25. O RECADO DE DEUS QUE NÃO FOI ENTENDIDO
Faço aqui um parênteses para avançar 20 anos no tempo desta história cronológica da minha vida e esclarecer alguns fatos que ocorreram em 1968.
Desde que eu coloquei no meu coração seguir ao Senhor tendo a Bíblia como regra de fé e prática e quando comecei a ser ensinada pelos irmãos, na igreja, sobre buscar a vontade de Deus, eu orava principalmente sobre a questão do companheiro para minha vida.
Eu admirava muito os vários casais que existiam na Igreja: Sr. Salomão Lima e Dona Levina; Sr. Antonio Seabra e Dona Ester; Sr. Francisco Coelho e Dona Maria Coelho; Sr. Elizeu Brito e Dona Claudete; Sr. Rubens Bento e Dona Lídia; Sr. Eldon Larsen e Dona Sílvia, Sr. Haroldo Burns e Dona Miriam, entre outros. Para mim, eram casais nos quais eu podia ver o exemplo de uma família que procurava seguir os ensinamentos do Senhor.
Além disso, a Bíblia me advertia: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Amós 3:3). Então, eu havia decidido que só namoraria e me casaria com um rapaz crente, isto é, um rapaz que frequentasse a mesma igreja que eu e aceitasse os mesmos princípios bíblicos.
Naquela época, os rapazes que frequentavam a Igreja Batista Regular de Boa Vista eram poucos, principalmente, aqueles com idade de pensar em formar uma família. Dentre os poucos nessa situação havia Roberto, que ainda não tinha namorada e que estava a demonstrar interesse em namorar comigo.
O tempo decorrido entre o início do namoro e o casamento foi de 01 ano e 03 meses. Esse tempo, para mim, foi suficiente para observar seu temperamento, suas atitudes e principalmente sua conduta como crente. O fato é que ele nunca se comportou como um homem que não merecesse a minha confiança em tê-lo como esposo.
Entretanto, a resposta de Deus à minha oração veio na forma da negativa de minha mãe em aceitá-lo como genro. Também oito dias antes do casamento, o pastor da igreja na época, Jaime Augusto Lima, chamou-me em seu gabinete para conversar comigo. Ele perguntou-me se eu estava mesmo decidida a casar com Roberto e eu disse que sim. Então ele externou sua opinião dizendo que Roberto não era o rapaz adequado para casar comigo, mas não me deu os motivos que me convencessem do contrário. Aliás, nem me lembro quais foram. Respondi-lhe que as lideranças da igreja sempre se posicionaram contra o namoro e casamento com descrentes e eu havia testemunhado isso com Lídia Coelho, Esterzinha Seabra, Dalvina Noronha e outras moças, naturalmente em virtude do ensino bíblico sobre o assunto. Como então, logo ele, o pastor estava me aconselhando para não casar com um moço que frequentava a igreja assiduamente, se envolvia com as atividades da igreja, além do que se conduzia de maneira correta diante de mim e da sociedade da qual fazíamos parte? Eu não entendia isso.
Só anos mais tarde (1988), depois do casamento desfeito, é que veio o esclarecimento, do porque minha mãe posicionou-se contra meu casamento com Roberto. Era o Senhor respondendo à minha oração e eu desobedecendo ao que está escrito em Êxodo 20:12: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá”.
Esse esclarecimento só me foi dado 20 anos depois por uma irmã da Igreja chamada Dona Sidônia que a frequentara durante alguns anos e me conhecia e ao Roberto. Ela havia ido morar em Brasília e não sabia que eu estava separada do marido.
Durante vinte anos eu me fiz essas perguntas: “Por que meu casamento se desfez? Qual foi o meu erro? O que levou meu marido a se envolver com outras mulheres e rejeitar-me como esposa?”
Então, durante uma viagem que fiz a Brasília, encontrei-me com essa senhora. Em nossa conversa ela perguntou pelo Roberto e eu lhe contei o que acontecera e as indagações que até então eu me fazia. Ela, então, me disse:
– Mas, minha filha, você está esquecendo do mandamento de Deus para honrar pai e mãe. Você pediu a Deus que se não fosse da vontade dele o seu casamento com Roberto, que ele lhe desse um sinal. Ele lhe deu através de sua mãe. Não precisava ela ter motivos plausíveis para lhe convencer. Ela é sua mãe e precisava ser obedecida. Isso é honrar pai e mãe!
Então, “caiu a ficha”, como se dizia na época.
Em todos esses anos, nunca ninguém me havia dito palavras tão esclarecedoras, baseadas na Bíblia, sobre esse assunto.