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Minhas Memórias

Minhas Memórias – cap. 36

By 20 February 2020No Comments

36. ENFRENTANDO O FURACÃO

          O ano de 1982 foi marcado por situações extremas entre eu e Roberto.

          Hoje, comparo tudo o que vivi até a separação definitiva, como uma tempestade em alto mar, onde as nuvens começaram a se organizar em tempestade (em 1972, aos quatro anos de casamento) para se derramarem em forma de chuva forte com relâmpagos, trovões e raios (em 1982). Comparo tudo isso como um barco em alto mar, enfrentado um furacão. E isso aconteceu em um momento da minha vida em que eu estava mais precisando de carinho e apoio por parte do marido. Tinha nos braços o quarto filho.

          Até então, o relacionamento não estava nem quente, nem frio. Descobri que Roberto havia arranjado uma namorada que tinha mais ou menos uns quinze anos e que morava na mesma rua da nossa casa. E o que era pior: ele não negou isso e ainda me informou que iria embora de casa, pois planejava viver com ela. Esse foi o primeiro raio que caiu na minha cabeça.

          Chorei muito e perguntei quando tencionava fazer isso. Ele me respondeu que faria isso por aqueles dias, o que me levou a implorar que pelo menos esperasse até eu ter a criança, pois iria precisar muito dele durante o período do parto. Precisaria de alguém que me levasse na maternidade e me trouxesse de volta, uma vez que iria me submeter a uma cirurgia. Ele concordou.

          Eu havia contratado o médico obstetra, Dr. Lúcio Távora, o qual faria o parto e aproveitaria para fazer a ligadura de trompas, uma vez que eu não pretendia mais ter filhos.

          Essa decisão do Roberto em abandonar a família aconteceu mais ou menos aos quatro meses da gravidez. Os meses que antecederam o parto foram de muita angústia e dor. Quando descobri que estava grávida e informei isso a Roberto, ele sugeriu que eu fizesse um aborto, o que não aceitei. Até então, eu não sabia do envolvimento dele com a garota. Só depois é que fui entender o porquê da sugestão, o que me deixou mais magoada.

          Afinal, o dia do nascimento da Greice chegou (27.10.1982). E minha cunhada Edna Diniz (na realidade, ela é tia de Roberto) me acompanhou até ao hospital “Coronel Mota”. O parto e a cirurgia de laqueadura das trompas transcorreram sem maiores problemas e voltei para casa.

          Entretanto, no oitavo dia após o parto, tive um sangramento fora do normal. Comecei a ter um fluxo sanguíneo muito grande. Era como se eu tivesse sido cortada profundamente e o sangue era expelido aos borbotões e com muita dor. Edna foi chamada às pressas (ela era enfermeira). O fluxo de sangue era tão grande que tudo parecia rodar em volta de mim, embora eu estivesse deitada.

          A questão era que eu esperava, a qualquer momento, a saída de Roberto, de casa. Essa apreensão emocional levou meu corpo a reagir e a hemorragia pós-parto aconteceu.

          Edna, imediatamente, procurou o médico que havia feito o parto e a cirurgia para receber as instruções para estancar o sangramento. Logo consegui superar essa situação.

          Edna, entretanto, ficou possessa de raiva, pois sabia que tal coisa tinha sido provocada pela decisão do Roberto de abandonar a família, o mais rápido possível. E ela, então, falou duro com ele, dizendo que qualquer coisa que me acontecesse durante o período do resguardo, seria ele o culpado.

          Graças a Deus, nada mais aconteceu para minar a minha saúde física. Mas outras situações ainda iriam acontecer. Somente Deus poderia me socorrer.

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