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Ensino FundamentalTEXTOS PARA INTERPRETAÇÃO

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 19 – A TROCA (Nível Fundamental)

By 16 October 20116 Comments

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 14 – A TROCA ( Nível Fundamental)

O passageiro dá uma gorjeta para o trocador ajudá-lo a resolver um problema. O que vai acontecer? Leia o texto para saber.

A TROCA

– Olha, eu sou o cara mais dorminhoco do mundo, entendeu? Vou entrando no ônibus e pego no sono. Ainda mais quando a viagem é de noite, entendeu? Quantas horas aí?

– Dez e quarenta.

– Pois é, o ônibus vai sair às onze, isto é, 23 horas, certo? Sinal de que vou puxar um ronco selado. Você é o trocador?

– Sim, senhor.

– Então, o seguinte: tome estas 1.000 pratas aqui pra me fazer um favor.

– Que favor?

– O ônibus vai é para o Rio, né?

– É.

– Dei bobeira e comprei passagem direta até o Rio. Mas acontece que tenho de descer em Juiz de Fora, pois tenho um negócio urgente pra resolver lá, amanhã de manhã.

– E daí?

– Eu quero que você me acorde quando o ônibus chegar em Juiz de Fora.

– Falou, senhor.

– Mas tem o seguinte: eu durmo feito uma pedra. E, quando sou acordado, fico uma fera. Sou desgraçado de nervoso quando me acordam . Mas aí é que você vai trabalhar: me acorde na marra, entendeu? Eu posso aprontar o maior banzé, mas você fique firme: me ponha pra fora nem que seja no tapa.

– Mas o senhor é nervoso assim?

– Claro, tou te falando, pô. Então ficamos combinados: você tá levando aí suas 1.000 pratas, entendeu? Pois é, quando chegar em Juiz de Fora, me acorde no peitoral, entendeu?, Na maior marra, entendeu? E me ponha pra fora do ônibus.

– Pelo jeito vai ser feio.

– Sei que vai. Mas não se importe. A sua obrigação é, digamos, me expulsar do ônibus. Eu fico nervoso uns dez minutos, depois volto ao normal. Posso até brigar com você, o chofer, seja lá quem for, mas me ponha pra fora, entendeu?

– Agora, entendi. Deixe comigo.

Dia seguinte, seis e pouco da manhã, o ônibus pára na rodoviária Novo Rio.

Os passageiros se apressam em descer, tirando as maletas das prateleiras, consertando a roupa, coisa e tal.

Quando o ônibus está quase vazio o trocador vê um passageiro dormindo pesadamente, numa poltrona.

Vai lá e, delicadamente, toca-lhe o ombro.

O passageiro nem se mexe.

O trocador resolve ser mais incisivo: sacode violentamente o passageiro.

– Vamos, companheiro, acorde que já chegamos.

O passageiro acorda estremunhado, limpa os olhos, coça o peito e olha para o lado de fora:

– Chegamos onde, imbecil?

– Ao Rio, pô.

– Ao Rio, desgraçado?

– Sim senhor, estamos no Rio.

O passageiro deu um pulo na cadeira e voou ao pescoço do trocador, começando um processo de estrangulamento.

– Desgraçado, fiedazunha, biltre, irresponsável, desnaturado. Eu te paguei 1.000 pratas pra você me acordar em Juiz de Fora e você me acorda no Rio? Eu te esfolo, eu te estrangulo, eu te estraçalho (…) Eu vou te…

Aí, vêm o chofer e uns poucos que ainda estavam no ônibus para exercer o sagrado direito de integrantes da nunca assaz turma do deixa-disso.

Segura daqui, pega ali, solta acolá, armou-se exemplar frege dentro do veículo.

Um passageiro, desses que não gosta de se envolver em brigas alheias, pegou sua maleta e foi saindo, olhando para trás a ver o final da altercação, quando um carreador, querendo ser amistoso, recebeu-o à porta do ônibus e comentou:

– Poxa, que passageiro nervoso, hein?- Nervoso? – perguntou, com ar irônico, o que estava descendo. – Você precisava ver, passageiro nervoso é o que desceu à força em Juiz de Fora…

(Márcio Rubens Prado. Crônicas Mineiras. São Paulo, Ática, 1984)

Após a leitura do texto e com o auxílio de um dicionário, resolva as questões a seguir.

1. Substitua cada palavra, em negrito, da frase abaixo por outra de igual sentido:

Tão logo se iniciou a altercação entre os dois dos integrantes do conjunto, o líder do grupo acordou e, mesmo estremunhado, conseguiu ser incisivo ao falar na questão disciplinar, conseguindo, assim, evitar o frege que se formava.

2. Dê continuidade ao preenchimento das lacunas com a palavra em negrito da frase anterior, em que deverá ser utilizada a terminação

–idade.  Exemplo:

a. O passageiro disse que volta ao normal depois.

b. Pode ser que volte à normalidade, mas isso não parece simples.

c. Pode não haver _________________ nisso, mas eu sou capaz de…

d. Não duvido da sua ___________________, mas essa ideia foi infeliz.

e. Ganhar mil pratas é ___________________? A grana chegou fácil.

f. Houve ___________________ até agora, mas o homem pode ficar feroz.

g. Pelas mil pratas eu enfrento a ____________________ dele. Eu sou responsável…

h. Então, use a sua _________________________, pois estamos em Juiz de Fora…

3. No texto aparecem três verbos: esfolar, estrangular e estraçalhar. Dê o significado de cada um.

4. Preencha as lacunas utilizando adequadamente uma das palavras abaixo:

Matinal, matutino/matutina, vesperal, vespertino/vespertina, noturno/noturna

  1. Durmo como uma pedra, ainda mais quando a viagem é _______________
  2. É duro levanter cedo par air à aula no turno _________________________
  3. Atenção, pessoal! Hoje, às quinze horas, haverá _____________dançante.
  4. Dormirei das oito às dezesseis horas para enfrentar o trabalho _______________
  5. Abri a janela e senti o frescor da brisa __________________ em meu rosto.
  6. Eu estudo até o meio-dia e posso trabalhar no período ______________________

5. Identifique, no texto, as palavras que possuem estes significados:

  1. fraco de inteligência, atrasado mental = ______________________
  2. vil, infame, desprezível = __________________________________
  3. desumano, cruel, insensível = ______________________________
  4. sarcástico, zombeteiro, gozador = ___________________________

6. Por que o passageiro deu gorjeta ao trocador se já tinha a passagem comprada?

7. Com as explicações do passageiro, o trocador pode antever a cena que ocorreria em Juiz de Fora e deu antecipadamente sua opinião. Qual foi?

a. (   ) Mas o senhor é nervoso assim?

b. (   ) Pelo jeito vai ser feio.

c. (   ) Agora entendi. Deixe comigo.

d. (   ) Sim, senhor, estamos no Rio.

8. O trocador tinha a obrigação de providenciar o desembarque do passageiro em Juiz de Fora? Explique.

9. Um dos passageiros revelou a causa da irritação do outro passageiro, ao final da viagem, com o seguinte comentário: “ – Você precisava ver, passageiro nervoso é o que desceu à força em Juiz de Fora…”. Esclareça o que aconteceu.

_______________________________________________________________________

GABARITO

Questão 1.

Tão logo se iniciou a discussão entre os dois dos componentes do conjunto, o líder do grupo acordou e, mesmo sonolento, conseguiu ser direto ao falar na questão disciplinar, conseguindo, assim, evitar o tumulto que se formava.

Questão 2.

a. O passageiro disse que volta ao normal depois.

b. Pode ser que volte à normalidade, mas isso não parece simples.

c. Pode não haver simplicidade nisso, mas eu sou capaz de…

d. Não duvido da sua capacidade, mas essa ideia foi infeliz.

e. Ganhar mil pratas é infelicidade? A grana chegou fácil.

f. Houve facilidade até agora, mas o homem pode ficar feroz.

g. Pelas mil pratas eu enfrento a ferocidade dele. Eu sou responsável…

h. Então, use a sua responsabilidade, pois estamos em Juiz de Fora…

Questão 3.

  1. esfolar – tirar a pele ou o couro
  2. estrangular – apertar o pescoço impedindo a respiração, sufocar.
  3. estraçalhar – despedaçar, fazer em pedaços com violência.

Questão 4.

  1. Durmo como uma pedra, ainda mais quando a viagem é noturna.
  2. É duro levantar cedo para ir à aula no turno matutino.
  3. Atenção, pessoal! Hoje, às quinze horas, haverá vesperal dançante.
  4. Dormirei das oito às dezesseis horas para enfrentar o trabalho noturno.
  5. Abri a janela e senti o frescor da brisa matinal/matutina em meu rosto.
  6. Eu estudo até o meio-dia e posso trabalhar no período vespertino.

Questão 5.

  1. fraco de inteligência, atrasado mental = imbecil
  2. vil, infame, desprezível = desgraçado, biltre
  3. desumano, cruel, insensível = desnaturado
  4. sarcástico, zombeteiro, gozador = irônico

Questão 6. Porque ele queria ficar em uma cidade antes daquela que constava na sua passagem como destino final. Como dormia pesadamente, pagou ao trocador um valor em dinheiro para que fosse acordado quando chegasse na cidade de Juiz de Fora, pois não é responsabilidade das empresa essse tipo de serviço.

Questão 7. Alternativa B

Questão 8. Sim, o trocador tinha a obrigação de cumprir o acordo, uma vez que aceitou a regras e o pagamento.

Questão 9. Deduz-se que o passageiro que foi colocado para fora do ônibus em Juiz de Fora não era o mesmo que havia solicitado o trabalho a ser feito pelo trocador. Como a descrição dada pelo passageiro de como reagiria ao ser acordado coincidiu com as atitudes daquele que foi expulso antes do final da viagem, não houve na ocasião nenhuma estranheza pois a reação já era esperada. O que o trocador não percebeu foi a troca de pessoas: outro passageiro foi expulso e aquele que deveria descer antes, só o fez no final da viagem mesmo. Ao final, houve dois passageiros insatisfeitos. O trocador cumpriu o acordo, mas com a pessoa errada.

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