ROTEIRO N° 24
1 – TEMA: Noções de Morfologia. Verbos regulares, irregulares, defectivos, anômalos, abundantes e auxiliares.
2 – PRÉ-REQUISITO:
- Ter concluído, com êxito, o Roteiro 23 desta série.
- Ler com compreensão.
3 – META: Ao final do estudo, você deverá ser capaz de:
- interpretar textos
- identificar a classificação dos verbos de acordo com sua flexão e paradigmas
- conjugar verbos nas pessoas, tempos e modos existentes.
4 – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com entendimento é pré-requisito para se aprender qualquer coisa através da leitura. Por isso, leia o texto do anexo A para treinar sua interpretação. Embora a leitura dos anexos em si seja também interpretação de texto, ela é voltada para uma finalidade mais específica que é a aprendizagem dos conceitos gramaticais. O texto do Anexo A é mais genérico e serve de treinamento para a compreensão geral da língua. Portanto, faça o seguinte:
a) Tenha um dicionário de Português ao seu alcance, para consultá-lo sobre as palavras que você desconhece o significado;
b) Procure um lugar sossegado para ler os textos e fazer os exercícios;
c) Leia primeiro o texto; faça em seguida os exercícios; compare suas respostas com o gabarito e veja o que errou; retorne ao texto para verificar o porquê do erro.
5 – PÓS-AVALIAÇÃO: Após ter feito o estudo dos textos e os exercícios, responda às questões propostas na Auto-avaliação. Creio que você agora, acertará todas. Caso isso não aconteça, consulte as orientações dadas nas Atividades Suplementares.
6 – ATIVIDADES SUPLEMENTARES: Se você não conseguiu alcançar 80 pontos na Pós-avaliação, volte à leitura dos textos, agora com mais atenção. Sem pressa. A leitura com compreensão é a base da aprendizagem.
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ANEXO A – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
MODOS DE DIZER
1. Uma vez um rei sonhou que todos os seus dentes lhe foram caindo da boca, um após outro, até não ficar nenhum. Era no tempo em que havia magos e adivinhos. O rei mandou chamar um deles, referiu-lhe o sonho e pediu-lhe que o decifrasse. O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:
2. – Saiba Vossa Majestade que a significação do seu sonho é a seguinte: está para lhe suceder uma grande infelicidade. Todos os seus parentes, a rainha, os seus filhos, netos, irmãos, todos vão morrer sem ficar um só ante os olhos de Vossa Majestade.
3. O rei entrou em cólera, ficou muito irritado e, chamando os guardas do palácio, mandou decepar a cabeça do adivinho que lhe profetizara coisas tão tristes.
4. Estava o rei muito acabrunhado com o vaticínio, quando se aproximou um cortesão e lhe aconselhou que consultasse outro adivinho, porque a interpretação do primeiro podia estar errada e não devia Sua Majestade se afligir em vão.
5. O rei adotou o conselho, mandou chamar outro mago e lhe narrou o mesmo sonho, pedindo que o decifrasse.
6. O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:
7. – Saiba Vossa Majestade que o seu sonho significa o seguinte: Vossa Majestade terá muitos anos de vida. Nenhum dos seus parentes lhe sobreviverá. Nem mesmo o mais moço e mais forte deles terá o desgosto de chorar a perda de Vossa Majestade.
8. O rei, muito satisfeito, mandou encher o adivinho de presentes, deu-lhe muitas moedas de ouro, muitos diamantes, roupas de seda bordadas e um palácio para morar, nomeando-o adivinho oficial do reino.
9. No entanto, o segundo mago, que recebeu tais prêmios, disse a mesma coisa que o primeiro, que foi degolado. A única diferença foi a linguagem que ele empregou. Esta fez que ele recebesse prêmio em vez de castigo.
(Mário Bachelet. Antologia Portuguesa. 2a. Edição, São Paulo, FTD, 1965)
1. Assinale a opção que completa a frase:
Cada um dos magos, antes de expor ao rei o significado do sonho, levou a mão à testa para, com esse gesto, indicar:
a. ( ) medo da reação do rei. b. ( ) concentração do pensamento
c. ( ) respeito diante do rei d. ( ) indecisão sobre o que falar
2. Após ouvir o vaticínio do primeiro mago, o rei ficou acabrunhado. Por quê?
3. Um cortesão deu um conselho ao rei, mas não sabemos com que palavras ele realmente se expressou. Coloque-se no lugar do cortesão e redija a frase que ele deve ter dito ao rei.
4. O segundo adivinho não provocou a irritação do rei. Por quê?
5. O segundo mago deu a mesma interpretação ao sonho que o primeiro deu. Entretanto, a explicação do primeiro deixou claro ao rei que seus familiares morreriam antes do tempo normal. Que impressão causou no rei a explicação do segundo?
6. Qual a diferença existente entre a explicação do primeiro e do segundo adivinho?
7. O que o texto de Mário Bachelet ensina?
8. Localize as palavras do texto que tenham estes significados:
a) traduzir, interpretar
b) expirar, falecer
c) cortar o pescoço, separando a cabeça
d) aceitar, seguir, atender
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GABARITO
Questão 1. Letra b
Questão 2. Porque soube que logo perderia todos os familiares.
Questão 3. Resposta pessoal. Sua frase deve ser redigida mais ou menos assim:
Vossa Majestade não deve ficar tão triste. É melhor consultar outro mago, pois quem sabe se aquele adivinho errou na sua interpretação?
Questão 4. Porque apresentou o significado do sonho de modo agradável.
Questão 5. O rei afligiu-se porque percebeu, antecipadamente, a dor que poderia sofrer com a perda de seus familiares.
Questão 6. A diferença entre a explicação do primeiro e do segundo adivinho foi a ênfase dada na transmissão da mensagem e conseguentemente a linguagem usada. O primeiro mago enfatizou o lado ruim do fato (a morte de todos os familiares do rei). O segundo mago enfatizou o lado bom do fato (o rei iria viver muito).
Questão 7. Que para tudo há dois modos de dizer algo: o desagradável e o agradável. O agradável é sempre compensador.
Questão 8. a) decifrar (parágrafo 1)
b) morrer (parágrafo 2)
c) decepar (parágrafo 3)
d) adotar ( parágrafo 5)
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ANEXO B – CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS: regulares, irregulares, defectivos, anômalos, abundantes e auxiliares.
De acordo com a sua flexão, os verbos podem ser:
1. REGULARES – quando flexionam-se de acordo com o paradigma da sua conjugação, não havendo alteração no seu radical e nas desinências verbais. Vimos isso no Roteiro 23.
2. IRREGULARES – São verbos que não seguem o paradigma dos verbos regulares na sua totalidade, apresentando alterações em seu radical e em algumas desinências.
Ex: estar – eu estou; fazer – eu faço; pedir – eu peço (presente do indicativo)
O paradigma dos verbos regulares da 1ª, 2ª e 3ª conjugações não são totalmente seguidos pelos verbos dos exemplos dados. Veja:
verbo amar – regular (Presente do indicativo)
eu am-o, nós am-amos tu am-as, vós am-ais ele am-a, eles am-am |
Verbo estar – irregular(presente do indicativo)
Eu est-ou nós est-amos Tu est-ás vós est-ais Ele est-á eles est-ão |
Verbo vender – regular (presente do indicativo
Eu vend-o nós vend-emos Tu vend-es vós vend-eis Ele vend-e eles vend-em |
Verbo fazer – irregular(presente do indicativo)
Eu faç-o nós faz-emos Tu faz-es vós faz-eis Ele faz eles faz-em |
verbo partir – regular (presente do indicativo)
eu part-o nós part-imos tu part-es vós part-is ele part-e eles part-em |
Verbo pedir – irregular(presente do indicativo)
Eu peç-o nós ped-imos Tu ped-es vós ped-is Ele ped-e eles ped-em |
Preste atenção que:
- houve alteração na desinência da 1ª pessoa do presente do verbo estar (eu est-ou) e no radical dos verbos fazer e pedir (eu faço; eu peço) em relação à desinência e radical do verbo regular (eu am-o; eu part-o);
- num verbo irregular pode haver determinadas formas perfeitamente regulares.
É preciso não confundir irregularidade verbal com adaptacão gráfica que aparecem nas formas verbais e que visam indicar a uniformidade de pronúncia dentro do nosso sistema de escrita. Assim verbos como: ficar – eu fiqu-ei; chegar – eu chegu-ei; vencer – eu venç-o, são simples acomodações gráficas e não irregularidades dos verbos.
No caso dos verbos fazer e pedir, serão considerados irregulares porque as formas faço e peço não são adaptações fônicas e sim um desvio dos radicais faz- e ped-.
Recomendação: O estudo dos verbos irregulares necessita de dedicação e pesquisa nas boas gramáticas existentes nas livrarias e bibliotecas, pois o assunto, às vezes, se apresenta muito controverso.
3. DEFECTIVOS – são verbos que não possuem todos os tempos e pessoas, isto é, não têm a conjugacão completa, e a sua maioria é encontrada na 3a. conjugação: – ir. Tal fato se deve a várias razões, entre elas:
a) a ideia expressa pelo verbo só pode ser aplicada a 3a. pessoa do discurso como:
- Os verbos que exprimem fenômenos da natureza como chover, trovejar, amanhecer, anoitecer, nevar, ventar.
- Os verbos que indicam vozes de animais: latir, cacarejar, piar
Observação: Em sentido figurado, tanto os verbos que exprimem fenômenos da natureza como os que designam vozes de animais podem aparecer em todas as pessoas.
Ex: “Eu amanheço pensando em ti,
Eu anoiteço pensando em ti…” (Nelson Gonçalves, cantor popular)
b) a forma verbal apresenta pronúncia desagradável ou confunde-se com outra forma verbal de emprego mais frequente.
Ex: verbo remir – eu remo (?) ou eu rimo (?)
- A primeira forma – eu remo – confunde-se com a 1a. pessoa do presente do indicativo do verbo remar – eu remo, isto é, fazer uma canoa movimentar-se na água.
- A segunda forma – eu rimo – refere-se à 1a. pessoa do presente do indicativo do verbo rimar, isto é, fazer rimas poéticas.
Portanto, não se usa a 1a. pessoa do presente do indicativo do verbo remir. E por esse motivo ele é considerado um verbo defectivo.
Como os verbos defectivos se caracterizam pela falta de pessoas e tempos em sua conjugação, e quando precisamos usar qualquer um desses verbos nas formas que não são usuais, a língua oferece o recurso de substituirmos essas formas, por verbos de sentido aproximado (sinônimo) ou usar um verbo auxiliar de modo a formar o que chamamos de tempo composto.
4. ANÔMALOS – são verbos que possuem formas próprias de radical e desinência, isto é, são totalmente diferentes dos verbos regulares de sua conjugação. Diferentemente dos verbos defectivos, os anômalos possuem todas as pessoas, tempos e modos. Ex: ser, ir.
Abaixo, damos a conjugação dos verbos ser e ir para você observar como são diferentes do paradgima dos verbos regulares. Por isso são chamados de anômalos (que se origina da palavra anomalia, que significa irregularidade, anormalidade). Às vezes, os verbos anômalos possuem a mesma forma para indicar pessoas e tempos diferentes. Isto acontece entre o verbo ser e ir. Só se vai saber se é verbo ser ou ir, de acordo com o sentido da frase.
modo | tempo | Verbo ser | Verbo ir |
indicativo | presente | Sou, és, é,
somos sois, são |
Vou, vás, vai,
vamos, ides, vão |
Pretérito
perfeito |
Fui, foste, foi,
fomos, fostes, foram |
Fui, foste, foi,
fomos, fostes, foram |
|
Pretérito
imperfeito |
Era, eras, era, éramos, éreis, eram | ia, ias, ia, íamos, íeis, iam | |
Pretérito mais
que perfeito |
Fora, foras, fora, fôramos, fôreis,
foram |
Fora, foras, fora, fôramos, fôreis,
foram |
|
Futuro do
presente |
Serei, serás, será, seremos, sereis, serão | Irei, irás, irá,
iremos, ireis, irão |
|
Futuro do
pretérito |
Seria, serias,
seria, seríamos, seríeis, seriam |
Iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam | |
subjuntivo | Presente (que) | Seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam | Vá, vás, vá,
vamos, ides, vão |
Imperfeito (se) | Fosse, fosses, fosse, fôssemos, fosseis, fossem | Fosse, fosses, fosse, fôssemos, fosseis, fossem | |
Futuro (quando) | For, fores, for, formos, fordes, forem | For, fores, for,
formos, fordes, forem |
Você deve ter observado que o pretérito perfeito e o pretérido mais que perfeito do modo indicativo assim como o imperfeito e o futuro do modo subjuntivo possuem formas iguais para os verbos ser e ir. Como dissemos, você só vai saber quando está empregando um ou outro, pelo sentido da frase. Veja os exemplos:
. Eu fui professor por muitos anos. (verbo ser)
. Eu fui para Manaus. (verbo ir)
. Se eu fosse professor… (verbo ser)
. Se eu fosse para Brasília… (verbo ir)
. Quando eu for prefeito… (verbo ser)
. Quando eu for embora desta cidade… (verbo ir)
5. ABUNDANTES – são verbos que possuem duas ou mais formas equivalentes. Isso ocorre, principalmente, no modo PARTICÍPIO. Os gramáticos costumam classificar essas formas como particípio regular e irregular.
É chamado de particípio regular a forma cuja terminação é –ado (para verbos da 1ª conjugação) ou –ido (para verbos da 2ª e 3ª conjugações). Particípio irregular é aquele criado por analogia com um modelo pré-existente, e às vezes pode ser classificado como um adjetivo.
Abaixo, damos uma lista desses verbos e suas formas duplas de particípio:
Verbo | Participio regular | Particípio irregular |
abrir
Aceitar Acender Arrepender Brigar Cavar Desenvolver Desabrir Eleger envolver Entregar Enxugar Erigir escrever Expressar exprimir Expulsar Extinguir Findar Frigir Fritar Ganhar Gastar Haver Imprimir inserir isentar juntar limpar matar negar oprimir pagar pasmar pegar prender querer revolver salvar suspender tingir vagar validar |
abrido
Aceitado Acendido Arrependido Brigado Cavado Desenvolvido Desabrido Elegido envolvido Entregado Enxugado Erigido escrevido Expressado exprimido Expulsado Extinguido Findado Frigido Fritado Ganhado Gastado Havido Imprimido inserido isentado juntado limpado matado negado oprimido pagado pasmado pegado prendido querido revolvido salvado suspendido tingido vagado validado |
aberto
Aceito Aceso – – – – – – – – – – – – – – – desenvolto desaberto eleito envolto entregue enxuto erecto escrito expresso expresso expulso extinto findo frito frito ganho gasto – – – – – – – impresso inserto isento junto limpo morto – – – – – – – opresso pago pasmo pego preso – – – – – – – revolto salvo suspenso tinto vago válido |
Obs: O uso do particípio irregular, no Brasil, está cada vez mais corriqueiro na fala e na escrita.
6. AUXILIARES – são verbos desprovidos de total ou parcial significação própria, e se juntam às formas nominais dos verbos (infinitivo, gerúndio e particípio) para com eles constituírem locuções verbais. Na locução verbal, somente o verbo auxiliar é o que recebe as flexões de pessoa, número, tempo e modo. A locução verbal pode ser substituida pela forma simples do verbo principal, na frase. Veja os exemplos:
Tenho escrito a meus pais. (verbo auxilar ter + particípio do verbo escrever) Ou: Escrevo a meus pais.
Terei de escrever a meus pais. (verbo auxiliar ter + infinitivo do verbo escrever) Ou: Escreverei a meus pais.
Estava escrevendo a meus pais. (verbo auxiliar estar + gerúndio do verbo escrever) Ou: Escrevia a meus pais.
Os principais verbos auxiliares são: ter, ser, haver e estar, e como já vimos, também podem ser enquadrados em outras classificações aqui estudadas.
É importante o conhecimento da classificação dos verbos em português, mas, importante mesmo é saber empregá-los corretamente no dia-a-dia da nossa comunicação escrita ou oral.
Vamos aos exercícios!
A. Preencha as lacunas com a forma verbal indicada entre parênteses:
1) Eles _______________ o material. (trazer – pretérito perfeito do indicativo)
2) Nós _______________ o livro. (trazer – pretérito perfeito do indicativo)
3) Ela ________________ a bolsa. (trazer – pretérito perfeito do indicativo)
4) Ela ________________ de roupa todos os dias. (variar – presente do indicativo)
5) Eu ______________ de diversão toda semana. (variar – presente do indicativo)
6) Nós _____________ de carro todo ano. (variar – presente do indicativo)
7) Eu _____________ pelos jardins. (passear – presente do indicativo)
8) Nós ____________ pela praça. (passear – presente do indicativo)
9) Tu ______________ pelas ruas. (passear – presente do indicativo)
10) Se eu ____________ ao segundo andar, a ______________.
(subir – futuro do subjuntivo)………………(encontrar – futuro do presente do indicativo)
11) Se nós ___________ na torre, ___________ tontos.
(subir – futuro do subjuntivo)……(ficar – futuro do presente do indicativo)
12) Se eles ___________ ao céu, de balão, __________ perigo.
(subir – futuro do subjuntivo)………………(correr – futuro do presente do indicativo)
13) Ele ____________ a casa. (negociar – pretérito perfeito do indicativo)
14) Eu _____________ meus bens. (negociar – pretérito perfeito do indicativo)
15) Nós _____________ aquele terreno. (negociar – pretérito perfeito do indicativo)
16) Eu ______________ sua cortesia. (apreciar – pretérito perfeito do indicativo)
17) Nós _____________ sua gentileza. (apreciar – pretérito perfeito do indicativo)
18) Tu _______________ o convite. (apreciar – pretérito perfeito do indicativo)
B. Preencha as lacunas com o verbo defectivo dado entre parênteses, nas formas indicadas. Se não houver a forma verbal indicada, use um sinônimo ou uma forma verbal equivalente.
1. Eu ______os desenhos com bastante capricho. (colorir – presente do indicativo)
2. A folhagem ___________a paisagem da praça. (colorir – presente do indicativo)
3. Ninguém aceita que eu ___________ a casa. (demolir – presente do indicativo)
4. Nós __________ o uso de material didático tóxico nas escolas. (abolir – presente do indicativo)
5. Eu ______________ os bens que perdi. (reaver – presente do indicativo)
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GABARITO:
Questão A
1) trouxeram 2) trouxemos 3) trouxe 4) varia 5) vario
6) variamos 7) passeio 8) passeamos 9) passeias 10) … subir …. encontrarei.
11) … subirmos … ficaremos 12) … subirem … correrão … 13) negociou 14) negociei
15) negociamos 16) apreciei 17) apreciamos 18) apreciaste
Questão B.
1. Eu pinto os desenhos com bastante capricho. (colorir – presente do indicativo)
a forma pedida deste verbo não é usual ou não existe (eu coloro). Melhor substituir por um verbo de significado semelhante como pintar ou pelo tempo composto estou colorindo.
2. A folhagem colore a paisagem da praça. (colorir – presente do indicativo)
3. Ninguém aceita que eu derrube a casa. (demolir – presente do subjuntivo)
a forma pedida deste verbo não é usual ou não existe (que eu demula). Melhor substituir por um verbo de significado semelhante como derrubar ou pelo tempo composto (que eu vá demolir)
4. Nós abolimos o uso de material didático tóxico nas escolas. (abolir – presente do indicativo)
5. Eu recupero os bens que perdi. (reaver – presente do indicativo)
a forma pedida deste verbo não é usual ou não existe (eu reavo). Melhor substituir por um verbo de significado semelhante como recuperar ou pelo tempo composto (eu tenho reavido)
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LEITURA SUPLEMENTAR
“O trecho trata de um assunto bastante importante: os processos de mudança de uma língua por força social. Valores, hábitos, cultura, organização social, o mundo se transforma, exigindo da língua também novas formas de expressão. Além disso, a língua varia dependendo da origem socioeconômica, da faixa etária, da escolaridae, do gênero ou mesmo do lugar onde é utilizada. Assim, a gramática normativa – ou seja, a que descreve o modo como uma língua deve funcionar – trata apenas da variedade culta. Mas nem sempre consegue tratar de aspectos das outras variedades, ou mesmo das novidades que um povo pode inventar para expressar as mudanças do mundo.”
(MONTEIRO LOBATO. Emília no País da Gramática. 2a. Edição Comentada, Editora Globo, São Paulo, SP, 2009, pág. 54)
NO ACAMPAMENTO DOS VERBOS
– Agora iremos visitar o Campo de Marte, onde vivem acampados os Verbos, uma espécie muito curiosa de palavras. Depois dos Substantivos são os Verbos as palavras mais importantes da língua. Só com um Nome e um Verbo já podem os homens exprimir uma ideia. Eles formam a classe militar da cidade.
– Mas que é um Verbo, afinal de contas? – perguntou Pedrinho.
– Verbo é uma palavra que muda muito de forma e serve para indicar o que os Substantivos fazem. A maior parte dos Verbos assume 65 formas diferentes.
– Nesse caso são os camaleões da língua – observou Emília. – Dona Benta diz que o camaleão está sempre mudando de cor. Sessenta e cinco formas diferentes! Isso até chega a ser desaforo. Os Nomes e os Adjetivos só mudam seis vezes – para fazer o Gênero, o Número e o Grau.
– Pois os Senhores Verbos até cansam a gente de tanto mudar – disse o rinoceronte. – São palavras políticas, que se ajeitam a todas as situações da vida. Moram aqui em quatro grandes acampamentos, ou campos de Conjugação.
Os quatro acampamentos ocupavam todo o Campo de Marte. Cada um trazia um letreiro na entrada. Emília leu o letreiro mais próximo – Acampamento dos Verbos da Primeira Conjugação. Em letras menores vinha um aviso: Só é permitida a entrada aos Verbos de Infinito1 terminado em Ar.
– Que quer dizer Infinito1? – Indagou Narizinho.
– É uma das 65 formas diferentes dos Verbos, e a que dá nome a toda a tribo.
O acampamento imediato era o da Segunda Conjugação, para Verbos terminados em ER. O acampamento seguinte era o da Terceira Conjugação, para verbos terminados em IR. E o último acampamento era o da Quarta Conjugação2, para os verbos terminados em OR.
– Os últimos serão os primeiros – disse Emília. – Vamos começar a nossa visita por este último.
Dirigiram-se todos para o acampamento da Quarta Conjugação2, mas o desapotamento foi grande. Estava quase completamente vazio. Apenas viram lá o Verbo PÔR e sua família.
– Onde anda o pessoal desta Conjugação? – perguntou a boneca. – Em alguma guerra?
– Estão todos aqui – disse Quindim. – Este acampamento pertence exclusivamente ao Verbo Pôr e sua família.
– Ora esta! – exclamou Narizinho. – Uma Conjugação inteira para um Verbo só?
– Pois é verdade. Nesta Conjugação só existe PÔR e seus parentes COMPOR, PROPOR, DISPOR, DEPOR, ANTEPOR, SUPOR e outros do mesmo naipe. Antigamente, PÔR pertencia à Segunda Conjugação e chamava-se POER. Mas o tempo, que tanto estraga e muda os verbos como tudo o mais, fez que apodrecesse e caísse o E de Poer. Ficou PÔR, como hoje está – e os gramáticos tiveram de criar para ele uma Conjugação nova.
– Seria mais simples fabricarem um E novo, de pau, para substituir o que apodreceu – lembrou Emília.
– Parece simples, mas não é. Os gramáticos mexem e remexem com as palavras da língua e estudam o comportamento delas, xingam-nas de nomes rebarbativos, mas não podem alterá-las. Quem altera as palavras, e as faz e desfaz, e esquece umas e inventa novas, é o dono da língua – o Povo. Os gramáticos, apesar de toda a sua importância, não passam dos “grilos” da língua.
– Nesse caso – insistiu Emília -, era deixar o PÔR lá mesmo com um letreirinho no pescoço: “Ele é POER; se está PÔR, é porque o E apodreceu e caiu.” Mas vamos ver outro acampamento.
Foram para o acampamento da Segunda Conjugação. Oh, lá sim! Estava coalhado de Verbos, a ponto de os meninos nem poderem andar. O momento era bom. O batalhão do Verbo TER, que é dos mais importantes, ia desfilar. Uma corneta soou e o desfile teve começo.
Esse batalhão cumpunha-se de 65 praças, ou Pessoas, distribuídas em companhias, ou Modos, e em pelotões, ou Tempos. Abria a marcha o Modo Indicativo, com trinta soldados repartidos em cinco Tempos. Na frente de todos vinha o Tempo Presente, composto de seis soldadinhos, cada qual com um Pronome no bolso. Os Verbos não sabem andar sós; vivem ligados a alguém ou a alguma coisa, que é o Sujeito; e quando o Sujeito não está presente, botam em lugar dele um Pronome.
Os nomes dos seis soldadinhos do Tempo Presente eram TENHO, TENS, TEM, TEMOS, TENDES e TÊM, e os Pronomes que traziam no bolso eram EU, TU, ELE, NÓS, VÓS e ELES. Seis soldadinhos vivos e enérgicos, que marchavam muito seguros de si.
– Bravos! – gritou Emília. – Pelo jeito de marchar a gente vê que eles têm mesmo…
Em seguida veio o Segundo Tempo, cujo nome era Pretérito Imperfeito; tinha igual número de soldadinhos, ou Pessoas, embora menos jovens e com caras menos vivas. Chamavam-se TINHA, TINHAS, TINHA, TÍNHAMOS, TÍNHEIS e TINHAM.
– Esses não têm – tinham !… observou Pedrinho. – Por isso estão meio jururus.
Depois veio o Terceiro Tempo, chamado Pretérito Perfeito, composto igualmente de seis soldados de olhos fundos, amarelos, magros, com expressão de medo na cara. Eles eram TIVE, TIVESTE, TEVE, TIVEMOS, TIVESTES e TIVERAM.
– Estou vendo! – comentou Emília. – Tiveram, já não têm mais nada, os bobos. Benfeito! Quem manda…
– Quem manda o quê, Emília? – indagou Narizinho.
– Quem manda perderem o que tinham! Agora, aguentem!
Depois passou o quinto Tempo, chamado Futuro3 e foram recebidos com palmas por serem soldadinhos dos mais alegres e esperançosos – TEREI, TERÁS, TERÁ, TEREMOS, TEREIS e TERÃO.
– Estes são espertos – disse Pedrinho. – Sabem contentar todo mundo. Viva o Futuro!…
Estava terminado o desfile do Modo Indicativo, que exprime o que é, ou a realidade do momento. Houve um pequeno descanso antes de começar o desfile do Modo Condicional4, muito mais modesto que o outro, pois se compunha apenas de seis soldados – TERIA, TERIAS, TERIA, TERÍAMOS, TERÍEIS e TERIAM. Emília não gostou deste Modo; achou-o com cara de mosca-morta.
Houve nova pausa, terminada a qual desfilou o Modo Imperativo, que era orgulhosíssimo. Compunha-se apenas de dois soldados carrancudos, com ar mais autoritário que o do próprio Napoleão5. Eram eles o TEM e o TENDE.
– Só fazem isso – explicou Quindim. – Mandam que o pessoal tenha.
– Tenha que coisa? – indagou Emília.
– Tudo quanto há. Quando o Imperativo diz para você com voz de ditador: TEM JUÍZO, EMÍLIA! Ele não está pedindo nada – está mandando como quem pode, ouviu?
– Fedorento!… exclamou a boneca com um muxoxo de pouco-caso.
Depois desfilou o Modo Subjuntivo, com três Tempos de seis Pessoas cada um. O Primeiro Tempo, de nome Presente, trazia os soldados TENHA, TENHAS, TENHA, TENHAMOS, TENHAIS e TENHAM.
Em seguida desfilou o Segundo Tempo, de nome Pretérito Perfeito com seus seis soldados – TIVESSE, TIVESSES, TIVESSE, TIVÉSSEMOS, TIVÉSSEIS e TIVESSEM.E por fim desfilou o Terceito Tempo, ou Futuro, com seus seis soldados – TIVER, TIVERES, TIVER, TIVERMOS, TIVERDES e TIVEREM. E pronto! Acabou-se Modo Subjuntivo, que é o Modo que indica alguma coisa possível.
– Qual o que vem agora? – perguntou o menino.
– Vai desfilar agora o Modo Infinitivo – respondeu Quindim. Esse Modo só tem dois Tempos – o Presente Impessoal, com um soldado único – TER; e o Presente Pessoal, com seis soldados – TER, TERES, TER, TERMOS, TERDES e TEREM.
– Hum!… – exclamou Emília quando viu passar, muito teso e cheio de si, o soldadinho TER, do Presente Impessoal. – Esse é o tal Infinito, pai de todos e o que dá nome ao Verbo. Um verdadeiro general. Merece parabéns pela disciplina da sua tropa.
Fechava a marcha do Modo Infinitivo, o Particípio Presente6, composto do soldado TENDO, seguido logo depois do Particípio Passado7, composto também de um só soldado, um veterano muito velho, com o peito cheio de medalhas – TIDO.
– Parece o Garibaldi – asneirou a boneca. – Escancalhado, mas glorioso.
Estava finda a revista a revista do Verbo TER. O rinoceronte perguntou aos meninos se queriam assistir a outras.
– Não – respondeu Narizinho. – Quem vê um Verbo, vê todos. Só quero saber que história é essa de Verbos Regulares e Irregulares. Estou notando ali uma cerca que separa uns dos outros.
– Verbos Regulares são os bem-comportados – explicou Quindim -, os que seguem as regras muito direitinho. Verbos Irregulares são os rebeldes, os que não se conformam com a disciplina. Esse senhor TER, por exemplo, é Irregular, visto como não segue o Paradigma da Segunda Conjugação.
– Que Paradigma é esse agora? – indagou Pedrinho.
– Cada Conjugação possui o seu Regulamento, ou Paradigma, a fim de que todos os verbos Regulares formem as suas Pessoas sempre do mesmo modo.
– Que Pessoas, Quindim?
– Os soldadinhos são as Pessoas dos Verbos, creio que já expliquei. TENHO, TENS, TEM, TEMOS, TENDES E TÊM, por exemplo, são as seis pessoas do Tempo Presente do Modo Indicativo.
– Com que então o tal TER é irregular, hein? Não parecia.
– E além de Irregular é Auxiliar. Os Verbos TER, SER, ESTAR e HAVER são chamados Verbos Auxiliares, porque, além de fazerem o seu serviço, ainda ajudam outros Verbos. Quando alguém diz: TENHO BRINCADO MUITO, está botando o Verbo TER como auxiliar do Verbo BRINCAR.
– E que outras qualidades de Verbo há?
– Muitas. Verbo é coisa que não acaba mais. Há verbos Defectivos, uns coitados com falta de Modos, Tempos ou Pessoas. Há os verbos Pronominais, que não sabem viver sem um Pronome Oblíquo adiante ou atrás, como QUEIXAR-SE. Sem esse SE, ou outro pronome, ele não se arruma na vida.
(MONTEIRO LOBATO. Emília no País da Gramática. 2a. Edição Comentada, Editora Globo, São Paulo, SP, 2009)
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Notas explicativas:
1. Infinito – O termo refere-se ao infinitivo, usado hoje para a forma nominal em que o verbo se apresenta sem nenhuma conjugação. É o nome do verbo.
2. Quarta Conjugação – Atualmente, a gramática não considera mais a existência de uma quarta conjugação para os verbos. Em português, verbos terminados em OR – como pôr e seus derivados, são considerados irregulares da 2ª conjugação.
3. Futuro – o tempo aqui, se refere ao atual Futuro do Presente do Modo indicativo.
4. Modo Condicional – essa classificação foi extinta e as formas passaram a fazer parte do Modo Indicativo conhecidas como Futuro do Pretérito.
5. Napoleão – imperador da França, entre o final do século XVIII e início do século XIX.
6. Particípio Presente – Hoje, conhecido como a forma nominal Gerúndio.
7. Particípio Passado – hoje conhecido apenas como a forma nominal de Participio.
Nossa! Muito bom mesmo. Explicou tudo muito bem! Parabéns para o autor!!
Amei! Excelente! Nossa!Tudo que eu estou precisando sobre os verbos… Muito obrigada de coração!
Muito bacana mesmo. Obrigado!!
Muito bom! Adorei estudar.