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Minhas Memórias

Minhas Memórias – cap. 32

By 17 February 2020No Comments

32. A AÇÃO DO GOVERNO MILITAR EM RORAIMA

          Apesar de muita gente achar que o período do Governo Militar no Brasil foi de muita perseguição, aqui em Roraima essa repressão não foi sentida pela maioria da população. 

          Primeiro, pelo fato de que ninguém aqui era acostumado a eleger ninguém para governador ou prefeito. Havia apenas eleição para 01 deputado federal nos anos que antecederam o governo militar. E até onde tenho conhecimento, a ação do deputado eleito para a Câmara dos Deputados, em Brasília, não era sentida aqui. Então, ter um deputado ou não representando o Território na Câmara, não fazia muita diferença em termos de ações concretas.

          Os Territórios Federais eram tidos como “filhos” do Governo Federal, que precisavam de ajuda e por isso mesmo não eram considerados “maiores de idade” para se administrarem. Não tinham autonomia política e administrativa. Essa autonomia só aconteceu quando foi promulgada a Constituição de 1988, com o fim do Governo Militar e a criação do Estado de Roraima. E no resto do país, houveram as intervenções, onde os governos eleitos antes do governo militar foram cassados e em seu lugar foram nomeados outros administradores.

          O que eu presenciei em nossa cidade como resultado da ação direta do Governo Militar foi a transformação da cidade e o seu crescimento.

          A cidade, até o início da década de 1970, tinha como limite a av. Major Willians. Além do limite dessa avenida, que era apenas uma rua aberta sem nenhuma pavimentação, só se via o lavrado. Moradores eram raros.

          Foi durante o Governo Militar que a cidade foi dotada de rede de água, esgoto e elétrica. Lembro que as ruas do Centro da cidade ficaram interditadas por causa do trabalho desenvolvido pela CODRASA, que era a empresa contratada pelo Governo para fazer esse trabalho. Também o prédio do Governo, na Praça do Centro Cívico, que por muitos anos ficou dando abrigo à cobras e morcegos, foi concluído.

          O Governo Militar de Brasília criou alguns programas para incentivar a vinda de profissionais do Sul para o Norte. Um deles foi o Projeto Rondon. E foi por causa da ação desse Projeto que muitos médicos, professores, dentistas e advogados vieram morar aqui.

          E se não fosse o objetivo desse Governo em integrar a Amazônia ao resto do Brasil, eu não teria feito um curso superior, uma vez que não tinha recursos financeiros para me deslocar para outra cidade para estudar. E como eu, assim também era a maioria dos meus colegas. Só os filhos dos fazendeiros muito ricos eram que tinham essa possibilidade. Não posso me queixar de um Governo que durante o período em que esteve no poder, deu-me oportunidade de estudar e ainda me contratou para trabalhar. E não foi só isso. A casa (o Brasil) estava muito desarrumada (desgovernada) e precisava de alguém com pulso firme e forte para reorganizá-la. Foi o que os militares fizeram. 

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