33. NÃO TIVE SOGRA, TIVE MAIS QUE UMA MÃE!
Em meados do ano de 1973, D. Zuíla veio morar conosco. Eu a considerava minha sogra pelo fato de que fora ela que criara Roberto desde bebezinho, mas na realidade ela era sua avó. Roberto, segundo ele mesmo me contou, só ficou sabendo que Lourdes era sua mãe biológica quando tinha 13 anos. Mas, o seu relacionamento com as duas mulheres não foi alterado em nada. Ele continuou dizendo que D. Zuíla era sua mãe e a tratava como tal e Lourdes era apenas sua irmã.
O sr. Nelson Albuquerque, marido de D. Zuíla falecera e então a convidei para vir morar em nossa casa por dois motivos: 1o – ela ficara sozinha e a pensão que recebia era muito pequena, não dava para sua subsistência; 2o – eu precisava de alguém de confiança que tomasse conta de minha filha Izabel, então com apenas três anos de idade, enquanto eu ia trabalhar e frequentar a faculdade à noite. Assim, eu a ajudava e ela me ajudava mais ainda. D. Zuíla morou em nossa casa durante quinze anos, até o momento em que veio a separação definitiva entre eu e Roberto. Mas essa é outra história a ser relatada mais adiante.
Como eu tinha praticamente os três períodos (manhã, tarde e noite até às 23 horas) fora de casa, era D. Zuíla quem tomava conta de tudo em casa. E eu sempre a deixei à vontade para comandar tudo de acordo com o seu entendimento. Eu considerava que não podia exigir qualquer coisa por parte dela dentro de casa, uma vez que era ela quem ficava em casa fazendo almoço, cuidando da casa, até lavando nossas roupas. Para mim, tudo que ela fizesse ou não fizesse estava bem feito. E foi assim durante todo o tempo em que moramos juntas. Nunca tivemos nenhum desentendimento e eu exigia respeito à sua autoridade por parte dos meus filhos. Ai de quem não obedecesse à vovó: era disciplinado. Mas os meus filhos gostavam muito dessa velhinha e sempre obedeciam. Ela sabia como cativá-los! Apesar de que em algumas ocasiões (eles lembram das travessuras feitas principalmente pelo Júnior), ela ter dado umas chineladas com… chinelas de pano!
Com o decorrer do tempo, meu salário foi melhorando e pude ir comprando alguns equipamentos como uma máquina de lavar roupa, pagar alguém para limpar a casa, passar roupas, etc. Ela não tinha dever nenhum de fazer isso, mas fazia com muito boa vontade. Só o fato de ela cuidar dos meus filhos enquanto eu estava fora de casa, trabalhando, já era algo que nunca vou esquecer.