrita é uma tarefa difícil, imagine quantas dificuldades o aluno encontrará ao se iniciar no mundo das letras. É uma árdua tarefa. Mas vale a pena, professor, adquirir conhecimento para ajudar nossas crianças a entrar neste mundo mágico da leitura.
LÍNGUA E ALFABETIZAÇÃO
A alfabetização consiste no desenvolvimento das habilidades de ler e escrever. A criança acrescentará à sua capacidade natural de se comunicar oralmente a de expressar pensamentos, emoções e sentimentos através de símbolos gráficos. Para alcançar o domínio da língua escrita, a criança terá que passar por um processo sistemático de ensino, bastante distinto daquele pelo qual adquiriu a linguagem oral. Muitas serão as dificuldades que a criança terá que vencer. Uma destas dificuldades está ligada à sua própria linguagem.
Quando a criança chega à escola, traz consigo uma bagagem linguística adquirida na sua comunidade. A sua linguagem reproduz as características sociais e culturais do meio em que a criança vive. Assim, crianças de meios diferentes, falarão variantes linguísticas diferentes. Esta diversificação é natural, pois, como vimos, a língua falada nunca é homogênea. Entretanto, todas as crianças podem aprender uma língua escrita única, homogênea e sujeita a normas mais rígidas.
Passar da língua falada para a língua escrita é um processo difícil para qualquer criança. Poderá, no entanto, se tornar mais árduo se a variante linguística da criança for muito diferente daquela que é ensinada na escola. Assim, a natureza diversificada da língua falada é o primeiro obstáculo que pode dificultar a alfabetização. Por isso, faz-se necessário que o professor esteja consciente da sua existência.
As atitudes que o professor alfabetizador deve tomar diante da diversidade da língua falada por seus alunos, ao iniciar o processo de alfabetização, devem ser:
- Respeitar a linguagem da criança;
- Tentar descobrir quais são as características próprias da linguagem dos seus alunos;
- Tomar cuidado com a utilização do adjetivo “errado” para classificar a linguagem do seu aluno;
- Aproximar o ensino o mais possível da realidade linguística do aluno;
- Não tentar impor imediatamente uma língua diferente daquela que o aluno fala;
- Estar atento às características próprias da língua escrita e não procurar transferi-las para a língua falada.
Estes pontos são fundamentais para que o professor reavalie as suas atitudes e a sua postura profissional. O trabalho de alfabetizar exige do professor um compromisso sério com o aluno, sua linguagem, sua vivência e sua realidade. O professor alfabetizador deve preocupar-se em conhecer seu aluno para introduzi-lo, sem traumas, no mundo das letras. É preciso que dê à criança uma chance real de participar das decisões, de competir com possibilidade de vitória na sociedade em que vivemos, o que não é permitido às pessoas que não dominam a leitura e a escrita.
Após leitura atenta do texto, responda às questões.
1. Marque, com um X, as afirmativas corretas.
a. ( ) Quando chegam à escola, todas as crianças falam a mesma variante linguística.
b. ( ) Para todas as crianças, a aprendizagem da língua escrita é difícil.
c. ( ) A criança fala a linguagem do seu meio ambiente.
d. ( ) Se falar uma variante linguística muito diferente daquela da escola, a criança terá mais dificuldade na alfabetização.
e. ( ) O professor não precisa ter consciência da diversidade linguística.
2. Complete as frases:
- As crianças falam variantes linguísticas _______________ de acordo com ____________
- A alfabetização é uma passagem da ______________ oral para a _________________ da língua escrita.
3. Analise as situações abaixo para responder à questão proposta:
Situação A
Na sala de aula, a professora apresenta ao aluno a gravura de uma escada e pergunta:
Professora – O que é isto?
Aluno – É uma iscada.
Professora – Iscada não. Iscada não existe. Iscada é uma maneira errada de a gente dizer. A maneira certa é escada.
Situação B
Na sala de aula, no interior do Nordeste, a professora dá a seguinte frase para os alunos lerem: Vovô viu a uva. Uma criança pergunta:
– Professora, o que é uva?
A professora responde:
– Como? Você não sabe o que é uva?
As situações A e B mostram que o professor: (marque mais de uma alternativa de acordo com a leitura do texto)
a. ( ) revela desconhecimento das características da linguagem do aluno.
b. ( ) mistura características da linguagem oral com características da linguagem escrita. Falamos iscada e escrevemos escada.
c. ( ) usa, para o ensino, um vocabulário que não faz parte da realidade linguística da criança.
d. ( ) adota atitudes repressoras da linguagem da criança.
e. ( ) tenta impor uma outra linguagem à criança.
__________________________________________________
Gabarito:
Questão 1. Alternativas b, c, d
Questão 2. a) diferentes / meio ambiente b) diversidade / homogeneidade
Questão 3. Todas as afirmativas estão de acordo com as informações dadas no texto.