ROTEIRO Nº 19
1 – TEMA: Noções de Morfologia. Numeral: cardinal, ordinal, multiplicativo, fracionário. Flexão em gênero e número. Emprego dos numerais.
2 – PRÉ-REQUISITO: Ler com compreensão.
3 – META: Este roteiro foi elaborado com o objetivo de proporcionar condições de aprendizagem sobre o uso dos numerais em Português.
4 – PRÉ-AVALIAÇÃO: O objetivo da pré-avaliação é diagnosticar o quanto se tem conhecimento de um assunto. Para isso, basta que você responda à Auto-avaliação que está no final deste Roteiro, antes de ler qualquer texto existente nele. Se você alcançar um resultado igual ou superior a 80 pontos, não precisa estudar o assunto, pois você já o domina suficientemente. Caso contrário, vá direto para as Atividades de Estudo.
5 – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com entendimento é pré-requisito para se aprender qualquer coisa através da leitura. Por isso, leia o texto do anexo A para treinar sua interpretação. Embora a leitura dos anexos em si seja também interpretação de texto, ela é voltada para uma finalidade mais específica que é a aprendizagem dos conceitos gramaticais. O texto do Anexo A é mais genérico e serve de treinamento para a compreensão geral da língua. Portanto, faça o seguinte:
a) Tenha um dicionário de Português ao seu alcance, para consultá-lo sobre as palavras que você desconhece o significado;
b) Procure um lugar sossegado para os textos e fazer os exercícios;
c) Leia primeiro o texto; faça em seguida os exercícios; compare suas respostas com o gabarito e veja o que errou; retorne ao texto para verificar o porquê do erro.
6 – PÓS-AVALIAÇÃO: Apos ter feito o estudo dos textos e os exercícios, responda às questões propostas na Auto-avaliação. Creio que você agora, acertará todas. Caso isso não aconteça, consulte as orientações dadas nas Atividades Suplementares.
7 – ATIVIDADES SUPLEMENTARES: Se você não conseguiu alcançar 80 pontos na Pós-avaliação, volte à leitura dos textos, agora com mais atenção. Sem pressa. A leitura com compreensão é a base da aprendizagem.
____________________________________________________________________________________
ANEXO A – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
O ÚLTIMO A ENTRAR
Só são permitidos seis em pé; como é que já haviam entrado sete naquele ônibus de fim de linha em West Hampstead? É que o trocador não tinha visto.
O chofer viu, no momento de dar partida:
– Tem um sobrando aí atrás.
E não deu partida. O trocador contou os passageiro em pé: é verdade, estava sobrando um. Qual? Naturalmente o que entrara por último.
– Quem é que entrou por último?
O diabo é que haviam entrado todos praticamente ao mesmo tempo.
– Um dos senhores tem que descer.
Cada um olhou para os demais, esperando que alguém se voluntariasse. Ninguém se mexeu.
– Como é? Alguém tem de sair.
O chofer veio de lá, em auxílio do colega. Fez uma preleção sobre o cumprimento da lei, ninguém se comoveu.
– Vamos chamar um guarda – sugeriu ao trocador.
Saíram do ônibus, cada um para o seu lado, à procura de um guarda.
Um velhinho, alheio ao impasse, entrou muito lépido no ônibus, aumentando para oito o número de passageiros em pé. Em pouco voltava o chofer, acompanhado de um guarda. O guarda foi logo impondo respeito:
– Salte o último a entrar.
O bom velhinho não vacilou: com autoridade não se brinca. Sem querer saber por que, do jeito que entrou, tornou a sair. O chofer, secundando com um olhar vitorioso a decisiva atuação do guarda, foi se aboletar de novo ao volante. Não sem uma última olhada pelo espelhinho sobre os passageiros em pé: um dois, três, quatro, cinco, seis, ué, que história é essa? Continuavam sendo sete?
– Ainda tem um sobrando.
E veio de lá, disposto a conferir. Não tinha dúvida: voltaram a ser sete.
– Um vai ter que sair.
Os passageiros continuaram firmes – cada um plenamente de acordo, desde que fosse outro a sair. Um deles, já irritado, e por estar mais perto da porta, cometeu a imprudência de deixar o ônibus para buscar de novo o guarda, que já ia longe. Os outros sugeriram ao chofer:
– Aproveita agora. Só tem seis, toca o ônibus.
Faltava o trocador, que ainda não havia voltado. O chofer convocou às pressas outro trocador nas imediações, que a companhia costumava deixar de plantão no fim da linha:
– Entra aí e vamos embora, que já estou atrasado.
O novo trocador assumiu o posto, e quando o ônibus já ia arrancando, deu com o velhinho ali firme junto ao poste:
– E o senhor?
– Esperando ônibus.
– Então entre.
O velhinho entrou, o ônibus partiu.
(SABINO, Fernando. A inglesa deslumbrada. 3a. Edição. Rio de Janeiro, Editora Sabiá, 1969)
Com base no texto, responda às questões:
1. A situação descrita passa-se dentro de quê e onde?
a. ( ) avião, num aeroporto francês b. ( ) metrô, na cidade de São Paulo
c. ( ) ônibus, numa estação rodoviária na Inglaterra d. ( ) transatlântico, num cais de porto na Itália.
2. Havia uma determinação sobre a quantidade de passageiros que podiam viajar em pé e alguém percebeu que havia excesso. Quantos podiam viajar em pé e quem percebeu o excesso? ________________
3. Mesmo ouvindo a ordem de descer, nenhum dos sete passageiros em pé, se mexeu, pois:
a. ( ) todos entraram juntos no ônibus b. ( ) o guarda ainda não havia chegado
c. ( ) o chofer não tinha feito sua preleção d. ( ) cada um esperava que o outro saísse
4. Como ninguém resolvesse desembarcar, surgiu a ideia de chamar um guarda. Quem teve essa ideia? __
5. Quando o guarda ordenou que descesse o último a entrar, foi logo atendido. Isso resolveu o problema?
( )sim ( ) não Por quê?______________________________________________________________
6. Quando o ônibus finalmente partiu, estava de acordo com a determinação legal? ( ) sim ( ) não
Por quê? ___________________________________________________________________________
7. Qual teria sido a intenção do autor ao narrar essa história?
a. ( ) Demonstrar que sempre há alguém desrespeitando as leis.
b. ( ) Os ônibus sempre trafegam com excesso de passageiros.
c. ( ) Na Inglaterra, as leis são respeitadas por todos.
d. ( ) Os idosos têm sempre prioridade e por isso é permitido não cumprir a lei.
8. Marque a frase cuja palavra “linha” tem o mesmo significado da usada no texto: “… haviam entrado sete naquele ônibus de fim de linha…” (par. 1).
a. ( ) O ônibus ficou parado ali no fim da linha.
b. ( ) Pode confiar nele, pois é pessoa de linha.
c. ( ) Quero que plantem essas árvores em linha.
d. ( ) A linha era muito grossa, por isso não entrava no buraco da agulha.
9. Preencha as lacunas com as palavras comprimento ou cumprimento, de acordo com o sentido a ser empregado:
a. “Seu” guarda, o _______________ da linha é enorme.
b. E a empresa exige o _________________ do horário?
c. É só atrasar ou adiantar que vem bronca deste _________________
d. E os passageiros? Sabem que estão sujeitos ao _____________ da lei?
e. Se não sabem, com o senhor lá, vai haver o ________________imediato.
f. E não vai me comover o _____________ da fila. Lei é lei.
__________________________________________________________________________________
GABARITO:
- c
- Só seis pessoas podiam viajar em pé e quem percebeu o excesso foi o motorista do ônibus.
- D
- O trocador
- Não. Porque o numero de passageiros em pé ainda excedia ao número permitido
- Não. Porque o novo trocador convidou o velhinho para embarcar, havendo de novo sete passageiros em pé.
- A
- A
- a) comprimento b) cumprimento c) comprimento d) cumprimento e) cumprimento f) comprimento
__________________________________________________________________________________
ANEXO B – O NUMERAL
No texto que acabamos de ler há uma situação que envolve números, quantidade.
Conta uma antiga história que um certo pastor, para saber a quantidade de ovelhas que possuía, colocava dentro de um saco, uma pedrinha para cada ovelha do seu rebanho. Ao recolhê-las, no final do dia, conferia as ovelhas: para cada ovelha que passasse para dentro do cercado, ele separava uma pedrinha. Mas quando o seu rebanho cresceu muito, ficou impossível, para ele, carregar as pedrinhas que representavam a quantidade de ovelhas, porque o saco ficou muito pesado. E ele começou a pensar em uma nova forma de saber quantas ovelhas tinha, sem ter que carregar tantas pedras. Foi aí que nasceu a representação gráfica dos números;, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, cujo sistema foi sendo aperfeiçoado à medida que o homem foi descobrindo a necessidade de representar as quantidades numéricas maiores.
Em Português, temos uma classe de palavras que indica quantidade, ordem, fração ou multiplicação. É o numeral.
NUMERAL – é a palavra que encerra ideia de número.
No texto, há menção da ideia de número, quantidade. Veja:
Só são permitidos seis em pé.
Tem um sobrando aí atrás.
… aumentando para oito o número de passageiros.
Em Português, são quatro as classificações das palavras que dão ideia de números:
Numeral cardinal – é a palavra que indica a quantidade exata de seres.
Ex: Os garotos pediram quatro copos de refresco.
O chofer do ônibus contou os passageiros:, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete…
Numeral ordinal – é a palavra que indica a localização numa determinada ordem dos seres.
Ex: José conseguiu o primeiro lugar no concurso vestibular.
A Língua Portuguesa é a quinta língua mais falada no mundo.
Numeral multiplicativo – é a palavra que indica multiplicidade dos seres.
Ex: Tenho o dobro da sua idade.
O preço dos alimentos aumentou o triplo por causa do inverno rigoroso.
Numeral fracionário – é a palavra que dá ideia de fração, parte de um todo.
Ex: Já pagamos dois terços da dívida.
O numeral ainda pode expressar a ideia de coleção, fato esse que alguns gramáticos (Celso Ferreira Cunha) apresentam uma quinta classificação: o numeral coletivo.
Ex: grosa – 144 unidades Novena – 9 dias Dezena – 10 unidades Dúzia – 12 unidades
Lustro – 5 anos centena – cem unidades Década – dez anos
A seguir damos um quadro com os numerais correspondentes à representação gráfica dos números (algarismos).
algarismos | cardinais | ordinais | Multipli-
cativos |
Fracionários | |
romanos | Arábicos | ||||
I | 1 | Um | primeiro | – | – |
II | 2 | Dois | Segundo | dobro/duplo | Meio, metade |
III | 3 | Três | Terceiro | Triplo | Terço |
IV | 4 | Quatro | Quarto | Quádruplo | quarto |
I | 5 | Cinco | Quinto | Quíntuplo | Quinto |
VI | 6 | Seis | Sexto | Sêxtuplo | Sexto |
VII | 7 | Sete | Sétimo | Séptuplo | sétimo |
VIII | 8 | Oito | Oitavo | Óctuplo | Oitavo |
IX | 9 | Nove | Nono | Nônuplo | Nono |
X | 10 | Dez | Décimo | Décuplo | décimo |
XI | 11 | Onze | Décimo primeiro | Undécuplo | Onze avos |
XII | 12 | Doze | Décimo segundo | Duodécuplo | Doze avos |
XIII | 13 | Treze | Décimo terceiro | ||
XIV | 14 | Quatorze | Décimo quarto | ||
XV | 15 | Quinze | Décimo quinto | ||
XVI | 16 | Dezesseis | Décimo sexto | ||
XVII | 17 | Dezessete | Décimo sétimo | ||
XVIII | 18 | Dezoito | Décimo oitavo | ||
XIX | 19 | Dezenove | Décimo nono | ||
XX | 20 | Vinte | Vigésimo | ||
XXX | 30 | trinta | Trigésimo | ||
XL | 40 | Quarenta | Quadragésimo | ||
L | 50 | Cinquenta | Quinquagésimo | ||
LX | 60 | Sessenta | Sexagésimo | ||
LXX | 70 | Setenta | Septuagésimo | ||
LXXX | 80 | Oitenta | Octogésimo | ||
XC | 90 | Noventa | Nonagésimo | ||
C | 100 | Cem | centésimo | Cêntuplo | Centésimo |
CC | 200 | Duzentos | Ducentésimo | ||
CCC | 300 | trezentos | trecentésimo | ||
CD | 400 | Quatrocentos | Quadringentésimo | ||
D | 500 | Quinhentos | Quingentésimo | ||
DC | 600 | Seiscentos | Sexcentésimo | ||
DCC | 700 | Setecentos | Septingentésimo | ||
DCCC | 800 | Oitocentos | Octingentésimo | ||
CM | 900 | Novecentos | Noningentésimo | ||
M | 1000 | mil | Milésimo | Milésimo |
Exercício.
1. Nas frases abaixo, coloque dentro dos parênteses, a letra que indica a classificação das palavras em negrito:
- numeral cardinal b. numeral ordinal c. numeral multiplicativo
- numeral fracionário e. numeral coletivo
1. ( ) José chegou ao aeroporto, duas horas depois de o avião ter decolado.
2. ( ) Consegui a vigésima terceira classificação no concurso de contos da escola.
3. ( ) Ainda resta metade da torta.
4. ( ) Ele trabalhou o dobro do que havia planejado.
5. ( ) Recebi um doze avos do meu salário.
6. ( ) Ele recebeu dois terços da herança paterna.
7. ( ) Vendi duas dúzias de ovos.
2. Escreva, por extenso, o número ou as expressões dadas entre parênteses, empregando os vários tipos de numerais.
a. Só consegui terminar _________________ (1/4) do bordado.
b. Maria trabalhou o _____________ (duas vezes mais) do que trabalhou sua irmã.
c. Apliquei _________________ (3/12) do meu salário na poupança.
d. Comprei o mesmo tecido por ______________ (1/3) do preço que você pagou.
e. Pedi a ele que trouxesse o _________________(1o.) jornal que encontrasse.
f.O padre João convocou os fiéis para rezar a ______________(9).
g. Ganhei duas ________________(12) de rosas.
_________________________________________________________________________________
Gabarito.
Questão 1: 1. a 2. B 3. D 4. C 5. D 6. D 7. E
Questão 2: a) um quarto
b) dobro
c) três doze avos
d) um terço
e) primeiro
f) novena
g) dúzias
__________________________________________________________________________________
ANEXO C
FLEXÃO DO NUMERAL – Gênero e número
O numeral possui flexão em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Mas, nem todas as formas serão flexionadas. Vejamos:
Numerais cardinais.
Os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir de duzentos variam em gênero, isto é, tem uma forma para o masculino e outra para o feminino:
Um – uma; dois – duas; duzentos – duzentas; novecentos – novecentas
Numerais ordinais.
Variam em gênero e número.
Ex: Os primeiros a chegar foram os noivos. A vigésima equipe desfilou no estádio.
Voto na segunda zona eleitoral.
Numerais multiplicativos.
São invariáveis quando equivalem a um substantivo.
Ex: Eu ganho o dobro e elas ganham o triplo do salário mínimo.
Mas flexionam-se em gênero e número quando têm o valor de um adjetivo.
Ex: Bebeu doses duplas de veneno. Pediu copos duplos de laranjada.
Isto acontece, porque o adjetivo sempre concorda com o substantivo em gênero e número.
Numerais fracionários.
Os numerais fracionários concordam em gênero e número com os numerais cardinais quando indicam o número das partes.
Ex: Comprei um quinto e meu irmão dois quintos das novas ações.
Observação:
O uso das palavras meio/meia quando indicarem metade ou fração, vai concordar em gênero com a palavra a que se refere.
Ex:Traga-me três quilos e meio de carne. (meio se refere à metade do quilo)
São meio-dia e meia. (meia se refere à metade da hora)
Numerais coletivos
Flexionam-se apenas em número.
Ex: Tenho uma dezena de lápis.
Comprei duas grosas de borracha.
As novenas são rezadas em todas as paróquias.
Exercícios.
1. Escreva os números por extenso observando o gênero e/ou o número a ser usado:
a) Para prestar queixa, compareçam ao 51o Distrito Policial.
b) Uma inflação de 40% ao mês pode resultar em 1.500% ao ano.
c) O organismo humano começa a degradar-se numa altitude de 6.000 m devido à pequena quantidade de oxigênio no ar.
d) Com ventos a 60 km/h, uma temperatura de -20º C transforma-se em -50º C.
2. Analise o contexto da frase em que a palavra em destaque foi empregada e responda se é artigo indefinido ou numeral.
a) Acabou comprando só um quilo de carne, tão assustado ficou com o preço.
b) Comprou um produto qualquer da cesta básica para doar à campanha.
c) O departamento de vendas precisa de um funcionário bem desinibido.
d) O departamento de vendas precisa apenas de um funcionário.
___________________________________________________________________________________
GABARITO
Questão 1:
a) quinguagésimo primeiro
b) quarenta por cento; mil e quinhentos por cento
c) seis mil metros
d) sessenta quilômetros por hora; menos vinte graus centígrados; menos cinqüenta graus centígrados.
Questão 2:
a) numeral
b) artigo indefinido
c) a frase tanto pode estar indicando indefinição como quantificando:
O departamento precisa de um (ou dois) funcionário(s) …..
O departamento precisa de um ( ou vários ) funcionário(s)….
d) numeral
_________________________________________________________________________________
ANEXO D – VALORES E EMPREGO DOS NUMERAIS
1. É preciso verificar a ideia expressa na frase para distinguir a classificação da palavra entre substantivo, numeral, adjetivo ou artigo indefinido, pois a forma do numeral pode estar expressando o ser e não a quantidade de seres ou ainda pode estar expressando a qualidade do ser. Veja os exemplos:
. Um e um forma o onze. (as palavras um e onze são substantivos porque se referem à formação do número)
. Um mais um são dois. (as palavras um e dois são numerais porque expressam quantidade)
. Três vezes três são nove. ( a palavra três e nove são numerais porque expressam quantidade)
. Esta pista parece um oito. (a palavra oito é adjetivo porque expressa a aparência da pista)
. Este tecido é de primeira qualidade. (a palavra primeira é adjetivo porque expressa uma qualidade do tecido)
. Um menino apareceu todo esfarrapado. (um é artigo indefinido)
2. Os numerais multiplicativos mais usados são o dobro e o triplo. Os demais são substituídos por expressões formadas por um numeral cardinal mais a palavra vezes, embora exista a forma erudita que caiu em desuso.
Ex: O Brasil produz, a cada ano, cinco vezes a quantidade de soja.
O Brasil produz, a cada ano, o quíntuplo de quantidade de soja.
3. Os numerais fracionários possuem formas próprias para duas partes (meio, metade) e três partes (terço). Do quatro até o dez, a forma usada é a mesma dos ordinais (veja a tabela). A partir do onze, são representados por um numeral cardinal mais a palavra avos.
Ex: Cada mês trabalhado equivale a um doze avos (1/12) do valor do salário.
4. Na designação de papas, soberanos, séculos, partes em que se divide uma obra, usamos os números representados pelos algarismos romanos.
Ex: Papa João XXIII, século XVIII, capítulo XII, Rei Henrique VIII, Dom Pedro I.
Quando falarmos essas representações, vamos usar os ordinais até décimo e daí, por diante, os cardinais, sempre que o numeral vier depois do substantivo:
Papa João XXII, (vinte e três); século XX (vinte); Rei Henrique VIII (oitavo) Dom Pedro I (primeiro)
Se o numeral vier antes do substantivo, usaremos a forma ordinal:
Ex: 20o. século – vigésimo século 11o. capítulo – décimo primeiro capítulo
5. Nas referências aos dias do mês, usamos os cardinais. Apenas na designação do primeiro dia do mês, é que usamos o numeral ordinal. E na indicação dos anos e horas do dia, também empregamos os cardinais. Ao lermos ou escrevermos numerais cardinais, devemos acrescentar a palavra “e” entre as centenas e as dezenas e entre estas e a unidade.
Ex: Foi no dia 1o. de maio que teve a ideia genial . ( dia primeiro de maio)
A independência do Brasil aconteceu no dia 7 de setembro 1822. (sete de setembro de mil oitocentos e vinte e dois).
Ele chegou exatamente às 20 horas. (vinte horas)
Exercícios.
1. Escreva os números por extenso, colocando os substantivos no plural. Flexione os numerais quando for o caso.
a) 3 pão ______________________________
b) 12 porco____________________________
c) 14 papel ____________________________
d) 660 grama __________________________
e) 1.001 razão _________________________
f) 2.222 mulher _________________________
2. Escreva por extenso os numeras cardinais indicados entre parênteses:
a) Ato (3) ___________________________________
b) Capítulo (11) _______________________________
c) Luís (14) __________________________________
d) Século (19) ________________________________
e) São (3)__________horas do dia (24) ______________ de setembro de(1956) ____________________
f) Brasília festejou seu (50) __________________ aniversário de fundação.
_________________________________________________________________________________
Gabarito.
Questão 1.
A) três pães
b) doze porcos
c) quatorze papéis
d) seiscentos e sessenta gramas
e) mil e uma razões
f) duas mil, duzentas e vinte e duas mulheres
Questão 2.
A) ato terceiro
b) capítulo onze
c) Luis quatorze
d) século dezenove
e) ao três horas do dia vinte e quatro de setembro de mil, novecentos e cinquenta e seis.
f) Brasília festejou seu quinquagésimo aniversário de fundação.
___________________________________________________________________________________
AUTO-AVALIAÇÃO
1. Nas frases abaixo, coloque dentro dos parênteses, a letra que indica a classificação das palavras em negrito:
- numeral cardinal
- numeral ordinal
- numeral multiplicativo
- numeral fracionário
- numeral coletivo
1. ( ) José chegou ao aeroporto, duas horas depois de o avião ter decolado.
2. ( ) Consegui a vigésima terceira classificação no concurso de contos da escola.
3. ( ) Ainda resta metade da torta.
4. ( ) Ele trabalhou o dobro do que havia planejado.
5. ( ) Recebi um doze avos do meu salário.
6. ( ) Ele recebeu dois terços da herança paterna.
7. ( ) Vendi duas dúzias de ovos.
2. Escreva, por extenso, o número ou as expressões dadas entre parênteses, empregando os vários tipos de numerais.
a. Só consegui terminar _________________ (1/4) do bordado.
b. Maria trabalhou o _____________ (duas vezes mais) do que trabalhou sua irmã.
c. Apliquei _________________ (3/12) do meu salário na poupança.
d. Comprei o mesmo tecido por ______________ (1/3) do preço que você pagou.
e. Pedi a ele que trouxesse o _________________(1o.) jornal que encontrasse.
f. O padre João convocou os fiéis para rezar a ______________(9).
g. Ganhei duas ________________(12) de rosas.
3. Escreva os números por extenso observando o gênero e/ou o número a ser usado:
a) Para prestar queixa, compareçam ao 51o Distrito Policial.
b) Uma inflação de 40% ao mês pode resultar em 1.500% ao ano.
c) O organismo humano começa a degradar-se numa altitude de 6.000 m devido à pequena quantidade de oxigênio no ar.
d) Com ventos a 60 km/h, uma temperatura de -20º C transforma-se em -50º C.
4. Analise o contexto da frase em que a palavra em destaque foi empregada e responda se é artigo indefinido ou numeral.
a) Acabou comprando só um quilo de carne, tão assustado ficou com o preço.
b) Comprou um produto qualquer da cesta básica para doar à campanha.
c) O departamento de vendas precisa de um funcionário bem desinibido.
d) O departamento de vendas precisa apenas de um funcionário.
5. Escreva os números por extenso, colocando os substantivos no plural. Flexione os numerais quando for o caso.
a) 3 pão ______________________________
b) 12 porco____________________________
c) 14 papel ____________________________
d) 660 grama __________________________
e) 1.001 razão _________________________
f) 2.222 mulher _________________________
6. Escreva por extenso os numerais cardinais indicados entre parênteses:
a) Ato (3) ___________________________________
b) Capítulo (11) _______________________________
c) Luís (14) __________________________________
d) Século (19) ________________________________
e) São (3)__________horas do dia (24) ______________ de setembro de(1956) ____________________
f) Brasília festejou seu (50) __________________ aniversário de fundação.
__________________________________________________________________________________
GABARITO
Atribua, para cada resposta correta, o valor de 2,5 pontos. Você deverá obter 80 pontos para ser considerado aprovado neste assunto.
Questão 1: 1. a 2. B 3. D 4. C 5. D 6. D 7. E
Questão 2:
a) um quarto
b) dobro
c) três doze avos
d) um terço
e) primeiro
f) novena
g) dúzias
Questão 3:
a) quinguagésimo primeiro
b) quarenta por cento; mil e quinhentos por cento
c) seis mil metros
d) sessenta quilômetros por hora; menos vinte graus centígrados; menos cinqüenta graus centígrados.
Questão 4:
a) numeral
b) artigo indefinido
c) a frase tanto pode estar indicando indefinição como quantificando:
O departamento precisa de um (ou dois) funcionários …..
O departamento precisa de um ( ou vários ) funcionários….
d) numeral
Questão 5.
A) três pães
b) doze porcos
c) quatorze papéis
d) seiscentos e sessenta gramas
e) mil e uma razões
f) duas mil, duzentas e vinte e duas mulheres
Questão 6.
A) ato terceiro
b) capítulo onze
c) Luis quatorze
d) século dezenove
e) ao três horas do dia vinte e quatro de setembro de mil, novecentos e cinquenta e seis.
f) Brasília festejou seu quinquagésimo aniversário de fundação.
_________________________________________________________________________________
PARA LER E REFLETIR.
FLORES E VINHETAS DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO
(SILVA, Deonísio da. A Língua Nossa de Cada Dia, 1a. Edição, Editora Novo Século, 2007, Osasco, SP.)
Nossa língua portuguesa foi concebida em célebre poema de Olavo Bilac como a “última flor do Lácio, inculta e bela” e “ouro nativo”, além de “esplendor e sepultura”.
Em certa Bienal do Livro, no Rio, os organizadores puseram frente ao distinto público de um Café Literário, Reinaldo Pimenta, Pasquale Cipro Neto, Sérgio Nogueira e este que lhes escreve. Tivemos todos um agradável convívio, à entrada e à saída dos debates, o que, convenhamos, não é muito usual entre intelectuais e professores.
Embora nosso preparo físico fosse ligeiramente superior ao dos ministros do presidente Lula, alguns dos quais marcam passo e dão maus passes nas peladas do paço, foi-nos providenciado um veículo pequeno que vem substituindo a maca nos campos de futebol e em recintos reservados a eventos, como era o caso.
Ainda assim, pareceu-me que já chegávamos estropiados, precisando de maca, palavra de origem controversa, provavelmente com raízes no baixo alemão Hangmat, que na língua culta equivaleria a Hängematte, tapete suspenso. Fez escala no espanhol hamaca, rede estendida entre duas árvores.Tendo servido de cama, passou depois a ser utilizada como veículo para transporte de doentes e feridos. Nos países tropicais, a maca é a liteira dos pobres. É muito conhecida nos campos de futebol, servindo para retirar o atleta que, machucado, não pode locomover-se por seus próprios meios. Jogadores fingidos, quando postos sobre a maca motorizada, parecem à beira da morte. Uma vez retirados do gramado, saltitam alegremente, pois foram curados no trajeto. Pois nós também saltamos, recebemos alta daquela ambulância e fomos ao trabalho.
Nosso tema era a origem de palavras e de expressões que se consolidaram de tal modo em nossa língua, a ponto de algumas delas servirem de vinhetas na imprensa, de que é exemplo o famoso verso “última flor do Lácio, inculta e bela”. As vinhetas são assim chamadas porque os monges medievais enfeitavam seus escritos com desenhos de folhas e de cachos de videiras. No latim, videira é vinea. No Francês, filho do latim, vinea tornou-se vigne. E a pequena vigne, vignette, que se tornou vinheta, no português. As vinhetas, antes de migrar para a escrita, estavam em móveis e louças, onde aliás, ainda permanecem.
Os leitores, repartidos, detestam ou veneram Olavo Bilac. Integro o segundo lote. Textos de pouca ou nenhuma isenção ideológica lembram com surpreendente obsessão que o conhecido escritor brasileiro inventou o livro didático e o serviço militar, ambos obrigatórios, ainda que o segundo apenas para homens. Mais cívicos, outros lembram que é autor de nosso Hino à Bandeira. A Bíblia já avisou que o justo sofre na boca dos ímpios. Mas os tempos mudam e quem hoje é ímpio, amanhã pode ser considerado justo e vice-versa. De todo modo, ímpios hodiernos, quando se referem a Olavo Bilac, dão-no apenas como o autor do primeiro desastre de automóvel no Brasil.
E eis um caminho que se bifurca. Desastre veio do provençal antigo, desastre, passando pelo francês désastre e pelo italiano disastro. Em todas as línguas citadas, designava originalmente desvio de rota do astro ou “contra os astros”, dada a enorme influência da astrologia em tempos remotos. Os antigos pensavam que as grandes desgraças e calamidades decorriam de desordens entre os astros, impedidos momentaneamente de zelar pelas coisas terrestres. E não recolhiam impostos para tais proteções. É, mas não vivemos no Céu. Vivemos na Terra. E aqui há impostos e desastres. Não deixa, porém, de ser poética a designação de desastre.
Uma curiosidade marca o primeiro deles no Brasil, envolvendo dois escritores: o poeta Olavo Bilac pediu emprestado o automóvel de José do Patrocínio e destruiu o carro do célebre orador abolicionista numa batida antológica. Ora, o chofer barbeiro – chofer passou a motorista – era poeta dos bons e seu nome completo formava um dodecassílabo, também chamado alexandrino: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. E a última flor é a língua portuguesa, a última das filhas do latim. É inculta por descuido de seus filhos, mas é bela porque todos reconhecem a delicadeza de suas expressões, principalmente na fala, dadas as contribuições que recebeu dos novos falantes de além-mar, no Brasil, como na África e na Ásia.
A região do Lácio, localizada às margens do mar Tirreno, na Itália, foi subjugada pelos romanos no século IV a.C. Uma boa mostra de quanto a última flor do Lácio continua inculta são os programas apresentados no rádio e na televisão durante o horário eleitoral gratuito, no varejo e no atacado. E outros exemplos – no caso, maus exemplos – procedem de muitos de nossos parlamentares, desde há alguns anos cada vez mais expostos em programas de televisão de responsabilidade de assembléias estaduais e de câmaras de vereadores.
E principalmente na TV Senado! Não será o caso de estipular algum tipo de sanção para a falta de decoro no trato com o instrumento por excelência do exercício de suas funções? Afinal, além de maltratar a língua-mãe, cometendo crimes de lesa-língua, fazem isso impunemente, em nome de milhões de brasileiros, a quem representam no parlamento.
Muito bom seu artigo. Vou aproveitar e me cadastrar na newsletter. abs!
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Eu posso verdadeiramente dizer que eu nunca li tanta informação útil sobre Tema 19: Nocoes de Morfologia. Numeral: flexao e emprego. « Portugues Irado. Quero expressar minha gratidão ao webmaster deste blog.
Não gostei! Não tem números multiplicativos até 100.
Oh! Lucas! O curso é de Português e não de Matemática.
Muito bom seu material. Vou aproveitá-lo em minha sala de 6ºano. Valeu. Um abraço.
Parabéns pelo excelente texto!
Parabéns! Excelentes explicações e exercícios.