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Ensino FundamentalTEXTOS PARA INTERPRETAÇÃO

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 38 – EM CÓDIGO

By 22 March 2013No Comments

EM CÓDIGO

(Fernando Sabino)

          Fui chamado ao telefone. Era o chefe de escritório de meu irmão:

          – Recebi, de Belo Horizonte, um recado dele para o senhor. É uma mensagem meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota. O senhor tem um lápis aí?

          – Tenho. Pode começar.

– Então lá vai. Primeiro: minha mãe precisa de uma nora.

– Precisa de quê?

– De uma nora.

– Que história é essa?

– Eu estou dizendo ao senhor que é um recado meio esquisito. Posso continuar?

– Continue.

– Segundo: pobre vive de teimoso. Terceiro: não chora, morena, que eu volto.

– Isso é alguma brincadeira.

– Não é não. Estou repetindo o que ele escreveu. Tem mais. Quarto: sou amarelo, mas não opilado. Tomou nota?

– Mas não opilado – repeti, tomando nota.  – Que diabo ele pretende com isso?

– Não sei não senhor. Mandou transmitir o recado, estou transmitindo.

– Mas você há de concordar comigo que é um recado meio esquisito.

         – Foi o que eu preveni ao senhor. E tem mais. Quinto: não sou colgate,  mas ando na boca de muita gente. Sexto: poeira é a minha penicilina. Sétimo: carona, só de saia. Oitavo…

        – Chega! – protestei, estupefato. – Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito idiota.

        – Deve ser carta em código, ou coisa parecida – e ele vacilou: Estou dizendo ao senhor que também não entendi, mas enfim… Posso continuar?

        – Continua. Falta muito?

       – Não, está acabando: são doze. Oitavo: vou, mas volto. Nono: chega à janela, morena. Décimo: quem fala de mim tem mágoa. Décimo primeiro: não sou pipoca mas também dou meus pulinhos.

         – Não tem dúvida, ficou maluco.

       – Maluco não digo, mas como o senhor mesmo disse, a gente até fica com ar meio idiota… Está acabando, só falta um. Décimo segundo: Deus, eu e o Rocha.

         – Que Rocha?

– Não sei. É capaz de ser a assinatura.

– Meu irmão não se chama Rocha, essa é boa!

– É, mas que foi ele que mandou, isso foi.

      Desliguei, atônito, fui até refrescar o rosto com água, para poder pensar melhor. Só então me lembrei. Haviam-me encomendado uma crônica sobre essas frases que os motoristas costumam pintar, como lema, à frente dos caminhões. Meu irmão, que é engenheiro e viaja sempre pelo interior fiscalizando obras, prometera ajudar-me, recolhendo em suas andanças farto e variado material. E ele viajou, o tempo passou, acabei esquecendo complemente do trato, na suposição de que o mesmo lhe acontecera.

        Agora, o material ali estava. Era só fazer a crônica. Deus, eu e o Rocha! Tudo explicado! Rocha era o motorista, Deus era Deus mesmo, e eu, o caminhão.

________________________________________________________

I – Marque com um X o sinônimo da palavra ou expressão destacada.

 

1. Em: “É uma mensagem meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota…”. A expressão em negrito pode ser substituída por:

a. (   ) assinalar          b.(   ) observar       c.(   ) escrever     d.(   ) guardar

2. Na frase: “Que história é essa?” , a palavra em negrito significa:

a.(   ) fato       b.(   ) complicação      c.(   ) chateação      d.(   ) anedota

3. Em: “… pobre vive de teimoso” , a expressão em negrito pode ser substituída por:

a.(   ) porque é persistente          b.(   ) porque é desobediente       c.(   ) porque é rebelde            d.(   ) porque é corajoso

4. Em: “Isso é alguma brincadeira.”  a palavra em negrito significa:

a.(   ) piada       b.(   ) passatempo      c.(   ) jogo     d.(   ) divertimento

5. Em: “Foi o que eu preveni ao senhor”, a palavra em negrito significa:

a.(   ) chegar antes de                    b.(   ) avisar com antecedência

c.(   ) impedir que se realize         d.(   ) aconselhar com consideração

6. Em: “…carona, só de saia.” , a expressão em negrito pode ser entendida como:

a.(   ) só se quiser usar saia       b.(   ) só se não usar calça comprida

c.(   ) só se for mulher              d.(    ) só se estiver de saia

7. Em: “Chega! – protestei, estupefato.” , a palavra em negrito significa:

a.(   ) afirmei      b.(   ) assegurei      c.(   ) reclamei      d.(   ) declarei

8. Em: “…protestei, estupefato.” , a palavra em negrito significa:

a. (   ) amedrontado     b.(   ) enraivecido        c.(   ) desolado       d.(   ) abobalhado

9. Em: “Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito idiota.” , a expressão em negrito tem o mesmo significado que:

a.(   ) como pessoa desocupada        b.(   ) como quem não quer nada

c.(   ) como irresponsável                   d.(   ) como bobo

10. Em: “Deve ser carta em código…” , a expressão em negrito pode ser entendida como:

a.(   ) sinais secretos              b.(   ) fórmulas mágicas       c.(   ) letras diferentes            d.(   ) palavras de outra língua

11. Em: “… e ele vacilou…”  a palavra em negrito significa:

a.(   ) caminhou sem firmeza         b.(   ) mostrou-se inseguro        c.(   ) estremeceu          d.(   ) abalou-se

12. Em: “…quem fala de mim tem mágoa…” , a palavra  em negrito significa:

a.(   ) pena      b.(   ) sofrimento      c.(   ) inveja       d.(   ) raiva

13. Em: “Desliguei atônito…”  a palavra em negrito significa:

a.(   ) atordoado         b.(   ) amedrontado          c.(   ) enfurecido         d.(   ) revoltado

14.Em: “… e viaja sempre pelo interior…”, a palavra em negrito significa:

a.(   ) que está dentro de             b.(   ) regiões distantes da capital        c.(   ) que é interno de        d.(  ) que se situa entre

15. Em: “…fiscalizando obras…” , a palavra em negrito significa:

a.(   ) vigiando     b.(   ) examinando    c.(   ) velando     d.(   ) cobrando

16. Em: “…recolhendo em suas andanças…”, a palavra em negrito significa:

a.(   ) recebendo      b.(   ) levando      c.(   ) classificando       d.(   ) reunindo

17. Em: “… suas andanças…”  a palavra em negrito tem o mesmo significado que em:

a.(   ) negócios    b.(   ) trabalhos     c.(   ) viagens     d.(   ) passos

18. Em: “…acabei me esquecendo completamente do trato…”  a palavra em negrito significa:

a.(   ) contrato      b.(   ) acordo      c.(   ) tratamento      d.(   ) promoção

19. Em: “…na suposição de que o mesmo lhe acontecera…” , a palavra em negrito significa:

a.(   ) ideia    b.(   ) observação     c.(   ) opinião     d.(   ) atenção

 

II – Marque com um X a alternativa correta de acordo com o texto.

20. O nome da crônica está ligado a uma frase enunciada pelo:

a.(   ) moço do escritório          b.(   ) narrador           c.(   ) irmão do narrador           d.(   ) motorista de caminhão

21. O rapaz do escritório, não tendo entendido a mensagem, refere-se a ela como sendo:

a.(   ) um recado maluco                        b.(   ) um recado confuso e longo

c.(   ) uma brincadeira esquisita         d.(   ) uma carta interessante

22. Ao dizer: “Isso é alguma brincadeira” , o narrador está pensando que:

a.(   ) estão querendo zombar dele           b.(   ) seu irmão ficou maluco

c.(   ) a mensagem é divertida                   d.(   ) o recado não é para ele

23. A palavra opilado refere-se à pessoa doente de opilação – doença provocada por uma espécie de parasita que se aloja no intestino e se alimenta de sangue, provocando, na pessoa doente, uma cor amarelada. A opilação é conhecida popularmente entre outros nomes, como amarelão. Na frase: “Sou amarelo, mas não opilado…” pode-se entender essa afirmação como:

a.(   ) minha doença não é amarelão                                                 b.(   ) minha cor amarela não é sinal de amarelão

c.(   ) minha cor não é tão forte como a cor do amarelão             d.(   ) minha cor lembra a cor do amarelão

24. Na frase: “Não sou colgate, mas ando na boca de muita gente”  a expressão em negrito pode ser entendida como:

a.(   ) Não sou famoso                  b.(   ) Não sou fofoqueiro        c.(   ) Não sou pasta de dentes      d.(   ) Não sou dentista

25. “Poeira é a minha penicilina”  é uma das frases que o irmão do narrador anotou de parachoques de caminhões. Em relação ao motorista que a usou como lema, podemos pensar que ela quer dizer:

a.(   ) A poeira me causa alergia

b.(   ) Não me incomodo com a poeira

c.(   ) Em mim, a poeira age como um tipo de remédio

d.(   ) A poeira é uma espécie de companheira de viagens

26. Quando o moço do escritório diz:”…dever ser carta em código…” , percebemos que ele:

a.(   ) pensa que a mensagem é uma brincadeira do irmão do narrador

b.(   ) considera a mensagem muito difícil para ele

c.(   ) não gostou da mensagem

d.(   ) pensa que a mensagem só pode ser entendida por pessoas que conheçam a linguagem usada

 

III – Responda:

27. Após receber o recado, como se sentiu o narrador, o que fez e para que o fez? _________________________________________________________________________

28. O narrador queria pensar melhor sobre o quê e para quê?____________

29. Ao dizer, no final do texto, que seu irmão havia prometido conseguir “farto e variado material”(linha 49), a que material se refere o narrador e a que se destinava esse material?____________________________________

30. A que se refere o narrador ao dizer “Tudo explicado” e o que foi explicado?

 ___________________________________________________________________________

Agora corrija suas respostas.

GABARITO

1. c      2. D    3. A     4. A      5. B      6. C     7. C       8. D     9. D      10. A      11. B     12. C

13. a   14. B    15. B   16. D   17. C     18. B   19. A     20. A    21. B      22. A      23. B     24. C

25. c   26. D

As respostas das questões 27 a 30 poderão ter sido dadas com outras palavras. O importante é ter mantido a ideia que o texto apresenta.

27. Após receber o recado, o narrador sentiu-se confuso, atordoado, e procurou refrescar o rosto com água fria para aclarar as ideias.

28. O narrador queria pensar melhor no recado recebido para ver se compreendia o que o irmão lhe queria dizer com o recado.

29. O narrador refere-se às frases comumente encontradas em parachoques de caminhões  que o irmão lhe prometera conseguir e que lhe serviriam para escrever a crônica encomendada.

30. O narrador refere-se à compreensão da mensagem toda e, em especial, da frase “Deus, eu e o Rocha”, uma vez que ele pôde entender que “eu” era o caminhão e “Rocha”, o nome do motorista.