ATIVIDADE DE LITERATURA
UM APÓLOGO1 ( A agulha e a linha ) – (MACHADO DE ASSIS)
Apológo1 – O texto foi publicado em 1896, no livro Várias Histórias. O título se refere a um gênero literário que expressa uma verdade moral em forma de fábula.
Diana2 – Era a deusa da caça entre os romanos. Armada de arco, Diana vivia nas matas protegendo a caça, acompanhada de seus cães.
Sr. Professor, o texto abaixo pode ser usado em qualquer turma do Ensino Fundamental (5ª a 9ª série) e Médio. Vai depender do nível da turma e tipo de atividade usado. Abaixo sugerimos algumas.
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
– Por que você está com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
– Deixe-me, senhora.
– Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável! Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
– Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
– Mas você é orgulhosa.
– Decerto que sou.
– Mas por quê?
– É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
– Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
– Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados…
– Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando…
– Também os batedores vão adiante do imperador.
– Você é imperador?
– Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana2 – para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
– Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima…
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto dia acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
– Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá!
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmuro à pobre agulha:
– Anda! Aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor, que me disse, abanando a cabeça:
– Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
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Atividade 1 – Leitura silenciosa. Esta é básica para todos os níveis e deve ser utilizada como introdução para as atividades seguintes.
Objetivo desta atividade:
- treino da leitura silenciosa
- entendimento da mensagem do texto
- ler textos de escritores brasileiros como Machado de Assis
- acostumar os alunos à leitura, como uma atividade prazerosa.
Tempo de execução previsto: 60 minutos
Execução da atividade:
a) Distribua o texto para todos os alunos, que devem fazer uma leitura silenciosa. Não permita nenhum barulho ou conversa durante esse período. A leitura deve ser realmente silenciosa. Às vezes alguns alunos lêem baixinho e isto não é conveniente por dois motivos: atrapalha a concentração do colega ao lado e do próprio aluno que não consegue ler apenas com os olhos e a mente.
b) Após a leitura silenciosa, divida a turma em grupos com o mínimo de três e máximo de cinco alunos. Cada grupo deve ter em mãos um pequeno dicionário de português. O momento agora é de procura do significado das palavras que os alunos não conhecem. Cada membro do grupo deve identificar as palavras que não conhece e escrevê-las no caderno. Após isso, o grupo faz um levantamento das palavras e passa a procurá-las no dicionário. Naturalmente que esse levantamento é feito para que não se perca tempo procurando a mesma palavra várias vezes. Às vezes, um dos alunos sabe o significado e informa ao outro que não sabe, e se houver dúvidas, o dicionário deve ser consultado.
c) Ainda dentro do grupo, os alunos devem definir qual a lição que o texto ensina. Devem escolher um colega para apresentar ao grande grupo o que entenderam.
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ATIVIDADE 2 – Leitura em voz alta. Esta atividade necessita de preparação prévia por parte dos alunos e do professor.
Objetivo desta atividade:
- Treino da pronúncia correta das palavras em português.
- Treino da emissão correta das frases, de acordo com a pontuação existente.
- Ajuda aos alunos com dificuldade de falar em público.
Tempo de execução: 60 minutos. O tempo previsto para as fases 1 e 2 não estão computadas neste tempo de 60 minutos.
Execução da atividade:
FASE 1 – O professor, em dia anterior, deve ler o texto em voz alta, para a turma, fazendo todas as inflexões de voz que o texto indica, de acordo com a pontuação existente no texto. Isto servirá de modelo aos alunos que farão esta leitura posteriormente.
FASE 2 – Divida a turma em grupo de 5 alunos. Cada aluno do grupo terá uma missão específica:
1 aluno lerá a fala da agulha
1 aluno lerá a fala da linha
1 aluno lerá a fala do alfinete
1 alunio lerá a fala do professor do texto
1 aluno lerá as partes do texto fora dos diálogos
Esses alunos devem definir quem lerá o quê e reunir-se para praticar a leitura, juntos, de preferência fora do horário das aulas. O professor pode indicar isso como tarefa para casa, pois eles deverão fazer esta leitura, posteriormente, diante da turma e do professor. O grupo também pode pedir orientação de outras pessoas como os pais e amigos, nesse período de treino.
FASE 3 – Em dia previamente determinado, o professor deve sortear um grupo apenas, o qual fará a leitura do texto, diante da turma, como foi especificado.
FASE 4 – Ao final, os grupos que não se apresentaram deverão fazer uma avaliação da apresentação feita, tendo como parâmetro de critério os objetivos A e B da atividade.
Observação: Se houver tempo, outros grupos podem fazer a leitura. Entretanto, isto pode se tornar muito enfadonho num grupo muito grande. O melhor a fazer, é utilizar esta mesma técnica em outros textos que se prestem ao formato e onde outros alunos terão a oportunidade de apresentar-se.
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