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GramáticaNoções de Morfologia.

Tema 19: Noções de Morfologia. Numeral: flexão e emprego.

By 28 February 20108 Comments

ROTEIRO Nº 19

1 – TEMA: Noções de Morfologia. Numeral: cardinal, ordinal, multiplicativo, fracionário. Flexão em gênero e número. Emprego dos numerais.

2 – PRÉ-REQUISITO: Ler com compreensão.

3 – META: Este roteiro foi elaborado com o objetivo de proporcionar condições de aprendizagem sobre o uso dos numerais em Português.

4 – PRÉ-AVALIAÇÃO: O objetivo da pré-avaliação é diagnosticar o quanto se tem conhecimento de um assunto. Para isso, basta que você responda à Auto-avaliação que está no final deste Roteiro, antes de ler qualquer texto existente nele. Se você alcançar um resultado igual ou superior a 80 pontos, não precisa estudar o assunto, pois você já o domina suficientemente. Caso contrário, vá direto para as Atividades de Estudo.

5 – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com entendimento é pré-requisito para se aprender qualquer coisa através da leitura. Por isso, leia o texto do anexo A para treinar sua interpretação. Embora a leitura dos anexos em si seja também interpretação de texto, ela é voltada para uma finalidade mais específica que é a aprendizagem dos conceitos gramaticais. O texto do Anexo A é mais genérico e serve de treinamento para a compreensão geral da língua. Portanto, faça o seguinte:

a) Tenha um dicionário de Português ao seu alcance, para consultá-lo sobre as palavras que você desconhece o significado;

b) Procure um lugar sossegado para os textos e fazer os exercícios;

c) Leia primeiro o texto; faça em seguida os exercícios; compare suas respostas com o gabarito e veja o que errou; retorne ao texto para verificar o porquê do erro.

6 – PÓS-AVALIAÇÃO: Apos ter feito o estudo dos textos e os exercícios, responda às questões propostas na Auto-avaliação. Creio que você agora, acertará todas. Caso isso não aconteça, consulte as orientações dadas nas Atividades Suplementares.

7 – ATIVIDADES SUPLEMENTARES: Se você não conseguiu alcançar 80 pontos na Pós-avaliação, volte à leitura dos textos, agora com mais atenção. Sem pressa. A leitura com compreensão é a base da aprendizagem.

____________________________________________________________________________________

ANEXO A – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

O ÚLTIMO A ENTRAR

Só são permitidos seis em pé; como é que já haviam entrado sete naquele ônibus de fim de linha em West Hampstead? É que o trocador não tinha visto.

O chofer viu, no momento de dar partida:

– Tem um sobrando aí atrás.

E não deu partida. O trocador contou os passageiro em pé: é verdade, estava sobrando um. Qual? Naturalmente o que entrara por último.

–        Quem é que entrou por último?

O diabo é que haviam entrado todos praticamente ao mesmo tempo.

–        Um dos senhores tem que descer.

Cada um olhou para os demais, esperando que alguém se voluntariasse. Ninguém se mexeu.

–        Como é? Alguém tem de sair.

O chofer veio de lá, em auxílio do colega. Fez uma preleção sobre o cumprimento da lei, ninguém se comoveu.

–        Vamos chamar um guarda – sugeriu ao trocador.

Saíram do ônibus, cada um para o seu lado, à procura de um guarda.

Um velhinho, alheio ao impasse, entrou muito lépido no ônibus, aumentando para oito o número de passageiros em pé. Em pouco voltava o chofer, acompanhado de um guarda. O guarda foi logo impondo respeito:

– Salte o último a entrar.

O bom velhinho não vacilou: com autoridade não se brinca. Sem querer saber por que, do jeito que entrou, tornou a sair. O chofer, secundando com um olhar vitorioso a decisiva atuação do guarda, foi se aboletar de novo ao volante. Não sem uma última olhada pelo espelhinho sobre os passageiros em pé: um dois, três, quatro, cinco, seis, ué, que história é essa? Continuavam sendo sete?

– Ainda tem um sobrando.

E veio de lá, disposto a conferir. Não tinha dúvida: voltaram a ser sete.

–        Um vai ter que sair.

Os passageiros continuaram firmes – cada um plenamente de acordo, desde que fosse outro a sair. Um deles, já irritado, e por estar mais perto da porta, cometeu a imprudência de deixar o ônibus para buscar de novo o guarda, que já ia longe. Os outros sugeriram ao chofer:

–        Aproveita agora. Só tem seis, toca o ônibus.

Faltava o trocador, que ainda não havia voltado. O chofer convocou às pressas outro trocador nas imediações, que a companhia costumava deixar de plantão no fim da linha:

–        Entra aí e vamos embora, que já estou atrasado.

O novo trocador assumiu o posto, e quando o ônibus já ia arrancando, deu com o velhinho ali firme junto ao poste:

–        E o senhor?

–        Esperando ônibus.

–        Então entre.

O velhinho entrou, o ônibus partiu.

(SABINO, Fernando. A inglesa deslumbrada. 3a. Edição. Rio de Janeiro, Editora Sabiá, 1969)

Com base no texto, responda às questões:

1. A situação descrita passa-se dentro de quê e onde?

a. (   ) avião, num aeroporto francês                                         b. (   ) metrô, na cidade de São Paulo

c. (   ) ônibus, numa estação rodoviária na Inglaterra        d. (   ) transatlântico, num cais de porto na Itália.

2. Havia uma determinação sobre a quantidade de passageiros que podiam viajar em pé e alguém percebeu que havia excesso. Quantos podiam viajar em pé e quem percebeu o excesso? ________________

3. Mesmo ouvindo a ordem de descer, nenhum dos sete passageiros em pé, se mexeu, pois:

a. (   ) todos entraram juntos no ônibus                  b. (   ) o guarda ainda não havia chegado

c. (   ) o chofer não tinha feito sua preleção            d. (   ) cada um esperava que o outro saísse

4. Como ninguém resolvesse desembarcar, surgiu a ideia de chamar um guarda. Quem teve essa ideia? __

5. Quando o guarda ordenou que descesse o último a entrar, foi logo atendido. Isso resolveu o problema?

(   )sim    (   ) não     Por quê?______________________________________________________________

6. Quando o ônibus finalmente partiu, estava de acordo com a determinação legal?   (   ) sim   (   ) não

Por quê? ___________________________________________________________________________

7. Qual teria sido a intenção do autor ao narrar essa história?

a. (   ) Demonstrar que sempre há alguém desrespeitando as leis.

b. (   ) Os ônibus sempre trafegam com excesso de passageiros.

c. (   ) Na Inglaterra, as leis são respeitadas por todos.

d. (   ) Os idosos têm sempre prioridade e por isso é permitido não cumprir a lei.

8. Marque a frase cuja palavra “linha” tem o mesmo significado da usada no texto: “… haviam entrado sete naquele ônibus de fim de linha…” (par. 1).

a. (   ) O ônibus ficou parado ali no fim da linha.

b. (   ) Pode confiar nele, pois é pessoa de linha.

c. (   ) Quero que plantem essas árvores em linha.

d. (   ) A linha era muito grossa, por isso não entrava no buraco da agulha.

9. Preencha as lacunas com as palavras comprimento ou cumprimento, de acordo com o sentido a ser empregado:

a. “Seu” guarda, o _______________ da linha é enorme.

b. E a empresa exige o _________________ do horário?

c. É só atrasar ou adiantar que vem bronca deste _________________

d. E os passageiros? Sabem que estão sujeitos ao _____________ da lei?

e. Se não sabem, com o senhor lá, vai haver o ________________imediato.

f. E não vai me comover o _____________ da fila. Lei é lei.

__________________________________________________________________________________

GABARITO:

  1. c
  2. Só seis pessoas podiam viajar em pé e quem percebeu o excesso foi o motorista do ônibus.
  3. D
  4. O trocador
  5. Não. Porque o numero de passageiros em pé ainda excedia ao número permitido
  6. Não. Porque o novo trocador convidou o velhinho para embarcar, havendo de novo sete passageiros em pé.
  7. A
  8. A
  9. a) comprimento     b) cumprimento      c) comprimento      d) cumprimento      e) cumprimento       f) comprimento

__________________________________________________________________________________

ANEXO B    –   O NUMERAL

No texto que acabamos de ler há uma situação que envolve números, quantidade.

Conta uma antiga história que um certo pastor, para saber a quantidade de ovelhas que possuía, colocava dentro de um saco, uma pedrinha para cada ovelha do seu rebanho. Ao recolhê-las, no final do dia, conferia as ovelhas: para cada ovelha que passasse para dentro do cercado, ele separava uma pedrinha. Mas quando o seu rebanho cresceu muito, ficou impossível, para ele, carregar as pedrinhas que representavam a quantidade de ovelhas, porque o saco ficou muito pesado. E ele começou a pensar em uma nova forma de saber quantas ovelhas tinha, sem ter que carregar tantas pedras. Foi aí que nasceu a representação gráfica dos números;, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,  cujo sistema foi sendo aperfeiçoado à medida que o homem foi descobrindo a necessidade de representar as quantidades numéricas maiores.

Em Português, temos uma classe de palavras que indica quantidade, ordem, fração ou multiplicação. É o numeral.

NUMERAL – é a palavra que encerra ideia de número.

No texto, há menção da ideia de número, quantidade. Veja:

Só são permitidos seis em pé.

Tem um sobrando aí atrás.

… aumentando para oito o número de passageiros.

Em Português, são quatro as classificações das palavras que dão ideia de números:

Numeral cardinal – é a palavra que indica a quantidade exata de seres.

Ex: Os garotos pediram quatro copos de refresco.

O chofer do ônibus contou os passageiros:, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete…

Numeral ordinal – é a palavra que indica a localização numa determinada ordem dos seres.

Ex: José conseguiu o primeiro lugar no concurso vestibular.

A Língua Portuguesa é a quinta língua mais falada no mundo.

Numeral multiplicativo – é a palavra que indica multiplicidade dos seres.

Ex: Tenho o dobro da sua idade.

O preço dos alimentos aumentou o triplo por causa do inverno rigoroso.

Numeral fracionário – é a palavra que dá ideia de fração, parte de um todo.

Ex: Já pagamos dois terços da dívida.

O numeral ainda pode expressar a ideia de coleção, fato esse que alguns gramáticos (Celso Ferreira Cunha) apresentam uma quinta classificação: o numeral coletivo.

Ex: grosa – 144 unidades              Novena – 9 dias         Dezena – 10 unidades             Dúzia – 12 unidades

Lustro – 5 anos                         centena – cem unidades           Década – dez anos

A seguir damos um quadro com os numerais correspondentes à representação gráfica dos números (algarismos).

algarismos cardinais ordinais Multipli-

cativos

Fracionários
romanos Arábicos
I 1 Um primeiro
II 2 Dois Segundo dobro/duplo Meio, metade
III 3 Três Terceiro Triplo Terço
IV 4 Quatro Quarto Quádruplo quarto
I 5 Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
VI 6 Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
VII 7 Sete Sétimo Séptuplo sétimo
VIII 8 Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
IX 9 Nove Nono Nônuplo Nono
X 10 Dez Décimo Décuplo décimo
XI 11 Onze Décimo primeiro Undécuplo Onze avos
XII 12 Doze Décimo segundo Duodécuplo Doze avos
XIII 13 Treze Décimo terceiro
XIV 14 Quatorze Décimo quarto
XV 15 Quinze Décimo quinto
XVI 16 Dezesseis Décimo sexto
XVII 17 Dezessete Décimo sétimo
XVIII 18 Dezoito Décimo oitavo
XIX 19 Dezenove Décimo nono
XX 20 Vinte Vigésimo
XXX 30 trinta Trigésimo
XL 40 Quarenta Quadragésimo
L 50 Cinquenta Quinquagésimo
LX 60 Sessenta Sexagésimo
LXX 70 Setenta Septuagésimo
LXXX 80 Oitenta Octogésimo
XC 90 Noventa Nonagésimo
C 100 Cem centésimo Cêntuplo Centésimo
CC 200 Duzentos Ducentésimo
CCC 300 trezentos trecentésimo
CD 400 Quatrocentos Quadringentésimo
D 500 Quinhentos Quingentésimo
DC 600 Seiscentos Sexcentésimo
DCC 700 Setecentos Septingentésimo
DCCC 800 Oitocentos Octingentésimo
CM 900 Novecentos Noningentésimo
M 1000 mil Milésimo Milésimo

Exercício.

1. Nas frases abaixo, coloque dentro dos parênteses, a letra que indica a classificação das palavras em negrito:

  1. numeral cardinal           b. numeral ordinal        c. numeral multiplicativo
  2. numeral fracionário      e. numeral coletivo

1. (   ) José chegou ao aeroporto, duas horas depois de o avião ter decolado.

2. (   ) Consegui a vigésima terceira classificação no concurso de contos da escola.

3. (   ) Ainda resta metade da torta.

4. (   ) Ele trabalhou o dobro do que havia planejado.

5. (   ) Recebi um doze avos do meu salário.

6. (   ) Ele recebeu dois terços da herança paterna.

7. (   ) Vendi duas dúzias de ovos.

2. Escreva, por extenso, o número ou as expressões dadas entre parênteses, empregando os vários tipos de numerais.

a. Só consegui terminar _________________ (1/4) do bordado.

b. Maria trabalhou o _____________ (duas vezes mais) do que trabalhou sua irmã.

c. Apliquei _________________ (3/12) do meu salário na poupança.

d. Comprei o mesmo tecido por ______________ (1/3) do preço que você pagou.

e. Pedi a ele que trouxesse o _________________(1o.) jornal que encontrasse.

f.O padre João convocou os fiéis para rezar a ______________(9).

g. Ganhei duas ________________(12) de rosas.

_________________________________________________________________________________

Gabarito.

Questão 1: 1. a       2. B     3. D       4. C      5. D       6. D        7. E

Questão 2:  a) um quarto

b) dobro

c) três doze avos

d) um terço

e) primeiro

f) novena

g) dúzias

__________________________________________________________________________________

ANEXO C

FLEXÃO DO NUMERAL – Gênero e número

O numeral possui flexão em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Mas, nem todas as formas serão flexionadas. Vejamos:

Numerais cardinais.

Os numerais cardinais um, dois e as centenas a  partir de duzentos variam em gênero, isto é, tem uma forma para o masculino e outra para o feminino:

Um – uma;    dois – duas;   duzentos – duzentas;   novecentos – novecentas

Numerais ordinais.

Variam em gênero e número.

Ex: Os primeiros a chegar foram os noivos.       A vigésima equipe desfilou no estádio.

Voto na segunda zona eleitoral.

Numerais multiplicativos.

São invariáveis quando equivalem a um substantivo.

Ex: Eu ganho o dobro e elas ganham o triplo do salário mínimo.

Mas flexionam-se em gênero e número quando têm o valor de um adjetivo.

Ex: Bebeu doses duplas de veneno.       Pediu copos duplos de laranjada.

Isto acontece, porque o adjetivo sempre concorda com o substantivo em gênero e número.

Numerais fracionários.

Os numerais fracionários concordam em gênero e número com os numerais cardinais quando indicam o número das partes.

Ex: Comprei um quinto e meu irmão dois quintos das novas ações.

Observação:

O uso das palavras meio/meia quando indicarem metade ou fração, vai concordar em gênero com a palavra a que se refere.

Ex:Traga-me três quilos e meio de carne. (meio se refere à metade do quilo)

São meio-dia e meia. (meia se refere à metade da hora)

Numerais coletivos

Flexionam-se apenas em número.

Ex: Tenho uma dezena de lápis.

Comprei duas grosas de borracha.

As novenas são rezadas em todas as paróquias.

Exercícios.

1. Escreva os números por extenso observando o gênero e/ou o número a ser usado:

a) Para prestar queixa, compareçam ao 51o Distrito Policial.

b) Uma inflação de 40% ao mês pode resultar em 1.500% ao ano.

c) O organismo humano começa a degradar-se numa altitude de 6.000 m devido à pequena quantidade de oxigênio no ar.

d) Com ventos a 60 km/h, uma temperatura de -20º C transforma-se em -50º C.

2. Analise o contexto da frase em que a palavra em destaque foi empregada e responda se é artigo indefinido ou numeral.

a) Acabou comprando só um quilo de carne, tão assustado ficou com o preço.

b) Comprou um produto qualquer da cesta básica para doar à campanha.

c) O departamento de vendas precisa de um funcionário bem desinibido.

d) O departamento de vendas precisa apenas de um funcionário.

___________________________________________________________________________________

GABARITO

Questão 1:

a) quinguagésimo primeiro

b) quarenta por cento;  mil e quinhentos por cento

c) seis mil metros

d) sessenta quilômetros  por hora; menos vinte graus centígrados; menos cinqüenta graus centígrados.

Questão 2:

a) numeral

b) artigo indefinido

c) a frase tanto pode estar indicando indefinição como quantificando:

O departamento precisa de um (ou dois) funcionário(s) …..

O departamento precisa de um ( ou vários ) funcionário(s)….

d) numeral

_________________________________________________________________________________

ANEXO D   –   VALORES E EMPREGO DOS NUMERAIS

1. É preciso verificar a ideia expressa na frase para distinguir a classificação da palavra entre substantivo, numeral, adjetivo ou artigo indefinido, pois a forma do numeral pode estar expressando o ser e não a quantidade de seres ou ainda pode estar expressando a qualidade do ser. Veja os exemplos:

. Um e um forma o onze.  (as palavras um e onze são substantivos porque se referem à formação do número)

. Um mais um são dois. (as palavras um e dois são numerais porque expressam quantidade)

. Três vezes três são nove. ( a palavra três e nove são numerais porque expressam quantidade)

. Esta pista parece um oito. (a palavra oito é adjetivo  porque expressa a aparência da pista)

. Este tecido é de primeira qualidade. (a palavra primeira é adjetivo porque expressa uma qualidade do tecido)

. Um menino apareceu todo esfarrapado. (um é artigo indefinido)

2. Os numerais multiplicativos mais usados são o dobro e o triplo. Os demais são substituídos por expressões formadas por um numeral cardinal mais a palavra vezes, embora exista a forma erudita que caiu em desuso.

Ex: O Brasil produz, a cada ano, cinco vezes a quantidade de soja.

O Brasil produz, a cada ano, o quíntuplo de quantidade de soja.

3. Os numerais fracionários possuem formas próprias para duas partes (meio, metade) e três partes (terço). Do quatro até o dez, a forma usada é a mesma dos ordinais (veja a tabela). A partir do onze, são representados por um numeral cardinal mais  a palavra avos.

Ex: Cada mês trabalhado equivale a um doze avos (1/12) do valor do salário.

4. Na designação de papas, soberanos, séculos, partes em que se divide uma obra, usamos os números representados pelos algarismos romanos.

Ex: Papa João XXIII,  século XVIII, capítulo XII, Rei Henrique VIII, Dom Pedro I.

Quando falarmos essas representações, vamos usar os ordinais até décimo e daí, por diante, os cardinais, sempre que o numeral vier depois do substantivo:

Papa João XXII, (vinte e três);      século XX (vinte);    Rei Henrique VIII (oitavo)      Dom Pedro I (primeiro)

Se o numeral vier antes do substantivo, usaremos a forma ordinal:

Ex: 20o. século – vigésimo século       11o. capítulo – décimo primeiro capítulo

5. Nas referências aos dias do mês, usamos os cardinais. Apenas na designação do primeiro dia do mês, é que usamos o numeral ordinal. E na indicação dos anos e horas do dia, também empregamos os cardinais. Ao lermos ou escrevermos numerais cardinais, devemos acrescentar a palavra “e” entre as centenas e as dezenas e entre estas e a unidade.

Ex: Foi no dia 1o.  de maio que teve a ideia genial . ( dia primeiro de maio)

A independência do Brasil aconteceu no dia 7 de setembro 1822. (sete de setembro de  mil oitocentos e vinte e dois).

Ele chegou exatamente às 20 horas. (vinte horas)

Exercícios.

1. Escreva os números por extenso, colocando os substantivos no plural. Flexione os numerais quando for o caso.

a)     3 pão ______________________________

b)     12 porco____________________________

c)     14 papel ____________________________

d)     660 grama __________________________

e)     1.001 razão _________________________

f)      2.222 mulher _________________________

2. Escreva por extenso os numeras cardinais indicados entre parênteses:

a) Ato (3) ___________________________________

b) Capítulo (11) _______________________________

c) Luís (14) __________________________________

d) Século (19) ________________________________

e) São (3)__________horas do dia (24) ______________ de setembro de(1956) ____________________

f) Brasília festejou seu (50) __________________ aniversário de fundação.

_________________________________________________________________________________

Gabarito.

Questão 1.

A) três pães

b) doze porcos

c) quatorze papéis

d) seiscentos e sessenta gramas

e) mil e uma razões

f) duas mil, duzentas e vinte e duas mulheres

Questão 2.

A) ato terceiro

b) capítulo onze

c) Luis quatorze

d) século dezenove

e) ao três horas do dia vinte e quatro de setembro de mil, novecentos e cinquenta e seis.

f)  Brasília festejou seu quinquagésimo aniversário de fundação.

___________________________________________________________________________________

AUTO-AVALIAÇÃO

1. Nas frases abaixo, coloque dentro dos parênteses, a letra que indica a classificação das palavras em negrito:

  1. numeral cardinal
  2. numeral ordinal
  3. numeral multiplicativo
  4. numeral fracionário
  5. numeral coletivo

1. (   ) José chegou ao aeroporto, duas horas depois de o avião ter decolado.

2. (   ) Consegui a vigésima terceira classificação no concurso de contos da escola.

3. (   ) Ainda resta metade da torta.

4. (   ) Ele trabalhou o dobro do que havia planejado.

5. (   ) Recebi um doze avos do meu salário.

6. (   ) Ele recebeu dois terços da herança paterna.

7. (   ) Vendi duas dúzias de ovos.

2. Escreva, por extenso, o número ou as expressões dadas entre parênteses, empregando os vários tipos de numerais.

a. Só consegui terminar _________________ (1/4) do bordado.

b. Maria trabalhou o _____________ (duas vezes mais) do que trabalhou sua irmã.

c. Apliquei _________________ (3/12) do meu salário na poupança.

d. Comprei o mesmo tecido por ______________ (1/3) do preço que você pagou.

e. Pedi a ele que trouxesse o _________________(1o.) jornal que encontrasse.

f. O padre João convocou os fiéis para rezar a ______________(9).

g. Ganhei duas ________________(12) de rosas.

3. Escreva os números por extenso observando o gênero e/ou o número a ser usado:

a) Para prestar queixa, compareçam ao 51o Distrito Policial.

b) Uma inflação de 40% ao mês pode resultar em 1.500% ao ano.

c) O organismo humano começa a degradar-se numa altitude de 6.000 m devido à pequena quantidade de oxigênio no ar.

d) Com ventos a 60 km/h, uma temperatura de -20º C transforma-se em -50º C.

4. Analise o contexto da frase em que a palavra em destaque foi empregada e responda se é artigo indefinido ou numeral.

a) Acabou comprando só um quilo de carne, tão assustado ficou com o preço.

b) Comprou um produto qualquer da cesta básica para doar à campanha.

c) O departamento de vendas precisa de um funcionário bem desinibido.

d) O departamento de vendas precisa apenas de um funcionário.

5. Escreva os números por extenso, colocando os substantivos no plural. Flexione os numerais quando for o caso.

a)     3 pão ______________________________

b)     12 porco____________________________

c)     14 papel ____________________________

d)     660 grama __________________________

e)     1.001 razão _________________________

f)      2.222 mulher _________________________

6. Escreva por extenso os numerais cardinais indicados entre parênteses:

a) Ato (3) ___________________________________

b) Capítulo (11) _______________________________

c) Luís (14) __________________________________

d) Século (19) ________________________________

e) São (3)__________horas do dia (24) ______________ de setembro de(1956) ____________________

f) Brasília festejou seu (50) __________________ aniversário de fundação.

__________________________________________________________________________________

GABARITO

Atribua, para cada resposta correta, o valor de 2,5 pontos. Você deverá obter 80 pontos para ser considerado aprovado neste assunto.

Questão 1: 1. a       2. B     3. D       4. C      5. D       6. D        7. E

Questão 2:

a) um quarto

b) dobro

c) três doze avos

d) um terço

e) primeiro

f) novena

g) dúzias

Questão 3:

a) quinguagésimo primeiro

b) quarenta por cento;  mil e quinhentos por cento

c) seis mil metros

d) sessenta quilômetros  por hora; menos vinte graus centígrados; menos cinqüenta graus centígrados.

Questão 4:

a) numeral

b) artigo indefinido

c) a frase tanto pode estar indicando indefinição como quantificando:

O departamento precisa de um (ou dois) funcionários …..

O departamento precisa de um ( ou vários ) funcionários….

d) numeral

Questão 5.

A) três pães

b) doze porcos

c) quatorze papéis

d) seiscentos e sessenta gramas

e) mil e uma razões

f) duas mil, duzentas e vinte e duas mulheres

Questão 6.

A) ato terceiro

b) capítulo onze

c) Luis quatorze

d) século dezenove

e) ao três horas do dia vinte e quatro de setembro de mil, novecentos e cinquenta e seis.

f)  Brasília festejou seu quinquagésimo aniversário de fundação.

_________________________________________________________________________________

PARA LER E REFLETIR.

FLORES E VINHETAS DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO

(SILVA, Deonísio da. A Língua Nossa de Cada Dia, 1a. Edição, Editora Novo Século, 2007, Osasco, SP.)

Nossa língua portuguesa foi concebida em célebre poema de Olavo Bilac como a “última flor do Lácio, inculta e bela” e “ouro nativo”, além de “esplendor e sepultura”.

Em certa Bienal do Livro, no Rio, os organizadores puseram frente ao distinto público de um Café Literário, Reinaldo Pimenta, Pasquale Cipro Neto, Sérgio Nogueira e este que lhes escreve. Tivemos todos um agradável convívio, à entrada e à saída dos debates, o que, convenhamos, não é muito usual entre intelectuais e professores.

Embora nosso preparo físico fosse ligeiramente superior ao dos ministros do presidente Lula, alguns dos quais marcam passo e dão maus passes nas peladas do paço, foi-nos providenciado um veículo pequeno que vem substituindo a maca nos campos de futebol e em recintos reservados a eventos, como era o caso.

Ainda assim, pareceu-me que já chegávamos estropiados, precisando de maca, palavra de origem controversa, provavelmente com raízes no baixo alemão Hangmat, que na língua culta equivaleria a Hängematte, tapete suspenso. Fez escala no espanhol hamaca, rede estendida entre duas árvores.Tendo servido de cama, passou depois a ser utilizada como veículo para transporte de doentes e feridos. Nos países tropicais, a maca é a liteira dos pobres. É muito conhecida nos campos de futebol, servindo para retirar o atleta que, machucado, não pode locomover-se por seus próprios meios. Jogadores fingidos, quando postos sobre a maca motorizada, parecem à beira da morte. Uma vez retirados do gramado, saltitam alegremente, pois foram curados no trajeto. Pois nós também saltamos, recebemos alta daquela ambulância  e fomos ao trabalho.

Nosso tema era a origem de palavras e de expressões que se consolidaram de tal modo em nossa língua, a ponto de algumas delas servirem de vinhetas na imprensa, de que é exemplo o famoso verso “última flor do Lácio, inculta e bela”. As vinhetas são assim chamadas porque os monges medievais enfeitavam seus escritos com desenhos de folhas e de cachos de videiras. No latim, videira é vinea. No Francês, filho do latim, vinea tornou-se vigne. E a pequena vigne, vignette, que se tornou vinheta, no português. As vinhetas, antes de migrar para a escrita, estavam em móveis e louças, onde aliás, ainda permanecem.

Os leitores, repartidos, detestam ou veneram Olavo Bilac. Integro o segundo lote. Textos de pouca ou nenhuma isenção ideológica lembram com surpreendente obsessão que o conhecido escritor brasileiro inventou o livro didático e o serviço militar, ambos obrigatórios, ainda que o segundo apenas para homens. Mais cívicos, outros lembram que é autor de nosso Hino à Bandeira. A Bíblia já avisou que o justo sofre na boca dos ímpios. Mas os tempos mudam e quem hoje é ímpio, amanhã pode ser considerado justo e vice-versa. De todo modo, ímpios hodiernos, quando se referem a Olavo Bilac, dão-no apenas como o autor do primeiro desastre de automóvel no Brasil.

E eis um caminho que se bifurca. Desastre veio do provençal antigo, desastre, passando pelo francês désastre e pelo italiano disastro. Em todas as línguas citadas, designava originalmente desvio de rota do astro ou “contra os astros”, dada a enorme influência da astrologia em tempos remotos. Os antigos pensavam que as grandes desgraças e calamidades decorriam de desordens entre os astros, impedidos momentaneamente de zelar pelas coisas terrestres. E não recolhiam impostos para tais proteções. É, mas não vivemos no Céu. Vivemos na Terra. E aqui há impostos e desastres. Não deixa, porém, de ser poética a designação de desastre.

Uma curiosidade marca o primeiro deles no  Brasil, envolvendo dois escritores: o poeta Olavo Bilac pediu emprestado o automóvel de José do Patrocínio e destruiu o carro do célebre orador abolicionista numa batida antológica. Ora, o chofer barbeiro – chofer passou a motorista – era poeta dos bons e seu nome completo formava um dodecassílabo, também chamado alexandrino: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. E a última flor é a língua portuguesa, a última das filhas do latim. É inculta por descuido de seus filhos, mas é bela porque todos reconhecem a delicadeza de suas expressões, principalmente na fala, dadas as contribuições que recebeu dos novos falantes de além-mar, no Brasil, como na África e na Ásia.

A região do Lácio, localizada às margens do mar Tirreno, na Itália, foi subjugada pelos romanos no século IV a.C. Uma boa mostra de quanto a última flor do Lácio continua inculta são os programas apresentados no rádio e na televisão durante o horário eleitoral gratuito, no varejo e no atacado. E outros exemplos – no caso, maus exemplos – procedem de muitos de nossos parlamentares, desde há alguns anos cada vez mais expostos em programas de televisão de responsabilidade de assembléias estaduais e de câmaras de vereadores.

E principalmente na TV Senado! Não será o caso de estipular algum tipo de sanção para a falta de decoro no trato com o instrumento por excelência do exercício de suas funções? Afinal, além de maltratar a língua-mãe, cometendo crimes de lesa-língua, fazem isso impunemente, em nome de milhões de brasileiros, a quem representam no parlamento.

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