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Minhas Memórias

Minhas Memórias – cap. 22

By 2 February 2020No Comments

22. “… MAS HÁ AMIGO MAIS CHEGADO DO QUE UM IRMÃO.” (Provérbios 18:24)

          Eu e Raquel Monteiro nos tornamos muito amigas. Tínhamos quase a mesma idade (a diferença é de apenas 01 ano) e como não tenho irmã de sangue, eu a elegi minha melhor amiga e irmã. Ficamos tão ligadas uma à outra que passamos a compartilhar nossos anseios, alegrias, frustrações, tristezas. E principalmente nossas expectativas para o futuro.

          Eu continuava estudando. Havia concluído o curso ginasial em 1966. No ano seguinte (1967) matriculei-me no curso de formação de professores. O antigo Curso Normal havia sido transformado em Curso de Formação de Professores, agora com o nível equivalente ao Ensino Médio de hoje. O curso funcionava no mesmo local onde hoje se ergue a escola “Monteiro Lobato”, mas os pavilhões que existiam foram todos demolidos posteriormente para dar lugar ao prédio que se vê hoje.

          A experiência como professora me apontava o caminho a ser seguido como profissão. Creio que, mesmo que houvesse aparecido outras oportunidades de trabalho, eu teria escolhido a docência.

          Raquel trabalhava como datilógrafa em um dos setores do Governo do Território Federal.

          Minhas atividades então, se resumiam à frequência à escola, durante a semana e à igreja, aos domingos. Durante alguns meses do ano de 1967 trabalhei como balconista da “Casa Cruzeiro”.

          Raquel tinha um sonho: ir estudar em um seminário para tornar-se missionária. Eu achava aquilo uma loucura, mas não externava a minha opinião para não constrangê-la ou desanimá-la. Lá no fundo eu sabia que, por nossa cidade ser “o fim do mundo” como  se dizia na época, só indo mesmo para outros estados para estudar. Como sua família não tinha recursos financeiros para sustentá-la estudando fora de Boa Vista, a possibilidade que havia era de a Igreja que nós frequentávamos, enviá-la, ajudando-a com algum recurso financeiro.

          Naquela época, o Seminário Batista do Cariri, no Ceará, era um dos endereços mais procurado por quem quisesse estudar Teologia. Lá estavam sendo preparados pastores e missionários que eram enviados aos campos missionários. Mas para estudar lá, era preciso que o candidato tivesse uma igreja que se responsabilizasse pela indicação, além de sustentá-lo financeiramente, isto é, a igreja teria que afirmar que o candidato era um jovem com clara decisão de ser um missionário ou pastor, além de assumir a ajuda financeira. Só assim, a direção do Seminário aceitava matricular o candidato.

          E foi assim que aconteceu. Raquel pediu demissão do emprego do Governo Federal e foi embora para o Seminário Batista do Cariri estudar para ser missionária evangélica.

          E eu? Eu fiquei aqui me preparando para casar!

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