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Ensino MédioTEXTOS PARA INTERPRETAÇÃO

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 32 – O PLANO (NÍVEL MÉDIO)

By 9 July 20127 Comments

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 32 – O PLANO  (Nível Médio)

José Martiniano de Alencar é o principal ficcionista do Romantismo no Brasil. Explorou a lenda, a história, os costumes dos brancos e índios, a política e a vida colonial. Seus romances são divididos em 4 grupos:  indianista, histórico, urbano e regionalista. A obra O Guarani, da qual retiramos o texto, faz parte do grupo indianista, onde explora o encontro/confronto entre a civilização europeia e a indígena, de que resultaria uma pretensa civilização brasileira.

O Plano

JOSÉ DE ALENCAR. O Guarani.

Editora Martin Claret, 2004, São Paulo, SP.

O fidalgo, livre do pesar de perder um amigo, assumira a sua costumada severidade, sempre que se tratava de uma falta grave.

– Cometeste uma grande imprudência, disse ao índio; fizeste sofrer teus amigos; expuseste a vida daqueles que te amam; não precisas de outra punição além desta.

– Peri ia salvar-te!

– Entregando-te nas mãos do inimigo?

– Sim!

– Fazendo-te matar por eles?

– Matar e…

O índio calou-se.

– É preciso explicares-te, para que não julguemos que o amigo inteligente e dedicado de outrora tornou-se um louco e um rebelde.

A palavra era dura; e o tom em que foi dita ainda agravava mais a repreensão severa que ela encerrava.

Peri sentiu uma lágrima umedecer-lhe as pálpebras:

– Obrigas Peri a dizer tudo!

– Deves fazê-lo, se desejas reabilitar-te na estima que te votava, e que sinto perder.

– Peri vai falar.

Álvaro entrava nesse momento tendo deixado no alto da esplanada os seus companheiros já livres do perigo, e quites por algumas feridas que não eram felizmente muito graves.

Cecília apertou a mão do moço com reconhecimento; Isabel enviou-lhe num olhar toda a sua alma.

As pessoas presentes se gruparam ao redor da poltrona de D. Antônio, em face do qual Peri, de pé, com a cabeça baixa, confuso e envergonhado como um criminoso, ia justificar-se.

Dir-se-ia que confessava uma ação indigna e vil; ninguém adivinhava que su-blime heroísmo, que concepção gigantesca havia nesse ato, que todos condenavam como uma loucura.

Ele começou:

“Quando Ararê deitou o seu corpo sobre a terra para não tornar a erguê-lo, chamou Peri e disse:

“Filho de Ararê, teu pai vai morrer; lembra-te que tua carne é a minha carne; que teu sangue é meu sangue. Teu corpo não deve servir o banquete do inimigo.

“Ararê disse, e tirou suas contas de frutos que deu a seu filho: estavam cheias de veneno; tinham nelas a morte.

“Quando Peri fosse prisioneiro, bastava quebrar um fruto, e ria do vencedor que não se animaria a tocar no seu corpo.

“Peri viu que a senhora sofria, e olhou as suas contas; teve uma ideia; a herança de Ararê podia salvar a vida de todos.

“Se tu deixasses fazer o que queria, quando a noite viesse não acharia um ini-migo vivo; os brancos e os índios não te ofenderiam mais.”

Toda a família ouvia esta narração com uma surpresa extraordinária; compreendiam dela que havia em tudo isto uma arma terrível, – o veneno; mas não podiam saber os meios de que o índio se servira ou pretendia servir-se para usar desse agente de destruição.

– Acaba! disse D. Antônio; por que modo contavas então destruir o inimigo?

– Peri envenenou a água que os brancos bebem, e o seu corpo, que devia servir ao banquete dos Aimorés!

Um grito de horror acolheu essas palavras ditas pelo índio em um tom simples e natural.

O plano que Peri combinara para salvar seus amigos acabava de revelar-se em toda a sua abnegação sublime, e com o cortejo de cenas terríveis e monstruosas que deviam acompanhar a sua realização.

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Após a leitura atenta do texto, responda às questões, assinalando a única resposta correta.

1. O episódio narrado nos assegura que seu protagonista é:

a. (   ) D.Antonio       b. (   ) Cecília       c. (   ) Peri        d. (   ) Álvaro

2.O fidalgo considera o índio Peri como um:

a. (   ) adversário      b. (   ) aliado        c. (   ) empregado     d. (   ) amigo

3. O índio cometeu uma falta:

a. (   ) fugindo ao combate

b. (   ) lutando sozinho

c. (   ) abandonando a família

d. (   ) expondo os amigos

4. As reticências da resposta do índio (Matar e…) devem completar-se com o verbo:

a. (   ) comer         b. (   ) beber       c. (   ) envenenar     d. (   ) morrer

5. O índio expôs a vida dos companheiros:

a. (   ) abandonando-os

b. (   ) diminuendo o número de combatentes

c. (   ) chamando para perto os inimigos

d. (   ) obrigando os amigos a salvá-lo

6. O fidalgo impôs ao índio um castigo:

a. (   ) físico      b. (   ) mental         c. (   ) moral         d. (   ) religioso

7. Desejando calar o que fizera, o ato do índio revela:

a. (   ) heroísmo       b. (   ) orgulho        c. (   ) vaidade      d. (   ) temeridade

8. O índio foi salvo por um grupo chefiado por:

a. (   ) Ararê      b. (   ) D. Antonio       c. (   ) Álvaro       d. (   ) um aimoré

9. A cena nos deixa descobrir que há um casal de apaixonados:

a. (   ) Álvaro e Cecília

b. (   ) Álvaro e Isabel

c. (   ) Dom Antonio e Isabel

d. (   ) Peri e Isabel

10. O grupo inimigo era composto por:

a. (   ) brancos    b. (   ) guaranis       c. (   ) aimorés      d. (   ) brancos e aimorés

11. Na prática da sua façanha, Peri valeu-se de um costume dos:

a. (   ) brancos       b. (   ) negros      c. (   ) índios     d. (   ) europeus

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Gabarito

1. c   2. D    3. B      4. D     5. D    6. C      7. A    8. C     9. B      10. D     11. C

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