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Ensino FundamentalTEXTOS PARA INTERPRETAÇÃO

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 71 – OS MESES DO ANO (Nível Fundamental)

By 30 October 2013One Comment

TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 71 – OS MESES DO ANO (Nível Fundamental)

Hoje você fará uma leitura diferente. Trata-se de um conjunto de textos curtos retirados de um calendário de 1978 da Caixa Econômica Federal. Cada parte se refere a um mês. O calendário é antigo, mas como não mudaram os meses do ano, os textos permanecem atuais.

JANEIRO  (Clarice Lispector)

          Eu vos afianço que 1978 é o verdadeiro ano cabalístico, pois asoma final de suas unidades é sete. Portanto, mandei lustrar os Instantes do Tempo, rebrilhar as Estrelas, lavar a Lua com leite e o Sol com oiro líquido. Cada ano que se inicia, começo eu a viver.

FEVEREIRO (Luis Fernando Veríssimo)

          O mês mais curto é o que mais vocês curtem. Vocês, estilizados. Eu, no ar-condicionado. Vocês, na terça-feira gorda. Eu, um quarta-feirento. Cinzento. Eu, veríssimo. Vocês, verão.

MARÇO  (Pedro Nava)

          Março é o mês de prodígios infinitos – já que mar cabe em seu nome. Março abre aulas. Março enche a rua de garotos. Ah! marçomar! Faz o milagre de acordar em mim o menino que já fui…

ABRIL  (Elsie Lessa)

          Abril, floral. O começo da primavera, bom como todos os começos. A promessa de um inverno, que é o resto da primavera. E já esperar pelas doçuras de maio, o mês que é primavera no mundo inteiro.

MAIO  (Mário Quintana)

          Ao claro som dos sinos de Maria, o Outono aporta no País de Maio em sua barca toda azul e ouro!

JUNHO  (Carlos Drummond de Andrade)

          Os amantes se aquecem mais em junho. A carícia, entre lãs, avança cálida. O toque, o beijo, a inquietação daninha fagulham, puro ardor, sob o céu pálido.

JULHO  (Lygia Fagundes Telles)

          É tempo de frio, mas é tempo de férias. Este é também o tempo de se lavrar a terra para as sementeiras. Tempo de amar e rezar para melhor crescer árvore e filho. Juuuulho! O vento chama. Juuuulho!…

AGOSTO   (Otto Lara Resende)

          Ao contrário do que se supõe (rifão é rima só, não é verdade) agosto exala um perfume de suavidade, como está no Eclesiastes, formosa oliveira dos campos. Na metade de agosto, exatamente a 15, Nossa Senhora desce à terra, porque subiu ao céu. Mês augusto, mês do amor, mês da Glória; tudo a gosto.

SETEMBRO   (Rubem Braga)

          Tem a Independência do Brasil, a Natividade de Nossa Senhora e o mais simpático de todos os dias santos, porque é o dia dos meninos pobres, o de São Cosme s São Damião. E também tem, se os senhores não se incomodam, a Primavera.

OUTUBRO   (Fernando Sabino)

          Quando eu era menino, o dia 12 de outubro era uma festa para mim. – Que é que você quer ser quando crescer? – os mais velhos perguntavam. Hoje não perguntam mais. Se perguntassem eu diria, como Fellini, que quero ser menino.

NOVEMBRO  (José Américo de Almeida)

          No seu penúltimo mês, o ano marca um encontro emocionante. O Dia dos Finados é a visita que a vida faz à morte. Nada mais existe e o invisível está presente para recolher uma saudade sem esperança, a saudade que desconhece qualquer promessa de tempo.

DEZEMBRO    (Paulo Mendes Campos)

          Coitado do homem tropical se ele for incapaz de ver, ouvir e viver o verão. Coitado de quem passa o verão a bufar (que calor! que calor!), sem abrir os sentidos para o escândalo vital que é a natureza em dezembro.

 

GLOSSÁRIO

Afiançar – garantir

Aporta – chega

Ardor – calor

Augusto – majestoso

Cabalístico – mágico, misterioso

Cálida – morna

Curtir – aproveitar, viver intensamente

Daninha – endiabrada

Eclesiastes – livro da Bíblia que faz parte do Velho Testamento

Emocional – comovedor

Escândalo vital – abundância de vida, de energia

Estilizados – fantasiados

Exala – desprende, emana

Fagulham – brilham

Fellini – cineasta italiano de renome internacional

Homem tropical – home que habita os países situados na zona tropical (quente) da terra

Inquietação – desassossego

Lavrar – preparar a terra para o plantio

Oiro – ouro

Oliveira – árvore que produz a azeitona

Prodígios – milagres

Rifão – provérbio

Sementeira – plantio de sementes

____________________________________________________________________

Se você leu e compreendeu bem os textos, responda às questões que apresentamos a seguir.

  1. A mensagem do texto JANEIRO é muito significativa, porque é uma mensagem de otimismo. Retire do texto a frase que traduz a esperança no ano que começa.
  1. Em um texto, as palavras podem ser empregadas com sentido real (denotativo) ou sentido figurado (conotativo). Assinale com:

             1 – as frases que contenham expressões empregadas com sentido real ou denotativo;

             2 – as frases que contenham expressões empregadas com sentido figurado ou conotativo.

a. (   ) Eu vos afianço que 1978 é o verdadeiro ano cabalístico.

b. (   ) Pois a soma final de suas unidades é sete.

c. (   ) Portanto, mandei lustrar os Instantes do Tempo.

d. (   ) Rebrilhar as Estrelas.

e. (   ) Lavar a Lua com Leite.

f.  (   ) E o Sol com oiro líquido.

g. (   ) Cada ano que se inicia.

h. (   ) Começo eu a viver.

  1. No texto FEVEREIRO, aparecem interessantes jogos de palavras. Exemplo: “O mês mais curto é o que  vocês mais curtem.”

Dê o significado das palavras grifadas, na frase.

Curto: __________________________          curtem: ________________________________

  1. Neologismo são palavras novas, geralmente formadas a partir de outras palavras existentes no vocabulário da língua. Retire do texto FEVEREIRO um neologismo.
  1. O texto FEVEREIRO foi escrito por Luís Fernando Veríssimo. Ao dizer “Eu veríssimo”, ele tanto pode se referir ao seu nome, como pode estar empregando o superlativo do adjetivo vero, que significa verdadeiro. O sentido da palavra veríssimo, no texto, é ambígua, isto é, possui mais de um sentido. Na frase seguinte “Vocês verão”, ocorre a mesma situação. Explique os dois sentidos da palavra verão, na frase.
  1. Ainda no texto FEVEREIRO aparecem referências a dois aspectos que caracterizam esse mês. Identifique-os analisando as expressões em negrito:

A) Vocês estilizados. Vocês na terça-feira gorda. Eu, um quarta-feirento.

B) Eu, no ar-condicionado. Vocês verão.

  1. Transcreva do texto MARÇO a frase em que aparece um neologismo.
  1. ABRIL “é bom como todos os começos”. Nesta frase, entende-se que:

a. (   ) o mês de abril é bom porque fica no começo do ano

b. (   ) todo começo é bom porque vem acompanhado de promessas e esperanças

c. (   ) esse mês é bom porque vai começar o inverno

d. (   ) todo começo é bom quando nós somos jovens

  1. No texto ABRIL lemos: “E já esperar pelas doçuras de maio…”.  Identifique nesta frase a palavra empregada no sentido conotativo (ou sentido figurado).
  1. Releia com atenção o texto MAIO e faça o que se pede:

a)     Diga se predomina nele a denotação (sentido real) ou a conotação (sentido figurado) no uso das palavras.

b)     Escreva com palavras comuns o que você entendeu ao ler esse texto.

  1. Do pequeno poema sobre o mês de JUNHO, retire as palavras que, em oposição ao frio desse mês, relacionam-se com calor.
  1. Chamamos de onomatopeias as palavras que procuram imitar ruídos de animais ou de coisas. No texto do mês JULHO a autora empregou onomatopeias. Identifique-as e explique seu emprego.
  1. No texto AGOSTO, o autor se refere a um rifão (provérbio popular): “Ao contrário do que se supõe (rifão é rima só, não é verdade) agosto exala um perfume de suavidade.”  A que provérbio popular o autor referiu-se?
  1. De acordo com o texto SETEMBRO, além da primavera, o mês de setembro é importante porque nele se comemoram __________________________________________________________
  1. No texto OUTUBRO, o autor escreveu: “Quando eu era menino, o dia 12 de outubro era uma festa para mim”. Ele refere-se dessa forma a esta data porque:

a. (   ) era a data do aniversário dele

b. (   ) este dia era feriado

c. (   ) se comemora o Dia da Criança

d. (   ) nesse dia, o menino viu um filme de Fellini

  1. Conforme o texto NOVEMBRO, o que é Dia de Finados?
  1. No texto NOVEMBRO, há predominância do uso da conotação (sentido figurado das palavras). Identifique dois exemplos que comprovam isto.
  1. Segundo o texto DEZEMBRO, o homem tropical deve:

a. (   ) evitar o calor do verão

b. (   ) usar roupas mais leves no verão

c. (   ) viver e sentir intensamente a natureza de seu país

d. (   ) procurar regiões de clima amenos, para passar o verão

  1. Escreva, nos parênteses, D para os casos de emprego de denotação e C para os casos de conotação, nas frases extraídas do texto DEZEMBRO:

a. (   ) “Coitado do homem tropical…”

b. (   ) “… se ele for incapaz de ver, ouvir e viver o verão.”

c. (   ) “Coitado de quem passa o verão a bufar…”

d. (   ) “… sem abrir os sentidos para o escândalo vital que é a natureza em dezembro.”

  1. No texto DEZEMBRO, a palavra escândalo significa:

a. (   ) espetáculo

b. (   ) mau procedimento

c. (   ) luxo

d. (   ) indignação

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 GABARITO

1. “Cada ano que se inicia, começo eu a viver.”

2. a. 1     b. 1     c. 2     d. 2      e. 2      f. 2      g. 1       h. 2

3. curto = breve, de pouca duração           curtem = aproveitam, vivem intensamente

4. quarta-feirento, neologismo criado a partir da palavra quarta-feira

5. verão = estação do ano      verão = verbo ver, 3a. pessoa do plural, futuro do presente do indicativo

6. a) o carnaval, que em geral, se realiza neste mês

    b) o calor, pois fevereiro é mês do verão, no Brasil.

7. “Ah! marçomar!” – neologismo criado pela combinação das palavras março e mar.

8. alternativa B

9. doçuras

10. a) predomina o uso da conotação.

      b) O texto informa: O Outono começa no mês de maio, que é o mês consagrado a Nossa Senhora. A frase que escrevemos tem sentido semelhante ao do texto, mas usamos o sentido real das palavras ou sentido denotativo.

11. aquecem, lãs, cálida, fagulham, ardor.

12. “juuuulho!”  foi repetida a vogal u para imitar o ruído do vento.

13. “Agosto, mês de desgosto.”

14. a Independência do Brasil, a Natividade de Nossa Senhora e o dia de São Cosme e São Damião.

15. alternativa C

16. O Dia de Finados é o dia em que a vida visita a morte. É uma alusão à visita das pessoas (que estão vivas) aos túmulos (dos que morreram).

17. Você pode ter identificado as seguintes frases:

       . “o ano marca um encontro emocional”

       . “a visita que a vida faz à morte”

       . “o invisível está presente para recolher uma saudade sem esperança”

       . “a saudade que desconhece qualquer promessa de tempo.”

18. alternativa C

19. a. D       b. C      c. D     d. C

20. alternativa A

                                             

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