37. E A TEMPESTADE CONTINUA…
… mas no barco da minha vida estava Deus a guiá-lo.
No final do ano de 1982, não lembro exatamente em que mês, Roberto foi demitido do Banco do Brasil sem direito a indenização. Foi descoberto algumas irregularidades cometidas por ele que culminou com a perda do emprego. Mas, os amigos, principalmente Rubinho (Rubem Bento), o acudiu arranjando-lhe um emprego na CODESAIMA (Companhia de Desenvolvimento de Roraima).
A sua ameaça de abandonar a casa e a família não se concretizou logo, porque agora ele estava sem condições de sobreviver sozinho. O salário que passou a ganhar era menos da metade do que ele ganhava no Banco do Brasil. Mas, isso não o levou a refletir no quanto ele estava errado em relação às suas atitudes e ações como crente e como pai e esposo.
Da minha parte, passei a não confrontá-lo, com brigas ou discussões que eu via que só iam piorar o clima em casa, diante, principalmente, dos nossos filhos. Mas o seu relacionamento com a garota que tinha idade de ser sua filha (nossa filha mais velha tinha 12 anos), continuou. Como nosso relacionamento sexual não mais existia, separamo-nos, dentro de casa. Ele passou a dormir em quarto separado e falávamos apenas o mínimo possível.
Mas eu orava a Deus pedindo uma solução. Pedia a Deus que tocasse em seu coração para que ele se arrependesse e reatasse o nosso relacionamento. O tempo foi passando e eu não via nenhuma mudança de comportamento. Muito pelo contrário! A sua paixão pela garota era tão grande, que ele não mais escondia de ninguém. E isso levou o pai da menina, um dia, a aparecer em nossa casa durante o almoço (certamente o pai sabia que poderia encontrá-lo em casa nessa hora) e aprontou o maior “barraco” diante de toda a família: eu, os filhos, sua mãe. Foi horrível!
Ouvi, estarrecida, as ameaças proferidas pelo pai irado. Deu-me a impressão de que se ele estivesse armado, teria dado um tiro em Roberto. Ele ouviu tudo de cabeça baixa, sem dizer uma só palavra. Também, pudera! Ele ia dizer o quê, para se defender? Mas isso não foi o suficiente para Roberto mudar de atitude. Fiquei sabendo, depois, que o pai mandou a filha morar em Brasília para separá-la desse relacionamento ilícito, mas eles continuaram a se comunicar através de cartas, o que foi detectado pelos familiares da moça.
Depois desse episódio, passei a me questionar se valia a pena esperar que Roberto voltasse a mudar de atitude em relação à sua família e principalmente a mim.
Já se haviam decorrido dez anos desde a primeira situação de infidelidade de Roberto para comigo, e eu, já bastante magoada, não conseguia mais confiar nele.
Paralelo a isso, outros raios seguidos de trovoada e ventania forte foram acontecendo.