Skip to main content
GramáticaNoções de Morfologia.

Tema 10: Noções de morfologia. Processos de formação das palavras: derivação e composição.

By 18 January 201011 Comments

LIÇÕES DE PORTUGUÊS   –   ROTEIRO Nº 10

I – TEMA: Noções de morfologia. Processos de formação das palavras: derivação e composição. Derivação prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética, regressiva e imprópria. Composição por justaposição e aglutinação. Outros processos: hibridismo, onomatopaico e abreviação.

II – PRERREQUISITO:

  1. Ler compreensivamente.
  2. Ter concluído, com êxito, o estudo do Roteiro nº 9.

III – META: As atividades deste Roteiro foram organizadas com o objetivo de oferecer condições de aprendizagem sobre os principais processos de formação de palavras, em português.

IV – PRÉ-AVALIAÇÃO: Se você já estudou alguma coisa a respeito do assunto de que trata este Roteiro, responda à Autoavaliação que se encontra no final deste livrinho. Se você obtiver um mínimo de 80 pontos, parabéns! Você não precisa estudar esta lição. Caso contrário, aconselho-o a ler os textos, procurando entender as explicações dadas.

V – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com entendimento é prerrequisito para se aprender qualquer coisa, através da leitura. Por isso leia o texto do Anexo A, para treinar sua interpretação. Embora a leitura dos outros anexos, em si, seja também uma interpretação de texto, ela é voltada para uma finalidade mais específica, que é a aprendizagem dos conceitos gramaticais. O texto do Anexo A é mais genérico  e serve para treinar a compreensão geral da língua. Portanto faça o seguinte:

1. Tenha um dicionário de Português ao seu alcance, para consultá-lo sobre as palavras que você desconhece o significado;

2. Procure um lugar sossegado para ler os textos e fazer os exercícios. Leitura compreensiva precisa de concentração e o ambiente sem barulho e calmo ajuda nessa concentração de atenção.

3. Leia primeiro o texto; faça em seguida os exercícios; compare suas respostas com o gabarito; veja o que você errou e retorne ao texto para verificar o porquê do erro.

VI – POSAVALIAÇÃO:  Apos ter feito a leitura compreensiva dos textos e os exercícios, responda às questões propostas na Autoavaliação. Creio que você, agora, acertará todas. Caso isso não aconteça, consulte as orientações dadas nas Atividades Suplementares.

VII – ATIVIDADES SUPLEMENTARES: Se você não alcançou 80 pontos na Pós-avaliação, não desanime. Volte à leitura dos textos. Sem pressa. Tenha ao seu alcance um dicionário para consultar o significado das palavras que você desconhece. Lembre-se: a leitura compreensiva é a base da aprendizagem.

____________________________________________________________________________________________

ANEXO A – Interpretação de texto

O texto abaixo está com os parágrafos numerados, para melhor facilitar a localização de palavras e expressões.

EM CÓDIGO                     (Fernando Sabino)

1.          Fui chamado ao telefone. Era o chefe de escritório de meu irmão:

2.          – Recebi, de Belo Horizonte, um recado dele para o senhor. É uma mensagem meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota. O senhor tem um lápis aí?

3.          – Tenho. Pode começar.

4.          – Então lá vai. Primeiro: minha mãe precisa de uma nora.

5.          – Precisa de quê?

6.          – De uma nora.

7.          – Que história é essa?

8.          – Eu estou dizendo ao senhor que é um recado meio esquisito. Posso continuar?

9.          – Continue.

10.        – Segundo: pobre vive de teimoso. Terceiro: não chora, morena, que eu volto.

11.        – Isso é alguma brincadeira.

12.        – Não é não. Estou repetindo o que ele escreveu. Tem mais. Quarto: sou amarelo, mas não opilado. Tomou nota?

13.        – Mas não opilado – repeti, tomando nota.  – Que diabo ele pretende com isso?

14.        – Não sei não senhor. Mandou transmitir o recado, estou transmitindo.

15.        – Mas você há de concordar comigo que é um recado meio esquisito.

16.        – Foi o que eu preveni ao senhor. E tem mais. Quinto: não sou colgate, mas ando na boca de muita gente. Sexto: poeira é a minha penicilina. Sétimo: carona, só de saia. Oitavo…

17.        – Chega! – protestei, estupefato. – Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito idiota.

18.        – Deve ser carta em código, ou coisa parecida – e ele vacilou: Estou dizendo ao senhor que também não entendi, mas enfim… Posso continuar?

19.        – Continua. Falta muito?

20.        – Não, está acabando: são doze. Oitavo: vou, mas volto. Nono: chega à janela, morena. Décimo: quem fala de mim tem mágoa. Décimo primeiro: não sou pipoca mas também dou meus pulinhos.

21.        – Não tem dúvida, ficou maluco.

22.        – Maluco não digo, mas como o senhor mesmo disse, a gente até fica com ar meio idiota… Está acabando, só falta um. Décimo segundo: Deus, eu e o Rocha.

23.        – Que Rocha?

24.        – Não sei. É capaz de ser a assinatura.

25.        – Meu irmão não se chama Rocha, essa é boa!

26.        – É, mas que foi ele que mandou, isso foi.

27.        Desliguei, atônito, fui até refrescar o rosto com água, para poder pensar melhor. Só então me lembrei. Haviam-me encomendado uma crônica sobre essas frases que os motoristas costumam pintar, como lema, à frente dos caminhões . Meu irmão, que é engenheiro e viaja sempre pelo interior fiscalizando obras, prometera ajudar-me, recolhendo em suas andanças farto e variado material. E ele viajou, o tempo passou, acabei esquecendo completamente do trato, na suposição de que o mesmo lhe acontecera.

28.        Agora, o material ali estava. Era só fazer a crônica. Deus, eu e o Rocha! Tudo explicado! Rocha era o motorista, Deus era Deus mesmo, e eu, o caminhão.

I – Marque com um X o sinônimo da palavra ou expressão destacada.

1. Em: “É uma mensagem meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota…”(par. 2). A expressão em negrito pode ser substituída por:

a. (   ) assinalar          b.(   ) observar            c.(   ) escrever          d.(   ) guardar

2. Na frase: “Que história é essa?” (par. 7), a palavra em negrito significa:

a.(   ) fato                    b.(   ) complicação      c.(   ) chateação      d.(   ) anedota

3. Em: “… pobre vive de teimoso” (par. 10), a expressão em negrito pode ser substituída por:

a.(   ) porque é persistente          b.(   ) porque é desobediente           c.(   ) porque é rebelde               d.(   ) porque é corajoso

4. Em: “Isso é alguma brincadeira.” (par. 11) a palavra em negrito significa:

a.(   ) piada                                    b.(   ) passatempo                              c.(   ) jogo                                      d.(   ) divertimento

5. Em: “Foi o que eu preveni ao senhor”, (linha 16), a palavra em negrito significa:

a.(   ) chegar antes de                b.(   ) avisar com antecedência       c.(   ) impedir que se realize     d.(   ) aconselhar com consideração

6. Em: “…carona, só de saia.” (par. 16), a expressão em negrito pode ser entendida como:

a.(   ) só se quiser usar saia       b.(   ) só se não usar calça comprida           c.(   ) só se for mulher              d.(    ) só se estiver de saia

7. Em: “Chega! – protestei, estupefato.” (par. 17), a palavra em negrito significa:

a.(   ) afirmei                                 b.(   ) assegurei                                                    c.(   ) reclamei             d.(   ) declarei

8. Em: “…protestei, estupefato.” (par. 17), a palavra em negrito significa:

a. (   ) amedrontado                   b.(   ) enraivecido                                                 c.(   ) desolado              d.(   ) abobalhado

9. Em: “Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito idiota.” (par. 17), a expressão em negrito tem o mesmo significado que:

a.(   ) como pessoa desocupada        b.(   ) como quem não quer nada           c.(   ) como irresponsável            d.(   ) como bobo

10. Em: “Deve ser carta em código…” (par. 18), a expressão em negrito pode ser entendida como:

a.(   ) sinais secretos                           b.(   ) fórmulas mágicas                            c.(   ) letras diferentes                  d.(   ) palavras de outra língua

11. Em: “… e ele vacilou…” (par. 18) a palavra em negrito significa:

a.(   ) caminhou sem firmeza           b.(   ) mostrou-se inseguro                       c.(   ) estremeceu                           d.(   ) abalou-se

12. Em: “…quem fala de mim tem mágoa…” (par. 20), a palavra  em negrito significa:

a.(   ) pena                                             b.(   ) sofrimento                                           c.(   ) inveja                                    d.(   ) raiva

13. Em: “Desliguei atônito…” (par. 27) a palavra em negrito significa:

a.(   ) atordoado                                 b.(   ) amedrontado                                        c.(   ) enfurecido                           d.(   ) revoltado

14.Em: “… e viaja sempre pelo interior…”(par. 27), a palavra em negrito significa:

a.(   ) que está dentro de                  b.(   ) regiões distantes da capital              c.(   ) que é interno de                d.(  ) que se situa entre

15. Em: “…fiscalizando obras…” (par. 27), a palavra em negrito significa:

a.(   ) vigiando                                   b.(   ) examinando                                         c.(   ) velando                                 d.(   ) cobrando

16. Em: “…recolhendo em suas andanças…”(par. 27), a palavra em negrito significa:

a.(   ) recebendo                               b.(   ) levando                                                  c.(   ) classificando                        d.(   ) reunindo

17. Em: “… suas andanças…” (par. 27) a palavra em negrito tem o mesmo significado que em:

a.(   ) negócios                                 b.(   ) trabalhos                                               c.(   ) viagens                                  d.(   ) passos

18. Em: “…acabei me esquecendo completamente do trato…” (par. 27) a palavra em negrito significa:

a.(   ) contrato                                 b.(   ) acordo                                                     c.(   ) tratamento                             d.(   ) promoção

19. Em: “…na suposição de que o mesmo lhe acontecera…” (par. 27), a palavra em negrito significa:

a.(   ) ideia                                       b.(   ) observação                                              c.(   ) opinião                                    d.(   ) atenção

II – Marque com um X a alternativa correta de acordo com o texto.

20. O nome da crônica está ligado a uma frase enunciada pelo:

a.(   ) moço do escritório            b.(   ) narrador                c.(   ) irmão do narrador           d.(   ) motorista de caminhão

21. O rapaz do escritório, não tendo entendido a mensagem, refere-se a ela como sendo:

a.(   ) um recado maluco           b.(   ) um recado confuso e longo               c.(   ) uma brincadeira esquisita     d.(   ) uma carta interessante

22. Ao dizer: “Isso é alguma brincadeira” (par. 11), o narrador está pensando que:

a.(   ) estão querendo zombar dele      b.(   ) seu irmão ficou maluco        c.(   ) a mensagem é divertida            d.(   ) o recado não é para ele

23. A palavra opilado refere-se à pessoa doente de opilação – doença provocada por uma espécie de parasita que se aloja no intestino e se alimenta de sangue, provocando, na pessoa doente, uma cor amarelada. A opilação é conhecida popularmente entre outros nomes, como amarelão. Na frase: “Sou amarelo, mas não opilado…”(par. 12) pode-se entender essa afirmação como:

a.(   ) minha doença não é amarelão                                                  b.(   ) minha cor amarela não é sinal de amarelão

c.(   ) minha cor não é tão forte quando a cor do amarelão          d.(   ) minha cor lembra a cor do amarelão

24. Na frase: “Não sou colgate, mas ando na boca de muita gente” (par. 16) a expressão em negrito pode ser entendida como:

a.(   ) Não sou famoso                  b.(   ) Não sou fofoqueiro              c.(   ) Não sou pasta de dentes      d.(   ) Não sou dentista

25. “Poeira é a minha penicilina” (par. 16) é uma das frases que o irmão do narrador anotou de parachoques de caminhões. Em relação ao motorista que a usou como lema, podemos pensar que ela quer dizer:

a.(   ) A poeira me causa alergia                                                    b.(   ) Não me incomodo com a poeira

c.(   ) Em mim, a poeira age como um tipo de remédio           d.(   ) A poeira é uma espécie de companheira de viagens

26. Quando o moço do escritório diz:”…dever ser carta em código…” (par. 18), percebemos que ele:

a.(   ) pensa que a mensagem é uma brincadeira do irmão do narrador         b.(   ) considera a mensagem muito difícil para ele

c.(   ) não gostou da mensagem     d.(   ) pensa que a mensagem só pode ser entendida por pessoas que conheçam a linguagem usada

III – Responda:

27. Após receber o recado, como se sentiu o narrador, o que fez e para que o fez? ______________________________________________________________________________________________

28. O narrador queria pensar melhor sobre o quê e para quê?____________________________________________________________________________________________

29. Ao dizer, no final do texto, que seu irmão havia prometido conseguir “farto e variado material” (par. 27), a que material se refere o narrador e a que se destinava esse material?

___________________________________________________________________________________________

30. A que se refere o narrador ao dizer “Tudo explicado” (par. 28) e o que lhe foi explicado?________________________

________________________________________________________________________________________

Agora corrija suas respostas.

GABARITO

I – 1. c      2. D    3. A     4. A      5. B      6. C     7. C       8. D     9. D      10. A      11. B     12. C      13. a      14. B       15. B      16. D      17. C     18. B   19. A

II – 20. A    21. B      22. A      23. B     24. C     25. c   26. D

As respostas das questões 27 a 30 poderão ter sido dadas com outras palavras. O importante é ter mantido a ideia que o texto apresenta.

III – 27. Após receber o recado, o narrador sentiu-se confuso, atordoado, e procurou refrescar o rosto com água fria para aclarar as ideias.

28. O narrador queria pensar melhor no recado recebido para ver se compreendia o que o irmão lhe queria dizer com o recado.

29. O narrador refere-se às frases comumente encontradas em parachoques de caminhões  que o irmão lhe prometera conseguir e que lhe serviriam para escrever a crônica encomendada.

30. O narrador refere-se à compreensão da mensagem toda e, em especial, da frase “Deus, eu e o Rocha”, uma vez que ele pode entender que “eu” era o caminhão e “Rocha”, o nome do motorista.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

ANEXO B   –   QUADRO SINÓPTICO DO ESTUDO SOBRE PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

FORMAÇÃO DE PALAVRAS:  derivação e composição

FORMAÇÃO POR DERIVAÇÃO: prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética, regressiva, imprópria

FORMAÇÃO POR COMPOSIÇÃO: justaposição e aglutinação

OUTROS TIPOS DE PROCESSOS: hibridismo, onomatopaico, abreviação

___________________________________________________________________________________________________________________________________________

ANEXO C   –   PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS: DERIVAÇÃO PREFIXAL, SUFIXAL, PREFIXAL E SUFIXAL, PARASSINTÉTICA, REGRESSIVA E IMPRÓPRIA

No quadro a seguir, você vai encontrar palavras primitivas e derivadas. Veja:

primitivas Derivada
1. Ferro

2. Dente

3. Telha

4. Pedra

5. Peixe

6. Móvel

7. Círculo

8. Homem

9. Quieto

10. correr

Ferr eiro

Dent ista

telha do

Pedr egulho

Peix ada

I móvel

Semi círculo

Super homem

In quieto

Per correr

Observe que na coluna das palavras derivadas, os cinco primeiros exemplos formaram-se a partir de um radical mais um elemento colocado no final da palavra primitiva ( ferr+eiro, dent+ista, telh+ado, pedr+egulho, peix+ada) e que os outros exemplos formaram-se através do acréscimo de um elemento colocado no início da palavra primitiva ( i+móvel, semi+círculo, super+homem, in+quieto, per+correr).

Este fato nos leva a concluir que as palavras derivadas são formadas pelo acréscimo de afixos (prefixos e sufixos) colocados no início ou no final das palavras primitivas. Será chamado de prefixo quando colocados no início do radical e sufixo quando colocado no final do radical.

Então, são prefixos:                               São sufixos:

I + móvel                                                   peix + ada

Semi + círculo                                        ferr + eiro

super + homem                                    dent + ista

In + quieto                                               telh + ado

Per + correr                                            pedr + egulho

A este processo de formar palavras acrescentando afixos a um radical ou palavra primitiva chamamos de DERIVAÇÃO.

1. DERIVAÇÃO PREFIXAL

Quando colocamos o afixo na frente do radical, o chamamos de prefixo (o que vem antes) e estaremos usando o processo chamado derivação prefixal. Ex: antesala

2. DERIVAÇÃO SUFIXAL

Quando colocamos o  afixo depois do radical, o chamamos de sufixo (o que vem depois) e estaremos usando o processo de formação conhecido como derivação sufixal. Ex: lixeiro

3. DERIVAÇÃO PREFIXAL/SUFIXAL    e    PARASSINTÉTICA

Mas, ainda podemos utilizar tanto prefixos como sufixos, ao mesmo tempo, para formar palavras, unindo-os a um radical. Veja:

des + alm + ado               In + feliz + mente

em + pobr + ecer             Des + leal + dade

en + trist + ecer                In + just  + iça

Quando usamos os afixos antes e depois do radical, na mesma palavra,  simultaneamente, estaremos usando os processos de formação de palavras conhecidos como derivação  prefixal/sufixal parassintética.

Como saber quando uma palavra que apresenta tanto prefixo quanto sufixo em sua formação, é uma derivada prefixal/sufixal ou parassintética?

Há uma diferença fundamental entre essas palavras formadas por prefixos e sufixos ao mesmo tempo. Todas partem de um radical. Entretanto, as parassintéticas não existem sem os afixos (prefixos e sufixos).

Nos exemplos dados acima ( desalmado, empobrecer, entristecer ), não se poderá retirar o prefixo ou o sufixo, sob pena da palavra ficar sem sentido. Não existe, em português, “empobre” ou “pobrecer”. Ao retirarmos o prefixo ou o sufixo, a palavra fica sem sentido.

Portanto, na derivação parassintética as palavras são formadas por prefixos e sufixos que não podem ser separados do radical, sem que o sentido fique incompleto ou prejudicado.

Porém, nas palavras infelizmente, deslealdade e injustiça, se retirarmos o prefixo ou o sufixo, ainda assim haverá sentido. Veja:

Infelizmente = Infeliz      –      felizmente    – feliz

Deslealdade = Desleal     –     lealdade –     leal

Injustiça injusto     –       justiça    – justo

Embora tenhamos retirados os afixos, as palavras formadas só com prefixo ou só com sufixo continuam tendo um significado. Portanto, na derivação prefixal/sufixal as palavras são formadas por prefixos e sufixos que podem ser retirados do radical, sem que uma ou outra deixem de ter sentido.

Até agora vimos casos de palavras formadas pelo acréscimo de prefixo e sufixos.

4) DERIVAÇÃO REGRESSIVA

Há, também, um outro tipo de derivação, em que a palavra é formada pela redução da palavra primitiva. É a chamada DERIVAÇÃO REGRESSIVA. Ocorre, principalmente, a partir de verbos que dão origem a substantivos.

Ex:  caçar   –     caça;      Lutar   –   luta;     Cantar   –   canto;      combater   –  combate;       pescar   –    pesca;      dançar  –   dança

Não é fácil descobrir quando a palavra é formada por derivação regressiva. Mas podemos aplicar o critério do filólogo Mario Barreto:

  1. A palavra indica ação e não é verbo: é derivada.     Ex: A caça às baleias é proibida.

A palavra “caça” indica uma ação. Entretanto não é um verbo. Para que ficasse nessa forma foi suprimida a letra “r” da terminação do verbo caçar e a palavra transformou-se em um substantivo. Mas o sentido intrínseco da palavra continua: perseguição para matar. Neste caso, “caça” é palavra derivada de “caçar” (primitiva, que é verbo). Temos então uma palavra formada por derivação regressiva.

2. A palavra indica um objeto ou substância: é primitiva.  Ex: O azeite de oliva é extraído do fruto das oliveiras.

A palavra “azeite” não é derivada de azeitar, pelo fato de que o sentido intrínseco indica uma substância e não uma ação. Neste caso, é uma palavra primitiva. O verbo azeitar é que será palavra derivada.

Outros exemplos: planta  –  plantar;      Âncora –  ancorar;      Escudo  –    escudar;      Abano  –   abanar;     Azeite   –   azeitar

Nesses casos, não haverá derivação regressiva e sim, uma derivação sufixal.

5) DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA

A derivação imprópria consiste na mudança da classe gramatical da palavra primitiva, gerando assim uma palavra derivada. Vale observar que a forma da palavra não muda; ocorre apenas mudança de classe gramatical.

Ex.: O jantar está servido. (derivado do verbo jantar)            O porquê disso tudo é incompreensível. (derivado da conjunção porque)

A derivação imprópria, em geral,ocorre no uso das palavras de outras categorias gramaticais (verbo, conjunção, advérbio, interjeição) transformadas em substantivos. Para isso é usado o artigo na frente dessas palavras.

Ex.: O ai era um lamento agudo e triste. (interjeição transformada em substantivo)

O amanhã gera incertezas e alegrias. (advérbio transformado em substantivo)

Ela tem um quê de jovialidade que impressiona. (conjunção transformada em substantivo)

O olhar dele era penetrante e frio. (verbo transformado em substantivo)

Vamos aos exercícios.

I – Observe as palavras sublinhadas nas frases abaixo e informe se a sua formação é prefixal, sufixal, prefixal/sufixal, parassintética, regressiva ou imprópria.

a)    À noite, em volta da fogueira, os pares cantavam e dançavam.

b)     Ela permaneceu imóvel na sala.

c)    Ao ouvir a voz da mãe, a garotada correu inquieta.

d)     A gata, contemplando a ninhada, parecia feliz com seus filhotes.

e)      A criançada passeava pelo parque com grande contentamento.

f)    Ao entardecer, a passarada procura o arvoredo para dormir.

g)    A dança se constitui em uma boa atividade para os idosos.

h)      O mecânico azeitou as engrenagens do carro.

i)      Que triste palavra é um não!

GABARITO

a) fogueira: sufixal

b) imóvel: prefixal

c) garotada: sufixal                         inquieta: prefixal

d) ninhada: sufixal                          filhotes: sufixal

e) criançada: sufixal                       contentamento: sufixal

f) entardecer: parassintética        passarada: sufixal                 arvoredo: sufixal

g) dança: regressiva                       atividade: sufixal

h) azeitou: sufixal

i) não: imprópria

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

ANEXO D   –   PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS: COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO E AGLUTINAÇÃO

As palavras podem ser formadas, também, pela junção de outras. É o que chamamos de COMPOSIÇÃO.

Ex: beija-flor, pé-de-moleque, girassol, guarda-roupa, varapau, passatempo.

Concluímos que, a composição é um processo de formação de palavras que consiste em formar uma nova palavra pela união de duas ou mais palavras já existentes.

Devemos observar que na composição, a palavra resultante representa uma outra ideia ou coisa, às vezes, muito diferente da ideia original das palavras usadas.

Há dois processos de formar palavras por composição: a justaposição e a aglutinação.

1. COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO

Podemos unir palavras já existentes sem que se retire ou se acrescente qualquer novo som à palavra. É a composição por justaposição.

Ex.: bem-te-vi, couve-flor, passaporte, busca-pé, girassol

2. COMPOSIÇÃO POR AGLUTINAÇÃO

Na composição por aglutinação as palavras primitivas sofrem uma adaptação fonética, ao se acrescentar ou retirar um som à nova palavra.

Ex: Planalto ( plano + alto );    Embora ( em + boa + hora );      Aguardente ( água + ardente );        Fidalgo (filho + de + algo)

Exercícios

1. Relacione a 2a. coluna com a 1a., de acordo com os processos de formação de palavras.

1. derivação imprópria                         a.(   ) desencanto

2. prefixação                                           b.(   ) narrador

3. prefixação e sufixação                     c.(   ) o andar

4. sufixação                                            d.(   ) infinitamente

5. composição por justaposição       e.(   ) pão-de-mel

2. Assinale a opção em que o processo de formação de palavras está indevidamente caracterizado:

a.(   ) inesperado = derivação prefixal e sufixal

b.(   ) inaudível = derivação parassintética

c.(   ) emudecer = derivação parassintética

d.(   ) encontrável = derivação sufixal

e.(   ) a pesca = derivação regressiva

GABARITO

1. a -2     b – 4    c – 1      d – 3    e – 5              2. letra B

__________________________________________________________________________________________________________________

ANEXO E   –   OUTROS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS: hibridismo, onomatopaico e abreviação

1. HIBRIDISMO

Como vimos no Roteiro 01, a língua portuguesa, originária do latim, sofreu influência de várias línguas e dialetos, ao longo do tempo, o que resultou na formação de palavras que usamos hoje.

Ex.: sociologia (sócio – latim + logia – grego);    Cosmonauta (cosmo – grego + nauta – latim);

Automóvel ( auto – grego + móvel – latim); Burocracia (buro – francês + cracia – grego);   Caiporismo (caipora – tupi + ismo – grego)

A essa união de elementos provenientes de outras línguas damos o nome de Hibridismo.

2. ONOMATOPAICO

Consiste na formação de palavras que procuram reproduzir certos sons ou ruídos.

Ex.: tique-taque (ou tic-tac), zunzum, reco-reco, au-au, plim-plim, teco-teco

3. ABREVIAÇÃO

É o uso de parte de uma palavra, em que seu sentido não é comprometido. Ex.: foto – fotografia;   cine – cinematógrafo;

Moto – motocicleta;  pólio – poliomelite;   Pneu – pneumático

__________________________________________________________________________________________________________

AUTO-AVALIAÇÃO

Indique o processo de formação das palavras abaixo:

1. camisola___________________      13.boquiaberto__________________        25. cine____________________

2. piu-piu____________________       14.desleal______________________

3. interpor____________________      15.malmequer__________________

4. fidalgo_____________________      16.endurecer___________________

5. moto______________________      17.banana-maçã_________________

6. arco-íris____________________      18.arredondar__________________

7. planalto____________________      19.abreugrafia__________________

8. lobisomem__________________     20.combate_____________________

9. ultravioleta__________________     21.o sorrir_____________________

10.papel-moeda________________     22.estrago_____________________

11.manda-chuva________________    23.sociologia____________________

12.amoral_____________________     24. o não______________________

________________________________________________________________________________________

GABARITO

1. derivação sufixal                                 13. Composição por aglutinação             25. processo abreviação

2. processo onomatopéico                     14. Derivação prefixal

3. derivação prefixal                                15. Composição por justaposição

4. composição por aglutinação            16. Derivação parassintética

5. processo abreviação                           17. Composição por justaposição

6. composição por justaposição          18. Derivação prefixal e sufixal

7. composição por aglutinação           19. hibridismo

8. composição por aglutinação           20. Derivação regressiva

9. derivação prefixal                                21. Derivação imprópria

10. composição por justaposição        22. Derivação imprópria

11. composição por justaposição        23. hibridismo

12. derivação prefixal                             24. Derivação imprópria

_______________________________________________________________________________________

LEITURA SUPLEMENTAR

O “Ballet” da Língua

Às vezes quero dizer que saí e mandam botar acento no “i”, porque se tirar o acento, quem sai não sou eu, é o outro – e é aí que está a diferença. Falam-me em ditongos, em hiatos, em dissílabos e proparoxítonas – palavras que me trazem amargas recordações de uma infância cheia de zeros.

Quando vou a uma festa nunca sei se devo dançar com “ç” ou com “s”. Só depois dos primeiros passos é que percebo que quem dansa com “s” não sabe dançar. E quem não sabe dançar fica cansado, com “s”, pois só analfabeto se cança com “ç”.

Buzina é com “z”, mas quem pode me garantir que se eu businar com “s” ninguém vai ouvir?

Caçar é com “ç”, mas também tem cassar, com “s” – mas isso se explica: caça-se um bicho e cassa-se um documento. Só não se pode cassar o documento de um sujeito que esteja caçando sem documento.

Que a Língua Portuguesa tem seus truques, lá isso tem: o próprio truque, com “que”, é uma adaptação do “truc” francês, provando que o truque brasileiro tem um certo “q”. Mas isso não impede que o balé brasileiro seja dançado em francês, pois a palavra “ballet” impressiona mais, tanto que a usei no título. Mas vamos deixar isso pra lá, que é falando que a gente se entende…

(Leon Eliachar, O Homem ao Cubo. 1a. edição, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1970)

11 Comments

  • online says:

    Aprendi muito

  • Kelly Dias says:

    Parabéns!Ótima escolha do texto e os exercícios não estão maçantes,nem cansativos.

  • AMANDA says:

    Parabéns!Ótima escolha !!!!!!!!

  • RAFAEL says:

    IRADO MESMO SÃO AS EXPLICAÇOES !!! NOTA 100000

  • Sara says:

    Bom dia.
    Seu site é excelente. Parabéns.
    Fiquei com dúvida em relação ao processo de formação da palavra inaudível e gostaria de mais explicação. obrigada

    2. Assinale a opção em que o processo de formação de palavras está indevidamente caracterizado:

    a.( ) inesperado = derivação prefixal e sufixal
    b.( ) inaudível = derivação parassintética
    c.( ) emudecer = derivação parassintética
    d.( ) encontrável = derivação sufixal
    e.( ) a pesca = derivação regressiva

    GABARITO
    2. letra B

    • admin says:

      Sara, obrigada pelo acesso ao site. Sobre sua dúvida aqui vai a explicação. O gabarito está correto, porque a palavra “inaudível” não tem formação
      parassintética. Ela é formada por derivação prefixal. Na derivação prefixal, o prefixo pode ser retirado da palavra e esta continua sendo entendida.
      É o que acontece com a palavra em questão. Veja: inaudível = o que não pode ser ouvido / audível = o que pode ser ouvido.
      Na derivação parassintética isso não acontece. Tanto o prefixo como o sufixo são necessários ao significado da palavra.

  • Tyson says:

    Inaudível, em minha visão, é prefixal e sufixal, assim como inesperado. Inaudível vem de áudio, com acréscimo do prefixo “in” e do sufixo “vel”. Inaudível = ausência da capacidade de ouvir, pelo significado dos afixos.

  • Bom post sobre Tema 10: Noções de Morfologia. Processos de formação das palavras: derivação e composição. Estou muito impressionado com o tempo e o esforço que você pôs em escrever esta história . Vou dar- lhe um link no meu blog de ​​mídia social. Tudo de bom!

  • barbara candida baesse says:

    Nossa! Seu site é maravilhoso! Estou muito impressionada com ele. Parabéns!!!!!!!!!!!

  • exerceimB says:

    Bravo, que palabras adecuadas! El pensamiento excelente!

  • Alexmaster says:

    Ótimo conteúdo ***

Leave a Reply