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Redação

Redação 1: Escrever não é difícil.

By 2 January 20105 Comments

CURSO DE REDAÇÃO   –   ROTEIRO Nº 1

1 – TEMA: Escrever não é difícil. O fenômeno do relacionamento entre as palavras e as frases.

2 – PRERREQUISITO: Gostar de ler.

3 – META: As atividades deste Roteiro foram escritas com o objetivo de:

a)     informar sobre os princípios que regem a boa redação

b)     permitir ao estudante o treino das técnicas de elaboração da redação.

4 – ATIVIDADES DE ESTUDO:

a) Para conhecer melhor o curso que ora se inicia, leia  o Anexo A.

b) Depois leia o Anexo B e C, realizando os exercícios propostos.

c) Por fim, faça uma última leitura e reveja todos os exercícios com o objetivo de fixar os conceitos aprendidos.

d) Faça a avaliação solicitada. Corrija-a de acordo com o gabarito, atribuindo a pontuação. Se você alcançou 80 pontos, vá em frente. Estude o Roteiro 2 do Curso de Redação.

e) Se encontrar dificuldade, procure um professor de português, preferencialmente, ou um amigo que possa ajudá-lo a esclarecer as dúvidas surgidas no decorrer do estudo.

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ANEXO A     –      “Falar é fácil, fazer é que são elas…”                 (adágio popular)

Em suas atividades profissionais, você certamente passa por algumas situações em que tem que escrever um texto. O momento de redigir nem sempre é agradável e descontraído. Talvez, porque nos lembra aquelas redações das aulas de Português, onde a obrigatoriedade de escrever – sem perceber a correlação com a prática – e a cobrança centrada na correção gramatical tornavam tão artificiais e sem sentido os nossos textos.

Você conhece outra situação, fora da Escola, onde tenha que “fazer redações” com tema e tempo impostos, sem falar no delimitado “número de linhas”? Algumas vezes, quando nos candidatamos a um emprego, é-nos pedido que apresentemos uma redação. Podemos notar que a necessidade de escrever em situações naturais do dia-a-dia nos dá mais propósito e motivação à escrita. Isso, consequentemente, nos facilita o ato de redigir.

Você, com certeza, conhece profissionais, das mais diversas áreas, que afirmam categoricamente detestar o Português e não saber escrever. Será que eles não sabem mesmo? Exagero, não é? É quase impossível imaginar um vendedor, um administrador de empresas, um contador, ou qualquer outro profissional, que não consiga conversar descontraidamente com seus clientes. Tudo bem, você vai dizer:

– Mas falar é fácil. Difícil é escrever.

Será que falar é sempre fácil e escrever mais difícil? Imagine que você tem que fazer uma palestra para um auditório lotado, ou, então dar uma entrevista decisiva para conseguir um emprego ou fechar um bom negócio. Não dá medo de engasgar, de faltarem palavras? Escrever um bilhete rápido para um amigo, uma carta para alguém próximo, não é mais fácil?

Na verdade, todas as vezes em que nos sentimos mais descontraídos, sem formalismos, as palavras orais ou escritas, parecem surgir com mais facilidade. Talvez o que nos faça pensar que escrever é mais difícil, seja o fato de escrevermos bem menos do que falamos, e quase sempre serem mais formais as situações em que procuramos nos comunicar por escrito.

(BORGES, Márcia Moreira; NEVES, Maria Cristina Baeta.

Redação Empresarial. SENAC/DN, Rio de Janeiro, 1997)

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ANEXO B

Vamos começar nosso estudo de como aprender a redigir, pelo que é mais básico nessa área. Vamos realizar exercícios envolvendo o relacionamento entre as palavras e frases.

São atividades em que você deverá observar o sentido assumido por determinadas palavras no contexto para, então, reescrever ou completar frases com palavras ou expressões de sentido equivalente às apresentadas.

Com essas atividades, bastante simples, vamos dar início ao treino da redação.

Você não vai, ainda, escrever frases suas, mas estaremos treinando o relacionamento de ideias – o que possibilitará desenvolver, futuramente, bons trabalhos escritos.

Leia o texto abaixo, pois é a partir dele que faremos nosso estudo neste Roteiro.

O galo que logrou a raposa

(Monteiro Lobato)

Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou: “…Deixe estar, seu malandro, que já te curo!…” E em voz alta:

– Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.

– Muito bem! – exclamou o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traíções! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas… como lá vem vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que eles também tomem parte na confraternização.

Ao ouvir falar em cachorros Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de por-se a fresco, dizendo:

– Infelizmente, amigo Có-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.

E raspou-se.

Contra esperteza, – esperteza e meia.

Tomemos a frase do texto:

Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore.

Você deve ter observado que, nesta frase, a palavra galo está sendo modificada pelas palavras velho e matreiro, que nos informam algumas coisas sobre o galo – personagem da fábula de Monteiro Lobato.

Vejamos:

  • Através da palavra velho podemos saber alguma coisa sobre o aspecto físico do galo; passamos a conhecê-lo um pouco melhor, pois ficamos sabendo que não é um galo novo.
  • Através da palavra matreiro, conhecemos uma outra característica do galo: seu modo de ser, isto é, sua personalidade. Ficamos sabendo que é esperto, astuto, experiente.

Se você leu com atenção a fábula de Monteiro Lobato, entenderá como essas palavras são importantes para o desenrolar da história. O autor quis mostrar que, embora conhecida como um animal muito esperto, a raposa foi enganada pelo galo. Acontece, porém, que o galo da fábula era um galo velho. Sendo velho, é natural que tenha muita experiência de vida e, por isso, seja conhecedor das artimanhas da raposa, sua velha conhecida. Além de velho, o galo era também matreiro, isto é, bastante esperto e experiente para saber agir diante da raposa. Muito bem! Um galo velho e matreiro – eis aí a formula para o final bem sucedido da fábula: o galo consegue enganar um animal que é conhecido pela sua grande esperteza.

Você já pensou como duas simples palavrinhas podem ser tão importantes? Você há de concordar que elas foram bem selecionadas pelo autor e relacionaram-se perfeitamente à ideia que ele quis transmitir. Você pode até pensar: “Bem, ainda que elas não fossem usadas, a fábula teria o mesmo final!”  Isto é verdade. No entanto, as palavras velho e matreiro tornaram a frase mais interessante, mais rica.

Quando escrevemos, devemos usar palavras que ajudem o leitor a entender com facilidade o que queremos transmitir. No entanto, esse é um trabalho que pressupõe a organização das ideias e a seleção de palavras relacionadas ao que queremos, realmente, escrever.

Não é certo irmos escrevendo, usando palavras e mais palavras, sem saber “aonde” queremos chegar, pois escrever bem é, entre outras coisas, o resultado de saber pensar, isto é, organizar as ideias.

Antes de iniciar qualquer trabalho escrito, por mais simples que seja, devemos responder às perguntas:

  • O que eu quero dizer?
  • Como posso organizar minhas ideias a fim de que minha redação fique clara?

Bem, para você que inicia, é importante saber que:

  • Uma vez escolhido o assunto sobre o qual queremos escrever, devemos evitar rodeios, isto é, devemo-nos ater ao que é essencial, ao assunto escolhido.
  • As palavras são como elos numa corrente de ideias e pensamentos, interligadas umas às outras por relação de sentido.

É necessário, portanto, todo o cuidado ao selecionar as palavras que vamos usar, pois elas devem traduzir de modo claro e coerente o que pensamos sobre determinado assunto. Conhecer o significado das palavras é o primeiro passo para organizarmos as ideias. Por isso, é bom ter um dicionário por perto para consulta.

Vamos treinar?

Reescreva as frases, escolhendo, entre as palavras e expressões sugeridas, a que possa melhor substituir a palavra em negrito:

a) Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore.

(bastante desconfiado – inteligente – muito sabido – alegre – notando – adivinhando – supondo – prevendo – proposta – intenção – voz – chegada – escondeu-se – subiu – pulou – encolheu-se)

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b) A raposa, desapontada, murmurou consigo. (disse em voz baixa – falou disfarçadamente – resmungou – pensou)

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c) Muito bem! – exclamou o galo.

(falou em voz alta e com admiração – falou em tom de censura – falou demonstrando aprovação – falou em tom autoritário)

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d) Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras. (entre as – apesar das – longe das – sem as)

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e) E tratou de por-se a fresco. (ir para um lugar onde não fizesse tanto calor – sair para o ar livre – ir saindo – colocar-se a salvo)

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f) E raspou-se. (saiu calmamente – saiu precipitadamente – escondeu-se – feriu-se)

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GABARITO

a)      Um velho galo muito sabido, notando a chegada da raposa subiu numa árvore.

b)      A raposa disse em voz baixa.

c)      Muito bem! – falou o galo, em voz alta e com admiração.

d)      Que beleza vai ficar o mundo, sem as guerras.

e)      E tratou de ir saindo.

f)       E saiu precipitadamente.

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ANEXO C  –  O relacionamento de sentido entre as palavras e a coerência de ideias.

Observe a frase abaixo:

Joãozinho, menino muito doente e saudável,  foi socorrido no hospital.

Se você leu com bastante atenção, deve ter percebido que a palavra saudável não está combinando com a ideia menino doente. Saudável significa pessoa que tem saúde e, na frase acima, fala-se que Joãozinho é um menino doente.

Para que a frase tenha coerência com a ideia de menino doente, a palavra saudável deve ser retirada ou substituída por outra que não se choque com a ideia que se quer transmitir.

Joãozinho, um menino muito doente, foi socorrido no hospital.

Joãozinho, um menino muito doente e magrinho, foi socorrido no hospital.

A palavra magrinho fica mais coerente com a ideia menino doente, pois uma pessoa muito doente, tem mais probabilidade de ser magro.

Outro exemplo:              O dia amanhecera muito alegre e aborrecido.

Alegre e aborrecido são palavras cujos sentidos são diferentes; o que uma afirma, a outra nega. Vamos corrigí-la:

O dia amanhecera muito alegre.

O dia amanhecera muito alegre e agradável.

A palavra agradável fica mais coerente com a ideia dia alegre que predomina na frase. Entretanto, poderíamos dizer:

O dia amanhecera alegre, mas, depois, ficou aborrecido.

As ideias não estão incoerentes. Você sabe por quê? Nesse exemplo, pudemos utilizar as palavras alegre e aborrecido porque houve uma mudança de informação em relação à palavra dia, na frase.

Em nossa comunicação normal, podem ocorrer muitos casos em que vamos usar palavras de sentido opostos; isto é possível desde que as ideias não fiquem incoerentes.

Então você já sabe que deve escolher palavras adequadas, que transmitam suas ideias de modo organizado e coerente.

Escolher bem as palavras é muito importante, pois são elas que transmitem nosso pensamentos. Para que nossa comunicação seja coerente, as palavras devem estar interligadas umas às outras por relação de sentido.

Vamos aos exercícios.

Sublinhe as palavras ou expressões cujo sentido não combinam com a ideia da frase. Depois reescreva as frases de modo que as ideias fiquem coerentes.

a) Você foi uma criança muito irrequieta, muito tranquila.

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b) No pasto, o cavalo corria vagarosamente.

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c) Durante as férias, visitamos Ouro Preto, uma cidade maravilhosa e horrível.

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d) Nos cerrados, há predomínio da vegetação rasteira: o capim e os arbustos. As árvores são altas, grandes e retorcidas.

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GABARITO EXPLICATIVO:

a) Você foi uma criança muito irrequieta, muito tranquila.

Podemos organizar uma frase, dizendo que as crianças são irrequietas, isto é, não param, estão sempre agitadas. Podemos dizer, também, que são tranquilas, sossegadas, calmas. Porém, está errado afirmarmos as duas coisas em relação à mesma pessoa, sem que haja, na frase, mudança de sentido. No entanto, se quisermos usar as duas palavras em relação à mesma pessoa, é necessário construirmos a frase de outra maneira.

Opção 1 – Você foi uma criança muito irrequieta.

Opção 2 – Você foi uma criança muito tranquila.

Opção 3 – Você foi uma criança muito irrequieta, mas depois que cresceu está mais tranquila.

b) No pasto, o cavalo corria vagarosamente.

A palavra vagarosamente não está coerente com a palavra correr, que significa andar com rapidez, ligeireza. O cavalo não pode andar com rapidez e devagar ao mesmo tempo. Devemos retirar vagarosamente da frase ou escolher outra cujo sentido não se oponha a correr.

Opção 1 – O cavalo corria no pasto.

Opção 2 – O cavalo corria, estrepitosamente, no pasto.

c) Durante as férias, visitamos Ouro Preto, uma cidade maravilhosa e horrível.

Se achamos maravilhosa a cidade de Ouro Preto, não podemos usar a palavra horrível na mesma frase. Essas palavras se opõem quanto ao sentido.

Opção 1 – Durante as férias, visitamos Ouro Preto, uma cidade maravilhosa.

Opção 2 – Durante as férias, visitamos Ouro Preto, uma cidade maravilhosa e interessante.

d) Nos cerrados, há predomínio da vegetação rasteira: o capim e os arbustos. As árvores são altas, grandes e retorcidas.

Um passo importante para descrever bem é conhecer o que se descreve. E para escrever o que se descreve é necessário estar atento aos detalhes da coisa descrita. Se você fez isso, deve ter notado que não podemos dizer que as árvores são altas e grandes, pois há, na frase, a ideia de que a vegetação é rasteira (capim e arbustos). Os arbustos são árvores baixas e pequenas.

Opção única – Nos cerrados, há predomínio da vegetação rasteira: o capim e os arbustos. As árvores são baixas, pequenas e retorcidas.

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AUTO-AVALIAÇÃO

1. Escolha, entre as palavras apresentadas, a que completa de modo coerente as frases:

a) Paulinho era um menino excelente, educado ______________________( respeitador – desobediente – mentiroso )

b) Nos pequenos canteiros, as flores estavam ressequidas e ____________( umedecidas – murchas – viçosas )

c) As fogueiras estavam acesas e _____________ o local. ( aqueciam – gelavam – esfriavam)

d) A conversa estava muito animada e _____________________( monótona – interessante – desinteressante )

e) Na casa havia cômodos grandes, espaçosos e ____________________( arejados – abafados – apertados )

2. Assinale as frases abaixo que estão com erros de grafia e coerência de ideias.  Reescreva-as, corrigindo-as:

a. (   ) Ela era uma senhora idosa, mas tinha espírito jovial.

b. (   ) No decorrer de nossas vidas, passamos por momentos alegres e tristes.

c. (   ) O maior matrimônio do País é a educação.

d. (   ) A capital de Portugal é Luiz Boa.

e. (   ) No começo, os índios eram muito atrazados mas com o tempo foram se sifilizando.

f. (   ) O Brasil é um país abastardo com um futuro promissório.

g. (   ) Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que almenta.

h. (   ) Também preoculpa o avanço regressivo da violência.

i. (    ) Os analfabetos nunca tiveram chance de voltar à escola.

GABARITO:

1 – a) respeitador       b) murchas      c) aqueciam     d) interessante      e) arejados

2.  As frases A e B estão corretas. As frases de D a J precisam de correção:

d)      O maior patrimônio do País é a educação.

e)      A capital de Portugal é Lisboa.

f)       No começo, os índios eram muito atrazados, mas com o tempo foram se civilizando.

g)      O Brasil é um país abastado com um futuro promissor.

h)      Precisamos tirar as vendas dos olhos para enxergar, com clareza, o número de flagelados que aumenta.

i)       Também preocupa o avanço progressivo da violência.

j)       Os analfabetos nunca tiveram chance de ir à escola.

Atribua 2 pontos para cada resposta correta na Questão 1.

Atribua 10 pontos para cada frase apontada e corrigida corretamente na questão 2.

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