NOÇÕES DE SINTAXE – ROTEIRO Nº 7
1 – TEMA: Termos integrantes da oração. Complemento verbal: objeto direto e objeto indireto.
2 – PRÉ-REQUISITO:
. Ler com compreensão.
. Ter concluído com êxito, o estudo dos Roteiro anteriores desta Série.
. Ter conhecimento básico das classes de palavras, estudadas na Série Noções de Morfologia (publicados neste site)
3 – META: Ao concluir o estudo deste Roteiro, o aluno deverá ser capaz de:
. identificar o objeto direto e o indireto
. construir orações usando corretamente os complementos verbais.
4 – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com entendimento é pré-requisito para se aprender qualquer coisa através da leitura. Por isso, leia os textos com bastante atenção. Sem pressa. Não pule frases ou trechos, por achar que não são importantes. Quando não souber o significado de alguma palavra, consulte o dicionário. Portanto, faça o seguinte:
a) Tenha um dicionário de Português ao seu alcance, para consultá-lo sobre as palavras que você desconhece o significado;
b) Procure um lugar sossegado para ler os textos e fazer os exercícios;
c) Leia primeiro o texto; faça em seguida os exercícios; compare suas respostas com o gabarito e veja o que errou; retorne ao texto para verificar o porquê do erro.
5 – PÓS-AVALIAÇÃO: Após ter feito o estudo dos textos e os exercícios, responda às questões propostas na Auto-avaliação. Creio que você agora, acertará todas. Caso isso não aconteça, consulte as orientações dadas nas Atividades Suplementares.
6 – ATIVIDADES SUPLEMENTARES: Se você não conseguiu alcançar 80 pontos na Pós-avaliação, volte à leitura dos textos, agora com mais atenção. Sem pressa. A leitura com compreensão é a base da aprendizagem.
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ANEXO A – TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO: objeto direto e indireto
Os termos integrantes são assim chamados porque completam o significado dos verbos e nomes e são indispensáveis à compreensão da oração. São eles: o complemento verbal, o complemento nominal e o agente da passiva.
Neste Roteiro, veremos apenas o complemento verbal.
Como o nome está dizendo, o complemento verbal completa o sentido do verbo na oração. Isto tem forte ligação com o assunto do Roteiro 6, desta série, a respeito da transitividade dos verbos.
Vimos que os verbos intransitivos não precisam de complemento para ter sentido completo. Entretanto, os verbos transitivos, esses sim, precisam. Veja os exemplos:
“Jesus chorou.” (João 11:35) – chorar: verbo intransitivo
“… Tenho sede!” (João 19:28) – ter: verbo transitivo
Para compreendermos bem como funcionam os verbos transitivos na oração é necessário saber que, na frase, as palavras aparecem relacionadas umas às outras, transmitindo um significado. Veja o exemplo:
“…o Senhor chamou o menino…” (1o Samuel 3:4)
O termo “o menino”, que completa o sentido do verbo chamar é chamado de complemento verbal. A oração acima estaria com o sentido incompleto caso esse termo não aparece aí.
Neste exemplo, – “o menino” – está ligado diretamente ao verbo, completando seu sentido. É o que chamamos de objeto direto. Concluímos que:
Objeto direto é o complemento de um verbo transitivo direto que normalmente vem ligado ao verbo sem preposição e indica o ser para o qual se dirige a ação verbal.
O objeto direto pode ser representado por:
a)um substantivo:
“E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice…” (Lucas 1:36)
b)um pronome substantivo:
“… a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra…” (Mateus 5:39)
c)um numeral:
“Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.” (Mateus 5:41)
d)uma oração substantiva (objetiva direta):
“Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.” (Mateus 5:42)
Apesar de o objeto direto ser o complemento do verbo transitivo direto, e por isto mesmo não precisar de uma preposição para ligá-lo ao verbo, haverá situações em que a presença da preposição se faz necessária, embora ele exerça a função de objeto direto. É conhecido como objeto direto preposicionado. É preciso estar atento para não confundi-los. O objeto direto será regido por uma preposição quando:
a)o verbo transitivo direto exprimir sentimento:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro.” (Mateus 6:24)
b)for representado por um pronome pessoal oblíquo tônico:
“… Todavia, o meu povo se esqueceu de mim por dias sem conta.” (Jeremias 2:32)
Vejamos agora o exemplo abaixo.
“Os loucos zombam do pecado…” (Provérbios 14:9)
O termo “do pecado”, que completa o sentido do verbo zombar é chamados de complemento verbal. A oração acima estaria com o sentido incompleto caso esse termo não aparece aí.
Neste exemplo, – “do pecado”- está ligado ao verbo através de uma preposição (de + o = do), completando seu sentido. É o que chamamos de objeto indireto. Concluímos que:
Objeto indireto é o complemento de um verbo transitivo indireto que se liga ao verbo por meio de uma preposição.
O objeto indireto pode ser representado por:
A)um substantivo
B)um pronome substantivo
C)um numeral
D)uma oração substantiva (objetiva indireta)
Os objetos diretos e indiretos completam o sentido dos verbos transitivos. A diferença entre um e outro é:
• o objeto direto não precisa de uma preposição para ligá-lo ao verbo;
• o objeto indireto precisa de uma preposição, que pode estar combinada com um artigo ou pronome.
Como o objeto direto e o objeto indireto são necessários para que a oração tenha sentido completo, integral, são, por isso, chamados de TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO. Eles também podem aparecer juntos, completando o sentido de um só verbo. Veja o exemplo:
“… alguém ensinará ciência a Deus…?” (Jó 21:22)
Como você pode observar, este verbo – ensinar – precisou de dois complementos: ciência (objeto direto) e à Deus (objeto indireto).
Dica:
Para se identificar o objeto direto faz-se a pergunta ao verbo: Alguém ensinará o quê? resposta: ciência
Para se identificar o objeto indireto faz-se a pergunta ao verbo: Alguém ensinará a quem? Resposta: a Deus.
Para fixar o que aprendeu, faça os exercícios a seguir.
A. Complete as frases abaixo:
1. Os verbos que não têm sentido completo são verbos _____________
2. Os verbos transitivos sempre precisam de ______________________
3. O complemento que vem diretamente ligado ao verbo é o __________
4. Todo verbo transitivo direto vem acompanhado de um objeto________
5. O objeto indireto é ligado ao verbo por uma _____________________
6. Todo verbo transitivo indireto vem acompanhado de um objeto ______
7. O objeto direto e o objeto indireto são chamados de termos integrantes da oração porque___________________
B. Sublinhe o objeto direto dos verbos destacados nas orações abaixo:
1. A polícia prendeu o ladrão.
2. Todos apreciavam o espetáculo.
3. Visitaremos nossos amigos.
4. Desejo tua felicidade.
5. Maria servirá o jantar.
6. A criança comeu tudo.
C. Sublinhe o objeto indireto do verbo existente em cada frase e passe um risco em cima da preposição que o liga ao verbo:
1. Gosto de sorvete.
2. Os professores confiam em você.
3. Não concordo com isto.
4. Necessitamos de sua colaboração.
5. Sempre obedecemos a nossos pais.
6. Esperei por eles.
D. Agora sublinhe o objeto indireto e escreva dentro do parênteses a combinação da preposição:
1. Gosto deste sorvete. (__________________)
2. Já pensamos na sua sugestão. (________________)
3. Recorreremos aos amigos. (_______________)
4. Os alunos desobedeceram à professora. (________________)
5. Ele optou pelo melhor emprego. (_______________)
6. O médico cuida dos doentes. (________________)
E. Identifique e classifique os complementos verbais (objeto direto e indireto):
1. Os lavradores plantaram o milho.
2. Isto depende de sua vontade.
3. Todos colaboraram com você.
4. Cumprimentamos os professores.
5. Os alunos precisam deste livro.
6. Observamos sua atitude.
7. Ele merece nosso respeito.
8. Maria emprestou dinheiro a João.
9. Dei aos colegas seu recado.
10. O professor prometeu recompensa aos seus alunos.
11. Contei tudo a meus pais.
12. Entregue ao vizinho esta encomenda.
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Gabarito.
A) 1.Transitivos 2. Complementos 3. Objeto direto 4. Direto
5. preposição 6. Indireto 7. Completam ou integram o sentido do verbo
B) 1. A polícia prendeu o ladrão.
2. Todos apreciavam o espetáculo.
3. Visitaremos nossos amigos.
4. Desejo tua felicidade.
5. Maria servirá o jantar.
6. A criança comeu tudo.
C) 1. objeto indireto = de sorvete; preposição = de
2. objeto indireto = em você; preposição = em
3. objeto indireto = com isto; preposição = com
4. objeto indireto = de sua colaboração; preposição = de
5. objeto indireto = a nossos pais; preposição = a
6. objeto indireto = por eles; preposição = por
D) 1. objeto indireto = deste sorvete. ( de + este = neste )
2. objeto indireto = na sua sugestão. ( em + a = na )
3. objeto indireto = aos amigos. ( a + os )
4. objeto indireto = à professora. ( a + a = à )
5. objeto indireto = pelo melhor emprego. ( per + o = pelo )
6. objeto indireto = dos doentes. ( de + os = dos )
E) 1. o milho = objeto direto
2. de sua vontade = objeto indireto
3. com você = objeto indireto
4. os professores = objeto direto
5. deste livro = objeto indireto
6. sua atitude = objeto direto
7. nosso respeito = objeto direto
8. Dinheiro = objeto direto a João = objeto indireto
9. aos colegas = objeto indireto seu recado = objeto direto
10. recompensa = objeto direto aos seus alunos = objeto indireto
11. tudo = objeto direto a meus pais = objeto indireto
12. ao vizinho = objeto indireto esta encomenda = objeto direto
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ANEXO B – O emprego dos pronomes oblíquos como complemento dos verbos transitivos.
Os pronomes oblíquos podem exercer a função de complemento dos verbos transitivos. Observe os exemplos:
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros…” ( Tiago 5:16 )
Verbo transitivo direto = confessai objeto direto = os vossos pecados
Podemos dizer a mesma coisa usando um pronome oblíquo no lugar da expressão os vossos pecados.
Confessai-os, pois, uns aos outros.
Veja outros exemplos:
Ele cumprimentou o colega. o colega = objeto direto Ele cumprimentou-o. o = objeto direto
Obedeçam a seus pais. a seus pais = objeto indireto Obedeçam-lhes. lhes = objeto indireto
Nestas orações os pronomes “o” e “lhes” completam o sentido dos verbos cumprimentar e obedecer. E você deve ter notado que o pronome átono “lhe” está ligado ao verbo sem preposição, mesmo exercendo a função de objeto indireto. Isto é uma particularidade que existe na construção das orações em língua portuguesa quando se usa o pronome oblíquo com a função de objeto indireto.
Agora responda aos exercícios abaixo:
A. Escreva dentro dos parênteses se o pronome átono em negrito é objeto direto ou objeto indireto:
1. Nós o conhecemos ontem. ( ________________)
2. Os inimigos me perseguem. (_______________)
3. Pediram-me ajuda. (__________________)
4. Não lhe disseram nada, (_________________)
5. Enviei-te a carta. (_______________)
6. Ainda nos encontraremos. (________________)
7. Nós as amamos. (____________________)
B. Escreva no local indicado o objeto direto e o objeto indireto existentes nas orações:
1. Eu te contei tudo.
Objeto direto: _____________ objeto indireto: ______________
2. Respondi-lhe todas as perguntas.
Objeto direto:_______________ objeto indireto:_______________
3. Você me apresentará ao diretor.
Objeto direto: _______________ objeto indireto: ______________
4. O carteiro entregou-nos a correspondência.
Objeto direto: ________________ objeto indireto: ______________
5. As vítimas vão denunciá-lo à polícia.
Objeto direto: _________________ objeto indireto: ______________
Gabarito
A) 1. objeto direto 2. Objeto direto 3. Objeto indireto 4. Objeto indireto
5. objeto indireto 6. Objeto direto 7. Objeto direto
B) 1. Objeto direto: tudo objeto indireto: te
2. Objeto direto: todas as perguntas objeto indireto: lhe
3. Objeto direto: me objeto indireto: ao diretor
4. Objeto direto: a correspondência objeto indireto: nos
5. Objeto direto: lo objeto indireto: à polícia
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AUTO-AVALIAÇÃO
Atribua 3,3 pontos para cada resposta correta. Se a soma das suas resposta for de 80 pontos, Parabéns! Você está apto para ir em frente.
A. Identifique o complemento dos verbos em negrito, e diga se é objeto direto e/ou o objeto indireto:
1. Obedeceremos às leis.
2. O povo anseia por dias melhores.
3. Maria devota-se, de corpo e alma, ao estudo da música.
4. Não me prives da liberdade.
5. Este material resiste ao fogo.
6. O fumo prejudica a saúde.
7. O clube dispõe de bons jogadores.
8. O clube possui bons jogadores.
9. Todos temem a calúnia.
10. Preciso da tua ajuda.
11. Não desprezes os humildes.
12. Todos nós confiamos em você.
13. Parece que ele necessita de carinho.
14. Os soldados investiram contra o inimigo.
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Gabarito:
1. às leis = objeto indireto
2. por dias melhores = objeto indireto
3. ao estudo da música = objeto indireto
4. da liberdade = objeto indireto
5. ao fogo = objeto indireto
6. a saúde = objeto direto
7. de bons jogadores = objeto indireto
8. bons jogadores = objeto direto
9. a calúnia = objeto direto
10. da tua ajuda = objeto indireto
11. os humildes = objeto direto
12. em você = objeto indireto
13. que ele necessita de carinho = objeto direto (oração substantiva objetiva direta)
de carinho = objeto indireto
14. contra o inimigo = objeto indireto
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LEITURA SUPLEMENTAR
A LÍNGUA DO BRASIL
Todos se queixam de que português é difícil. O brasileiro é chorão?
Não me parece que possa ser definida como chorona uma nacionalidade marcada pelo Carnaval, pelo humor e pelo riso purificador com os quais suporta males seculares. A queixa pode ser assim resumida: a língua falada é uma, mas a língua escrita é outra.
Gastamos verbas que não temos para fazer com que nossas crianças grafem de mil maneiras o mesmo fonema. Assim, sapato, extra, exceção, sessão, feliz, ascensão demandam que o som de “s” seja escrito com s, x, c, ç, ss, z. E ainda temos “s” com som de “z”, como em trânsito.
O inglês Thomas Young (1773-1829) tinha apenas catorze anos e já sabia latim, hebreu, samaritano, caldeu, árabe, sírio, francês, italiano, persa, turco e etíope, além de inglês, naturalmente.
O francês Jean-François Champollion (1790-1832) não lhe ficava atrás e aos dezesseis anos proferiu sua primeira conferência sobre egiptologia. A escrita hieroglífica foi levada da Mesopotâmia para o Egito por volta do ano 3.300 a.C. por guerreiros ou comerciantes.
Sacerdotes dela se apossaram numa época em que dominavam a política e a economia. Os escribas tinham prestígio numa sociedade em que a taxa de analfabetismo avant la lettre chegava a 99%. Eles escreviam para faraós e sacerdotes, que os remuneravam regiamente.
Young e Champollion decifraram a escrita hieroglífica. Mas se aprendessem a língua do Brasil descobririam que muitos gramáticos substituíram os sacerdotes e escribas, seguindo o ditado: por que o simples se o complicado também serve?
A habilidade verbal do brasileiro é uma coisa admirável. Nos bares, nas ruas, em prosas à beira de copos ou pratos, no rádio e na televisão, a língua do Brasil floresce em todo o seu esplendor.
Mas, quando ele precisa escrever, começa a tropeçar logo nas primeiras linhas. O remédio principal é aumentar a relação bunda-cadeira-hora. O brasileiro lê pouco e escreve menos ainda. Precisa fazer mais as duas coisas, na escola e fora dela.
Uma providência adicional é exigir dos candidatos a cargos públicos que saibam ouvir, falar, ler e escrever português. Afinal, eles precisam respeitar a língua nossa de cada dia.
(DEONÍSIO DA SILVA, A Língua Nossa de Cada Dia. 1a. Edição, Novo Século Editora, Osasco/SP, 2007)