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Minhas Memórias

Minhas Memórias – cap. 12

By 30 January 2020No Comments

12. ESTUDO É O QUE INTERESSA, O RESTO NÃO TEM PRESSA

          Aos seis anos voltei a estudar. Como já disse, minha mãe nunca se descuidava do fato de que eu precisava ir para a escola, numa época em que não havia a obrigatoriedade (por lei) das crianças a frequentarem.

          Lembro-me de que a escola onde aprendi as primeiras letras localizava-se em frente ao Pronto Socorro de Manaus, próximo do cruzamento da Av. Joaquim Nabuco com a Av. Sete de Setembro. Era bastante longe da casa onde morávamos. Naquela época, não se ouvia falar em sequestro de criança ou assalto em ônibus. Eu ia sozinha para a escola. Como? De ônibus! Minha mãe levava-me até a parada de ônibus e quando ele chegava, ela me colocava dentro dele e pagava a passagem. Deduzo que o motorista era sempre o mesmo e conhecido de minha mãe, porque era sempre o mesmo ônibus e minha mãe já devia ter combinado com o motorista e com a professora (que era a mesma D. Sílvia da Rua da Instalação) a minha volta para casa. O fato é que minha mãe estava sempre me esperando na parada do ônibus, na volta para casa.  

          Quando completei sete anos fui estudar no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, que ficava bem próximo de casa.

          Naquela época, o Ensino Fundamental (chamado Ensino Primário) era dividido assim: 1o ano A, B e C; 2o, 3o, 4o e 5o ano. Os três primeiros anos (A, B, e C) eram dedicados à alfabetização. E os alunos só iam para o 2o. ano quando já sabiam ler e escrever. Estudei nessa escola durante três anos. Como já conhecia todo o alfabeto e já lia algumas palavras fui matriculada no 1o ano C. Era uma escola privada e considerada uma boa escola (porque lá só estudava quem podia pagar, portanto a elite!). Era uma escola católica, só para meninas. Mas a ênfase dada era mesmo ao ensino do catecismo. Quem soubesse de cor (memorizado) todas as rezas, orações, frequentasse a missa todos os domingos e participasse dos encontros que eram realizados aos sábados à tarde, não ficava reprovado, mesmo que não dominasse o conhecimento dado durante as aulas. Isso, eu só fui descobrir quando mudei de colégio, pois na verdade, eu estudei nessa escola até o 3o ano primário (tinha então nove anos).

          Eu era uma aluna muito quieta, isto é, não fazia bagunça ou atrapalhava as aulas. Até porque o castigo para quem não se comportasse bem era receber “bolo” de palmatória, nas mãos. E quem não quisesse apanhar das professoras deveria ficar bem quieta ou calada. Nas aulas de catecismo eu prestava muita atenção às histórias bíblicas que irmã Paula nos contava. Eu gostava muito dessa freira porque era muito simpática e brincalhona. Mas havia uma coisa que me incomodava: de onde ela tirava essas histórias fantásticas, que falavam de Deus? Ela respondia: Da Bíblia. E onde estava esse livro? Eu queria vê-lo, tentar ler essas histórias. A resposta era sempre: “a Bíblia só pode ser lida pelo Papa. Essas histórias estão escritas no livro do Catecismo.” Hoje eu entendo: a Igreja Católica nunca incentivou seus fiéis a lerem a Bíblia na tradução do latim para o português porque sempre soube que eles iriam descobrir os ensinos errados que ela estava dando aos princípios que Jesus deixou para serem seguidos pelo homem. E eu jurei que, quando ficasse adulta, iria arranjar uma Bíblia para ler aquelas histórias fantásticas.

          O fato é que Deus já havia me escolhido para ser sua filha espiritual, como nos diz o apóstolo João em 1o João 4:19: “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro”. E o apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios 1:5: “Nos predestinou para ele, para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade”. 

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